AFORISMO 417/A POIÉTICA DAS PALAVRAS, VERSOS, ESTROFES PRES-ENTIFICARÁ A LIBERDADE DO SONHO DE SER# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Candelabro...
Nas asas do tempo, nas penas
das fantasias, imaginações,
no jogo de improvisar,
nas tramóias da criação,
nos trambiques da filosofia,
a chama viva, prolongando-se, prosseguindo-se.
LUZ!
CLARIDADE!
TRANS-PARÊNCIA...
pares de linces do olhar,
con-templando
o que há-de ser....


Ipsis de vazios litter-isando o alvorecer de neblinas, ads-tringências de regências e concordâncias verbalizando a distância invisível, perspectivas de nada, imagens esquecidas, inolvidadas, perscrutando o abismo do tempo, engendrando a fome saber, a sede de sabedoria, nonadas, nonsenses, se ontem houvera de ser o aqui-e-agora, raios incandescentes do sol estariam numinando o uni-verso, mas hoje o céu está por inteiro níveo, ao longe algumas nuvens escuras, hoje não é ontem, o vazio promulga e sacraliza a ausência do eterno, quiçá no crepúsculo, não havendo mais quaisquer resquícios das ipseidades in-auditas do nublamento do tempo, quando nem às custas de pincenez é possível visualizar centímetros além da ponta do nariz,


as trevas iluminam os caminhos,
o "en-soi"-mesmamento sob a neblina in-visibiliza
a poiética do verso-[do]-mundo,
no mais re-côndito in-terstício da alma
o nada espreguiça de tanta inércia,
quiçá sua ec-sistência fosse o prático-inerte,


mas é leitmotiv de todas as dimensões sensíveis para a etern-idade do in-finito, etern-itude do in-finito, inda que ab-surdo, mas


etern-escência do sublime,
alfim a metalinguagem e metalinguística do ser,
que se sonha no sonho litteris
do ipsis-verbo do além,
que se ressona nos ideais retros
do in-fin-itivo de coágulos
de sol,
planeta que a-colhe, re-colhe
o girassol,


dá asas de penas leves ao vôo pelos horizontes na querência e desejância do há-de ser no além das águas - águia do eterno -, fonte originária das passagens de por baixo das pontes, renovando-se, inovando-se, de sendo-em-sendo, abrindo espaço nos chapadões e pampas para o ser do ser na amplidão do mar, quando o azul se comunga com o níveo celeste, e todos os portos das ilusões se pres-[ent]-entificam, a viagem marítima far-se-á plena de glórias e conquistas, a-"sistência" vivenciária e vivencial da ec-esperança plen-ificará, vers-ificará a entrega verbal e re-pres-ent-éticamente sensível e trans-cendental,


veneramos tudo o que é
tranquilo,
frio,
nobre,
longínquo, passado,
pretérito,
outrora,
tudo aquilo cujo aspecto
não obrigue a alma
a defender-se e guarnecer-se,
tudo o que se pode falar,
sem elevar a voz,
tudo o que se pode cantar,
sem desafinar,
tudo o que se pode declamar,
recitar,
sem poetizar,
basta
ouvir-se-lhe
o timbre;
cada espírito tem o seu timbre,
o timbre do estilo,
dá a explicação, a resposta
de que se necessita;


Este mundo está feito,
artificiado,
construído,
burilado,
para os olhos
e
não pode
conceber-se
a felicidade
sem espetáculos, sem festas!...
quando a neblina do alvorecer, "en-soi"-mesmando os verbos defectivos do In-finito, esplende de luzes, palavras e sentidos, símbolos e signos, metáforas e sin-estesias, no soneto do Porto a verdade do anti-ser que etern-inicializa o eidos eidético e kathártico do há-de perpetuar pétalas, imort-inicia as pontes livres de passagem, des-abrochando os élans da etern-idade à soleira das fontes originárias do há-[de]-vir-ser o sublime, a sublim-itude, a sublim-idade do "eu poético" que cria a vida sob os holofotes das esperanças da liberdade em questão, daquele desejo in-descritível do ser no nada, ansiedade in-enarrável nas crônicas do quotidiano, in-expressivel do nada nas bordas das utopias, expressionista vou à labuta outra vez das fantasias, do imaginário das quimeras, a terceira margem das águas virá como ilusão, pedaços do ec-sistir...


A manhã será hoje, hoje será, antes de quaisquer amanhãs, ontem, ontem serão as pers das pectivas da eidética da vida.


Quanto aos resquícios
de situações,
de circunstâncias,
nesta manhã,
do deserto para onde
se retiram
e onde se isolam, exilam-se
os espíritos robustos,
de natureza independente,
quanto dista da idéia
que dele formam
os eruditos,
crio,
a-nuncio,
"re-pres-ento"...


... Vida ...


O perfeito procederá do imperfeito, travessias do nada, paisagens de pectivas retros des-lumbradas, de bordas e fronteiras, jornada de devaneios, quê homérica decepção! -, esvaece-se de antemão às revezes, à supremacia do In-finito, velando e des-velando verdades, inda que sob os questionamentos das futurais dialéticas do absoluto e ab-surdo, segue a trajetória, itinerário poiético e poético das "itudes" da esperança, a última dimensão do perpétuo que pre-figura e con-figura as yalas com a cintilância das estrelas, sin-cronia e harmonia além de todas as divin-idades e divin-eusidades, que sempre é começo na beira do mar, nenhum deus abarca o seu eidos, que tece a morte da vida, vice-versa, com os élans das regências in-fin-itivas e con-cordâncias versais-uni, o pre-núncio da felicidade perfeita, epitáfio do nada nas pre-fundas do esquife de cabeça-ponta devido às vergonhas de não ser o grão de areia no deserto das desejâncias das trans-cendências, suprassumirem as con-ting-ências das contra-dicções entre o dia-bólico e o diá-logo, nonadas do thelos ec-sistencial.


O homem designa-se
a si próprio
como ser que mede valores,
perscruta virtudes,
que aprecia e avalia, investiga
os vestígios
inda residentes no tempo.


Esperança de eternas etern-itudes e etern-idades, esperança do pleno da vida, vice-versa, esperança do verso-uno do Sublime Verbo.


Palavras... Palavras... Palavras...


o "nada" desvaira-se,
pois o efêmero é ponte para ele,
o In-finito,
devaneia-se de tanta "manguaça"
e sai pelos confins dedilhando as cordas
de violão de oitava categoria,
engrola "yesterday"
e seduz a boêmia do vazio, só melancolias, nostalgias,
"Oh, vida!... Oh céus!...",
perdido no espaço.


Palavras... Palavras... Palavras...


Deixemos a prosa com o Nada, é o sábio dela, mas a vida não se resume em prosa, vai muito além disso, o In-finito é o deus da poesia, pois trás em si o silêncio, o deus da linguagem inaudita, o "inconsciente divino".
O In-finito haverá sempre de sussurrar
a canção das Esperanças da Verdade,
vão décadas,
vão séculos,
vão milênios,
e a poiética das palavras, versos, estrofes
pres-ent-ificará a liberdade
do sonho do "Ser",
o prosaico das metáforas, metafísicas,
sin-estesias,
inscreverá nas tábuas do tempo e silêncio,
os brilhos verbais
nos olhos faiscantes
de verdade
inda que a-nunciadas
distantes,
longínquas...


(**RIO DE JANEIRO**, 26 DE NOVEMBRO DE 2017)


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