#AFORISMO 419/ENQUANTO A MORTE NÃO É FINAL DE UM DIA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Começar de onde as folhas caem: sentir-lhes nos interstícios da memória, tornar-lhes seiva de outras jornadas de outras cavalgadas alucinantes, outras puxadas de rédeas, freios que tiram a paz, nas trilhas de outras querências, recitar-lhes os versos da aurora, em toda a musicalidade, ritmo, acordes, alimentados e regados de ternuras e esperanças di-versas, o corpo sentindo as novas sensações de magia e mistério, sede de sabedoria, fome de verdades que preencham os espaços vazios das dúvidas e inseguranças.


Negar a realidade do eu,
que triunfo!
Não já um triunfo sobre os sentidos,
Não já uma vitória sobre os sonhos,
As esperanças só abraçam
e afagam tão intimamente
no peito
os sonhos,
estando o eu criando, inventando
as luzes que lumiarão
os desertos para os vales, para o mar,
só não volta atrás, só não volta atrás,
do que já não dá;
mas muito mais elevado:
o triunfo violento e cruel
contra a razão,
contra o conhecimento,
contra o saber das dialéticas
da vida e morte,
A vida luta contra a morte e a morte luta
contra as efígies do poder,
contra os mitos da liberdade,
contra as expurgações da lei,
contra os ritos e rituais de beijos
trocados na elevação das maledicências.


Começar de onde as folhas caem, quando os olhos se extasiam, projetam-se alhures, por outras finitudes do verbo “SER”, por outras in-finitudes das conjugações do AMAR, verbo de infinitas realizações, temas de esperanças e fé nas promessas do Paraíso Celestial, temáticas de força e perseverança no conhecimento que liberta e eleva o espírito aos auspícios de montanhas distantes e longínquas, quando nas profundezas da alma o sentimento são louvor e glória aos silvestres campos do eterno.


E da eternidade dos amores e paixões pelas raízes verbais do absoluto-pleno-[de]-sublimes verdades, que se re-faz nas asas dos tempos, no vôo profundo e rasante das nuanças das realidades e ideologias, do real e das utopias, começa a silvestr-idade das flores primaveris e dos odores mágicos que se apresentam na plen-itude das sorrelfas do AMOR, das ilusões e fantasias da PAZ, na un-iversal-idade de todas as esperanças e sonhos da humanidade, projetam-se no espelho de superfície lisa, a resolução da imagem perfeita, MÁGICA, a face real e verdadeira dos sentimentos, desejos, vontades, Razões... A vida!


O esquecimento
Não traz em si apenas um
"vis inertiae",
Como creem os superficiais,
banais e banalizados,
atoleimados, escalafobéticos,
Antes é um poder ativo, uma faculdade
moderadora,
Atribuímos-lhe tudo quanto nos acontece
na vida,
na estrada "marvada",
no velho mundo sem "porteira",
a majestade Sabiá cantando,
Tudo quanto absorvermos,
se apresenta
à consciência,
durante o estado de digestão...
Lembraram-me esta situação e circunstância um músico
sertanejo de raiz,
Num verso da lírica,
Haver cantado isto: "bucho e digestão",
E lá mergulhei profundo
para intuir
o que é isto, desvendar o meu segredo,
este segredo que deseja comemorar
a felicidade,
nesta


continuidade da felicidade e alegria, conquista e real-ização, buscas e desejos do outro do “eu”, na roda-viva contínua das paixões e amores pela VIDA, verbo artífice dos cataventos do tempo, de leste a oeste, os ventos das esperanças re-nascidos do mergulho profundo nas dimensões de onde nascem a inspiração, percepção, intuição dos desejos, vontades, razões do belo, da beleza, da Estesia do verso de Amor, Paz, de solidão que não se mostra, id-ent-ifica senão à luz do encontrar a CRUZ, dimensão que liberta o coração..., que reúne as mãos, dão-se.


Compreensão, entendimento, solidariedade, compassividade, sentimento e paixão, pelos homens carentes de sensibilidade, subjetividade, pela humanidade carente do espírito da VIDA, de norte a sul, a roda-viva da fé que nasce, morre, renasce, mostra-se, re-vela-se, id-entifica-se, esconde-se no quotidiano da matéria, dos bens, do poder, da hipocrisia, farsa, falsidade, aparência, das necessidades seculares e milenares do pão de cada dia...


Thesis de sin...
Sinopses de medos e cor-agens,
quisera as paredes para roer,
quisera as unhas para comer,
esconder-me na sombra
esperar-lhe, esperar-me,
esquecer-me,
sem me importar
com o tempo acontecendo
lá fora...


An-títese
Thesis anti,
anti esis,
Quisera recanto de criaturas descontentes,
arrogantes, repugnantes,
enfastiadas de si mesmas,,
do mundo, ec-sistência,
fizeram-se de si mesmas
tanto mal quando possível
pelo prazer, vaidade, orgulho,
de fazer o mal a si mesmos,
provavelmente o único prazer...
sou pedras sozinhas
esperando
as ondas a molhá-las,
An
de títeses
Sim de verbis e litteris,
Sim, a água que me cobre
é você...
De leste a oeste, a gota de sêmen, a amizade do beijo.


Nada de novo amanhã... Nada! De novo o nada da manhã, novo, começar de amanhã o nada, buscando o grito que corta o ar, mãos se re-colhendo para não se darem, olhos tergiversando-se nas primaveras de outono, as chuvas de março, início e começo de outra jornada, não atingirei mais que minha angústia, essa angústia tão própria de não-se-ser sendo-se...


