#AFORISMO 424/INESGOTÁVEL SENTIR O SER# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Herdeiro da nobreza
Nobreza da totalidade de espírito passado,
Perco o remo de outro
Conheço o sentimento inesgotável do Verbo de Ser,
Ser da Alma - Perspectivas, Imagens
Sou Verbo de Mim,
Sou Gratidão de Outro,
Sou murmúrio, clamores do dia
Saber o que sinto!
Saber quem sou!...


Posso acrescentar que a língua não é a única de servir de nonada para o "sim" da vida, existem o toque, o gesto.


O que torno ilusão,
dos sábios poetas, dos poetas sábios,
dentro de um o outro,
vis-à-vis,
vice-versa,
Estando junto, sentindo solidão,
solidão da eternidade
solidão do inesquecível,
solidão da imortalidade,
solidão da sin-thesis
do Verso&Verbo
do Uno...


A vaga se aproxima - aproxima-se lenta, sorrateira, aos compactos de sorrelfas e idílios, aproxima-se com avidez, como se quisesse encontrar alguma coisa, lâminas de devaneios sublimes e puros, encarna-se no desejo de outra entrâncias do inaudito, como se a ec-sistência houvesse sido sentida com a verdade do tempo, haja de ser sarapalha à luz das regências e das estéticas das lembranças, memórias de átimos de segundos plenos de felicidade. Quê terrível pressa faz com que me rasteje até o fundo, o inominável das profundidades de minh´alma, quebro a falta de razão que me habita, sou-lhe peregrino à busca de velar coisas que me encobrem, o verbo antecede, pré-cede a alma, cria o verbo para nele se ins-pirar, re-colher e a-colher as pers da pectiva do encontro com as verdades que alimentam os sonhos?


Eterna irrealidade da existência íntima,
E se então trata ao mundo que é proibido,
ao mundo real,
facilmente se lhe intui, percebe
o inolvidável fracasso,
frustração,
Des-velo-me
Des-novelo-me
- O sol deita-se,
o resto fica na sombra,
sob o ouro da tiara deslumbrante,
e as nuvens escuras, azuis, brancas
colorem o instante do sol se recolhendo
aos poucochitos na paisagem
do mar aberto ao infinito...


Versos, estrofes, prosa
Vida extremamente solitária,
Tornam-se-me estilos entre sentimentos
e vazios,
em que se pode olhar de esguelha,
sorrir de angústias e náuseas,
veem-se em mim
voluptuosas e compulsivas,
lúdicas e transparentes,
Buscas, que o inaudito de mim,
Res-plende, esplende a todos os uni-versos...
Aquando,
sob a influência de nuvem que se aproxima,
Está-se longe de ver
Uma forte carga de esperança e amor,
Torna-se subitante e subitamente,
Dimensão do espírito,
dimensão da essência,
Prepara-se para a mudança
de versos do Uno,
Uno dos Versos


A-nunciam-me outras vagas - sou alma de sentimentos, esperanças, sou alma de volúpias e êxtases inda mais preciosos, in-fin-itamente preciosos, ávida, selvagem, cheia de mistérios, da cobiça dos peregrinos de tesouros, lanço ao alto o quanto posso os perigosos arrebiques verdes, lanço uma parede entre mim e o sol,
entorno esmeraldas no abismo,
extorno cristais nas grutas,
desfazendo-me de minhas alvas
sendas e rajadas de espuma.
"Bramo de prazer e de desejos!" Que importa se o verbo "Bramir" seja defectivo, é na boêmia da noite, horas de solidão e silêncio, perscrutando a cintilância de estrelas, brilho da lua, nos vestígios de carência de amor desmedido que re-faço caminhos, sendas e veredas, porque há em mim um impulso de forças vivas em vai-e-vens de se libertar da casca. Esta necessidade e pendor para o verdadeiro, esta sede do real, do certo...


O poeta adormeceu,
não há poesia, não há mais inspirações,
re-nascerá no amanhecer,
no alvorecer, semente e
humús,
des-pertará no amanhar de outra aurora
eidos & seiva
núcleos & casa-do-ser...
por vezes se inspirando em cena onírica,
por cenas re-criando imagens
de memórias,
por vezes inventando luzes
cores astrais, cores con-tingentes.
Amanhã serei cinzas,
nada restará de mim
senão algumas letras,
letrinhas muito mal garatujadas
de todas as pers da pectiva do verbo
de mim,
como poderei habitar o íntimo
dos homens,
a-nunciando-lhes a alma
senão nos relâmpagos glaucos,
partilhando o meu segredo?...


O sentimento de solidão e silêncio trarei sempre em mim consciente de que devo lhes con-templar, desejar outras consumações no crepúsculo de todos os tempos,


Todas os sentimentos anunciando-se,
pres-ent-ificados,
sentidos, verbalizados, sonorizados,
cada uma de minhas ideias
de meus ideais,
vontades,
verbos
são um fervor,
de desvarios e desvaneios,
de segredos e mistérios,
ACONCHEGO DE LUZ!...
Paixão pura, coisa similar e verdadeira, música cor-ajosa e con-soladora, pintura pertinaz e solerte e bálsamo. Torno-me demasiadamente etéreo para este tempo outro.


Tomo tudo isso sobre a minha alma, o passado mais antigo, o presente mais recente, as perdas, as esperanças reunir, alfim tudo isso em "n´únic - alma", em "n´únic-amor", eis o que deveriam produzir uma felicidade tal como o homem nunca conheceu, a felicidade de um deus cheio de forças e de amor, cheio de lágrimas e cheio de risos, uma felicidade que, similar ao sol no sinal da tarde, toma, sem cessar, esse sentimento divino.


(**RIO DE JANEIRO**, 28 DE NOVEMBRO DE 2017)


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