Ana Júlia Machado CRÍTICA LITERÁRIA ESCRITORA E POETISA ANALISA E INTERPRETA O AFORISMO 382 /**CARTA AO VULGO: PONTEIO DA PARTIDA**/


Amanhã é outro dia…sempre é outro dia quando lá chegamos…analisei um amanhã diferente do escritor Manoel Ferreira Neto…há coisas que nos impedem de continuar…e o amanhã além de ser outro dia---poderá ser novamente um dia sem exultação…mas porque amanhã é outro dia temos que nos debruçar naquilo que nos causa infelicidade e não nos deixa prosseguir e aquilo que nos dá alento e aí seremos um amanhã vivido com satisfação…


E a vida ensina que a gente não pode se desvanecer com o trilho dos outros.
A gente não pode castigar alguém por suas opções, seu modo de enfrentar a existência, seu jeito de encontrar-se no universo.


A gente só pode enxergar com querença e abraçar o nosso inerente caminho.
Independente arbítrio é andar no próprio compasso, sendo o que se é sem temor de açoitar, auxiliando e sendo amparado sim, mas com querença, com anuência, com autonomia. Inteiramente.


Abrandar e ceder que cada um seja a própria opção, a própria aprendizagem, a própria conspecção de universo, a inerente carência do instante.


O tempo concebe compreender que ceder abalar não é renunciar, não é um feito de fragilidade, mas sim de pujança e engrandecimento: porque ainda que nos legue ceder caminhar, entende-se que existe realidades que meramente não encontram-se fadadas a ser.


O dia de hodiernamente é tudo o que remanesceu antigamente, o que você licenciou no seu antigamente para afeiçoar o seu presente, ainda que isso tenha incluído assaz padecimento.


Arrogar que viver é muitas ocasiões ceifar laços e quedar com as garras ocas, desperdiçar o que em algum instante nos encaminhou muitas exultações e confianças, é algo muito complicado e pungente. Quão antes arcarmos, no entanto, mais aptos, residiremos para vencer esses instantes, esses dédalos de veredas em que olhar para trás é somente se grudar ao que não consegue mais ser.


Habitar melancolias pontuais é enriquecedor e inspirativo, mas recordar de molde constante as reminiscências e as realidades que já deixamos ir e estão no pretérito, distante de possibilitar o engrandecimento, na realidade esbarra e barra a vereda, como rebos que uma vez ou outra procriam sofrimento e penar.
Ceder ir certas realidades para que outras aperfeiçoem-se, acerquem a nós
Agora é instante de recomeçar, de cogitar na luminosidade, de descobrir deleite nas realidades despretensiosas novamente..porque amanhã é um diferente dia….


Ana Júlia Machado


Caríssima Amiga e Crítica Literária, o crítico literário traz à superfície da obra literária esclarecimentos, explicações inter-ditas, levando o(a) leitor(a) à compreensão, entendimento do que estava não dito, inter-dito, do que estava in-consciente. Minha Esposa e Companheira das Artes, Graça Fontis, em nossas conversas reais, Sonia Gonçalves, através de crítica/comentário, Maria Isabel Cunha, em conversa com Graça Fontis, e agora você, Ana Júlia Machado, neste texto em específico, trouxeram à superfície algo que estava me angustiando, entristecendo, aborrecendo sensivelmente, estando eu decidido, determinado a interromper as minhas publicações aqui no Facebook, e por esta razão escrevera este aforismo. Interessante é que ele precedeu às críticas que todas vocês compuseram, elaboraram com excelência. Des-vendado, des-velado, não há mais razões para a interrupção das publicações.


Sabe você que a grande maioria dos que aqui escrevem seus poemas fá-lo por encomenda, isto é, escrevem para agradar os leitores, para receberem os louros, os seus louvores, os seus aplausos, os seus encômios, assim é que sentem estar alcançando o sonho da fama, do sucesso. Isto é incólume, insofismável.