Faço um silêncio
e
um pouco de tábula rasa
na consciência,
capenga ou coxa,
construí-a para iluminar
as trevas dos caminhos,
e não para patentear valores e virtudes de outrem,
assino as minhas faturas,
cumpro-as solenemente,
não tem jeito, não tem jeito,
tudo é sedução
quero dizer com isto, numa palavra,
inda que capenga,
"absorção psíquica" - não é o que as serpentes querem
envenenar? -
do mesmo modo que
o multíplice processo da assimilação
corporal
tampouco fatiga a consciência.
Ainda nem passei, as serpentes já estão com
o veneno preparado,
esquecem-se do antídoto:
à vítima salva, ao arguto mata,
mesmo que se recuse a tomar
- uma rebeldia a atitude
de Sócrates,
quem aceitou a condenação
de morte por tomar
estricnina.
Minha angústia se re-volta e se liberta de si e não liberta ideologias, não des-ata os nós dos interesses escusos, não des-algema os nós das re-versas ideologias mascaradas, véus, envelando-as de desejos compostos, impostos que trans-cendam o meu limite.


Quero sim, quero ser a minha concepção ideológica, ilógica, lógica, alógica à minha maneira de ser, começando de outrora a aurora do outono, começando de ontem o crepúsculo de outono, começando de onde as folhas caem, começando de onde as folhas re-nascem, começando da primavera o outrora de crepúsculos outonais. Quero libertar meus mitos, meus ritos, meus gritos de toda repressão de formas que destroem a minha forma, de estilos que não re-velam os interstícios de minha alma, de linguagens que não id-entificam as idéias e ideais na busca secular e milenar do meu ponto-comum-limite.


Meu senhor...
Minha senhora...
Escutai-me vós com o coração,
"Venho para nada dizer",
Não vos esqueçais,
Ouço, escuto, continuo andando,
Se algo digo,
Quem o diz sois vós,
Por mim, o silêncio.
Portas, cancelas, fronteiras,
Porteiras
Abertas,
Continuo andando...
O homem em mim
Precisa dizer,
E fenecer em silêncio,
dormindo,
Sonhando a escrever sobre o
Amor no crepúsculo iluminou-me
outros sentimentos, outras emoções,
matou-me a saudade do coração
saciou-me a sede do espírito,
satisfez-me a vontade da liberdade
que cria outras luzes e sons.
Cada verso da inspiração
esconde um enigma,
um mistério...
"SER-COM..."
Me dá um beijo, me dá um beijo,
eu quero só você...


Hoje, o sol está pardo, a hora de amanhã não sonha com a de hoje, o dia sem sorrir, fatalizado o crepúsculo, sem certeza de légua e meia com vontade de tergi-versar o caminho, e o sertão re-nascido do barro a levar a sorte ou a morte até cair o último fuzil, aprender paisagens de estrelas, perspectivas de brilhos e resplendores, terra e troncos em lenha farta, caindo gotas das vastas flores verdes na Fonte luminosa, o terço será lembrado, léguas de margens, rio e água, a cachoeira precede a ilha, as flores admiram, o dia raiou, o trem apitou, o galo cocoricou, o pássaro canta, as cadelas latem, aprender a canção do silêncio, a velhinha varre a varanda de seu lar, re-cordando-se, a alma sonhante, solidão, trabalhadores se dirigem de carro ou a pé, de ônibus, os estudantes a caminho de brincar de aprender as lições dos professores, enquanto a morte não é final de um dia.


Alegria de tiranizar?
- o tempo vai, o tempo vem -
e este gozo é tanto
mais intenso
quanto mais baixa é
na escala social
do credor...


Verbo de conjugar: balada às estrofes do espírito que se alimenta da beleza das flores que nascem nas auroras, morrem nos crepúsculos, da natureza que se projeta na distância, no longínquo, absolutizam-se na beleza de inspirar as palavras que lavram o ser das profundidades, a alma dos conhecimentos e sabedorias, alma de um vulcão, alma solidão, a sensibilidade das profecias e nadas-a-dizer, o sonho ama outro sonho na solidão de mim, sentimentos, emoções, a virtude de sonhos e esperanças.


Aquela canção de
Roberta Miranda,
"Não tem jeito,
Morro de paixão
Não tem jeito,.
Sou de você, não tem jeito.
"É amor demais..."


No alarme pleno de um Paraíso Celestial, as luzes, os sons são(serão) a senda por onde andar, ainda soprará um hino pela dimensão ec-sistencial e humana, amanhã, serei o barro, os homens o seremos, ainda que tardamos a superar o nosso longo silêncio, esse silêncio que inspira, que se realiza em sons, sibilos de ventos por entre serras, que se torna palavras, musicalidade, ritmo, imagens, cores, perspectivas, luzes e contra-luzes, a alma da arte sonhar, o espírito do amor eternizar, nós, convite ao mergulho íntimo e singular na aurora de outono e paisagens outras, panoramas outras, a VIDA, in-vernos e ontens.


Vem amor,
Não tem jeito,
Olhe as ondas,
Quê delícia,
Caminharmos na orla...
As ondas tocando-nos os pés
O sol está se indo...


(**RIO DE JANEIRO**, 27 DE NOVEMBRO DE 2017)


Comentários