#AFORISMO 404/LAMBENDO TODAS AS POSSIBILIDADES DO ATÉ ENTÃO IMPOSSÍVEL# - GRAÇA FONTIS & MANOEL FERREIRA NETO: PINTURA/AFORISMO


Nada há e há tudo nesse resplandecer
Na plena aurora do infinito imaginário,
Versejando belezas, desejos, querências e enigmas,
"O velho bugre entoando seu antigo ritual."


Há conscientes, outros inconscientes...
Sondando o profundo desse universo
Tão avidamente que mesmo o som inaudível
Dentre silêncio e palavras vislumbram na mais bela
Exteriorização...
Que mesmo a harmonia invísivel
Dentre a solidão e as sensações do nada
No mais esplendido impressionismo...
Como um rio caudaloso banhando poeticamente
As margens da vida nesse espaço onde a seriedade,
Quiçá o lúdico,
De forma linguisticamente hábil,
De modo semanticamente perspicaz,
Esguio, escorregadio...
Gato das metafísicas e das metáforas,
Sempre solércio, solerte,
Explora e lambe todas as possibilidades do até então impossível
Mas...possível sempre!...


Idílios de verbos pre-figurando
De imagens as travessias de uni-versos a horizontes,
Vice-versa,
Versando as paisagens lívidas de perspectivas
De belezas uni-versais,
Cântico dos cânticos,
Ad-versando as pontes partidas com espectros do além,
Re-colhidos e a-colhidos nas ampulhetas
Re-veladas no longínquo e distante alhures,
Versejando poiéticas poiésis do efêmero a deambular,
Perambular nas alamedas da solidão secular e milenar,
Tres-loucado de utopias de ser a esperança
A última que fenece,
Quê encontro mágico e místico do efêmero e infinito...
Quê instante mítico a síntese do eterno e do inolvidável...


Viagem sem retorno
Onde só o infinito é o limite dentro desse mundo
Uno em expansão
Ainda longe da verdade absoluta!...


A minha voz tem uma profundeza e um calor, como se estas palavras corriqueiras houvessem saído do coração. A tonalidade não consegue dissipar de todo certa inflexão que poderia ter eu tomado por aspereza. É como se um eminente e insigne musicista tirasse sons comoventes de um instrumento, tão profunda a sensibilidade que encontrara órgão na minha voz.


Meu coração inunda-se de lágrimas e exala profundos suspiros. Na grandiosidade de alegrias e contentamentos exultantes, não há qualquer irreverência em perscrutar a face alterada e jovial que se revela.
Estas poucas palavras têm a mesma música misteriosa, melancólica, cujo tom parece jorrar de meu coração, modulado na mais humilde, sincera, simples emoção. A agudeza dos sentimentos logo denunciam a mim uma respiração irregular, vinda de um lugar no íntimo que está imerso na obscuridade, ainda que sagrado.


Do sagrado, no qual acontece o milagre da transformação, da metamorfose, da mudança, nos quais o jogo do devir existe sempre, àquela mais alta e final humanização para a qual toda a natureza se dirige e impele, para salvar-se de si mesma, para transcender-se a si mesma, para encontrar-se a si mesma, olhando o mundo e os homens de cima.


O silêncio da vida que exala de seus re-cônditos
Interstícios o trans-cendente de utopias do absoluto
Que ao longo do tempo assimila o outro
Das dimensões futurais da plen-itude,
O outro do outro vir-a-ser,
O eu do outro há-de ser o domus do divino
O "tu divino" que ilumina o espírito da contingência
Na sua con-templ-ação, ação de templar o "ser-com"
Os ideais da espiritualidade, o"eu eidético" que numina
O verbo da carne das imanências
Na sua evangelização,
Ação de divinizar o "ser-para"
A esperança do Ser da Vida,
Na sua espiritualização,
Atitude de sensibilizar o que trans-cende
A estilística das dialéticas do silêncio e da solidão.


(**RIO DE JANEIRO**, 21 DE NOVEMBRO DE 2017)


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