A minha Literatura, Filosofia, Poesia são herméticas, complexas, difíceis de entendimento, exigindo com categoria conhecimentos a priori para a sua compreensão, em todos os níveis, estilístico, linguístico, filosófico, erudito. Acontecia que eu estava procurando ser mais inteligível, e isto estava prejudicando o eidos, eidética de minha obra, estava se vulgarizando. Não o fazia para alcançar FAMA, SUCESSO, obter mais leitores. Sentia-me angustiado, estava desanimado em continuar, antes a interrupção das publicações que cair na sarjeta da vulgarização. Depois que todos vocês os críticos de minha obra se expressaram sobre isto, dissera à minha Esposa e Companheira das Artes: "Não vivo para agradar a ninguém, não escrevo para os abraços e tapinhas no ombro. Vivo de mim, do que sou, escrevo para a universalidade, para a eternidade. Só as obras que trazem no seu bojo, alforje, algibeira valores literários ficam na História, as outras morrem tão logo compostas..." Quem não entender não perderá por esperar, mas se não compreendem o que escrevo, se for do interesse fazê-lo, é preciso adquirir conhecimentos profundos; se não for do interesse, é deixar a obra de lado, ler o que entende, aplaudir o que compreende. Há quem entenda, haverá que entenderá, com-preenderá. Fato é que continuarei escrevendo na minha erudição, linguagem, estilo, dentro dos princípios da Arte Literária, o que torna a Literatura, a Poesia, a Filosofia expressões lídimas da Arte, do Pensamento, não apenas na minha visão, mas na visão da História da Literatura, da Poesia, da Filosofia.
Só tenho a agradecer cordial e espiritualmente a todos vocês críticos de minha obra a elucidação das minhas angústias, tristezas, desânimos em continuar publicando. Continuo publicando, e cada vez mais aperfeiçoando a linguagem, estilo, erudição que são a minha vida de escritor, filósofo. Beijos a todas vocês com carinho.


Manoel Ferreira Neto


#AFORISMO 382/


CARTA AO VULGO: PONTEIO DA PARTIDA#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Epígrafe:


"Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer" (Geraldo Vandré)


Quem me dera agora houvesse já partido para as terras do bem-virá e não compondo a nota derradeira desta carta ao vulgo!!!


Amanhã será outro dia...
Pontear derradeiras letras inter-virtuais no ápode deste instante-limite, no calor do ato criativo que perscruta noutras ad-jacências da con-tingência outros sons que possam compor a lírica do que me fez cantador. Ponteei de vernáculos as letras de sentimentos do sublime, por vezes sublimes e puros, por vezes obtusos e ambíguos, esgotei-lhes a fonte, na tentativa agonizante de os meus "ii" serem pingados de excelência, longe dos "ii", sem mesmo a imaginação dos pingos, que são características deste vulgo presente, é preciso partir para atingir, alcançar outras orlas do mar de aspirações, outras sendas do vale, não planto em tempo que é de queimada, não semeio sementes em lotes vagos, terrenos baldios, não componho sons no vácuo... Pontear ainda algumas letras com os seus devidos acentos ortográficos, para serem bem pronunciadas, emitindo-lhes a música do inter-dito, enquanto reúno as que foram ponteadas, colocando-as na mala, noutras ad-jacências virão outros vernáculos, outros sons, outras letras.
Amanhã será outro dia...
Pontear de baldios do absoluto, no frontispício da página de dimensões do vir-a-ser, outras pers, retros de pectivas do silêncio que concebe o som místico do in-audito que pre-nuncia, a-nuncia constelações que a-lumiam as soleiras de cavernas e grutas, inspirando a sentir o que lhes habita o interior.


Amanhã será outro dia...
De ponta cabeça o efêmero sacia sua sede paráclita do destino que, de travessias em travessias, inscreve nas tábuas de veredas do perene as á-gonias da liberdade, sursis da alma-com as sinas badalando no domus de sinos das igrejas heréticas, proscritas, templos demoníacos, marginais, que, de nonadas em nonadas, do verbo de morrer a vida da morte, epitafia os mistérios místicos, míticos, legendários, lendários das sendas do inolvidável lúdico e sensual sibilo da efemeridade que suprassume a poética do espaço através e por inter-médio da estesia das brás-cubianas memórias das páginas fenecidas de linhas e margens, o aquém da trans-cendência nutrindo e alimentando o além-nada das nadificações do ser, estratificações do não-ser, sub-stratos do verbo, in-stratos dos verbos à luz pálida do crepúsculo de ocasos, o nada é miríade da vida, a miríade do nada são os espectros-luz que são as palavras à sensibilidade do não-ser atrás dos ossos que, destrinçados, mostrarão a carne do tempo, tempo do filet mignon que só reconhece o gosto quem no paladar sonha sentir o prazer da vida.


