#AFORISMO 384/CASOS CANTADOS AO ACASO** - GRAÇA FONTIS: PINTURA/TÍTULO Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Dia-lécticas
Que iluminam o ocaso de crepúsculo
Do pampa onde ovelhas de velos acinzentados
Pastam livres e soltas
Enquanto o pastor toca a sua gaita,
Cajado na grama viçosa e verdejante,
Sentado à beira da lagoa
Perscrutando o horizonte além da montanha,
No peito,
Re-cordações, memórias, lembranças,
Sentimentos, emoções, sensações,
Sublime o panorama
Eternas as esperanças, efêmeros os êxtases.


Que fim levaram todas as incólumes verdades?
Ou seria que nucamente houvessem existido,
Houvessem sido unicamente ilusão de ótica?


Dia-lécticas
Que inspiram as utopias da beleza do belo,
Da proscrição que concebe dogmas e preceitos
Da verdade a perpassar o tempo,
Da heresia que antagoniza dúvidas e in-verdades
Que criam as estesias da alegria
Ocasionada pelo cântico de louvor ao In-finito
Povoado de paisagens impressionistas e futuristas
Esplendida a fonte de onde jorram águas
Que percorrerão as sinuosidades da terra
Calientes as chamas da lareira
Concebidas pelas achas da oliveira
Que sombreava a soleira da choupana.


Que fim levaram todas as criatividades, intuições?
Ou seria que houvessem sido fantasias do dom e talento,
Houvessem sido o nada da sensibilidade?


Dia-lécticas
Que per-fazem o uni-verso
Habitado de estrelas a cintilarem o brilho
Que clareia as veredas e sendas da floresta,
Que alumiam os terrenos baldios das ruas,
Lotes vagos,
Os becos sem saída,
Que são notas musicais na viola do boêmio
De capa azul, chapéu preto de feltro puro
Sentado no banco de mármore cinza
Da praça pública Brás Cubas
Póstumos os sonhos que abraçam o silêncio
Etéreas as fantasias da solidão
Que inscrevem no tempo os versos poéticos da verdade.


Que fim levaram todos os sorrisos incolores,
Flores astrais,
Quiçá não tenham saciado a sede do futuro?


Dia-lécticas
Que acalentam os devaneios do absoluto,
Que afagam os idílios do pleno,
Que acariciam os desvarios do finito
Na madrugada silenciosa
Sob as gotículas de orvalho que caem solenes
Regando os brotos de flores que desabrocharão
No limiar do alvorecer,
Exalando perfume suave
O beija-flor bebendo-lhes o néctar
Vazio que re-colhe e a-colhe o múltiplo
Nada que alimenta a liberdade de criar o In-fin-itivo.


(**RIO DE JANEIRO**, 16 DE NOVEMBRO DE 2017)


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