Aleluia... Tese...
Pontear de estrofes da verdade, no atrás do convexo do espelho, a imagem do efêmero sed-uzindo a carência da etern-itude com o veneno paradisíaco da árvore dos prazeres as miríades do tempo de esperanças do volo eidos da vida plena de éresis da leveza do ser.
Pontear de versos da contingência de sartreanas náuseas, camuseanas do deserto inaudito, gideanas concupiscências do imortal, belo da estética do sensível, os sonhos oníricos da vigília, genesis dos três pilares ou das três estalactites da gruta do verbo que pingam de água cristalina o inaudito da inspiração.
É preciso partir para con-templar outras passagens do vento, outras paragens da caravana para o porto solitário, outras paisagens com a presença do arco-íris, outros panoramas do caminho que é também do caminhar, estar sempre à altura do poder de transcender o vulgo, ir além do tempo sem chuva, sem vento, sem neblina, sem neve, sem orvalho, tempo seco de tudo, de nada, sentar na praia do grande mar e visualizar ao longe a gaivota sobrevoando as águas.


Aleluia... Antítese...
Sons de raízes dedilhados nas cordas frágeis dos sentimentos manifestos e latentes, raízes de árvores frondosas, folhas tocadas de brilhos numinosos, no peito sensações de leveza nos sonhos de amanhã, nas esperanças futurais, e vou tocando as ovelhas de palavras, ovelhas-palavras, de letras, ovelhas-letras, com o cajado das utopias de ritmos e melodias, linguísticas e semânticas, das dialécticas de in-auditos e silêncios, coisas que não faço cá, coisas que não componho cá, canto a vida porque sou forte e tenho razão, boêmio de volta ao lar, cabisbaixo, trilhando os caminhos com passos comedidos, lentos, na vagareza do tempo, pensamentos ao longe, sentindo na intimidade do íntimo os recônditos das andanças de sonhos dentro de outros sonhos, dentro de outros sonhos. sabendo nada saber de sabedorias, sempre o sentimento do longínquo criar-se, conceber-se a presença da verdade do ec-sistir à luz de compor a história, cítara e harpa em uníssono de notas e ressonâncias de ritmos re-compondo de fantasias e ilusões a cor-agem e ousadia de pro-jectar a liberdade para pulsar desejos e vontades do Verbo, nonadências de sensações e inspirações, pontes partidas de intuições, mister a leveza do olhar os horizontes e universos, íris e linces em con-sonância com o re-velar-se, en-velar-se, des-velar-se da natureza, da perfecção da chuva, do vento, da maresia do mar, em cujos interstícios do Ser e do Tempo residem os orvalhos e neblinas do pleno.


Aleluia... Síntese...
Os primeiros raios de sol do alvorecer brilham atrás da nonada de espectros fosforescentes, no horizonte distante a neblina esvaece-se, ponteio o lince do olhar e vou fundo no abismo do universo buscar o som da cítara que ritma os acordes de sentimentos inda a-nunciados nos interstícios da alma que, quiça à revelia do nada, serpenteiam o vazio da inspiração, tomam a vida no cálice de vinho da morte, serão a luz a bordar de miríades do sublime as notas do volo desejo do perpétuo, a eternidade além da consumação dos tempos.


Amanhã será outro dia...
É preciso partir...
É preciso o adeus acenar...
Amanhã será outro dia...
É preciso partir...
É preciso cortar caminho...


Amanhã será outro dia...
Esta carta o vento saberá entregar aos destinatários...


(**RIO DE JANEIRO**, 15 DE NOVEMBRO DE 2017)


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