#AFORISMO 354/NOITE NOTURNA DE NÓS VELADOS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Pres-ente a-pres-ent-ando, pres-ent-ificando,
Pretéritos re-pres-ent-ando, *apres*-ent-ificando,
Noite noturna de nós velados, de pontos des-nudos,
Sombras na calçada, calmaria na rua
Desolada,
Solitária,
Largada,
Boêmios descansam as nostalgias
O violão esquecido no armário
Sono perdido de vãos amores, efêmeras paixões
O poeta cofia o bigode, olha as coisas, objetos
Sozinho na mesa do bar tece versos
Sem estrofes, as estrelas prefiguram
De emoções a inconsciência do eterno
Desfigurado de páginas, letras apagadas
Ciências ocultas,
As carências solicitam sonhos perdidos
No limiar da lua,
À soleira das constelações,
Que incidem brilhos nos solstícios da noite
Presentificada de idílios compondo nonadas
De sentimentos, a fumaça do cigarro
Esvaece-se no ar, no vento,
Os olhos piscam, respiração contida
Pensamentos longínquos tecem o tempo
Ido de alegrias, felicidades, risos soltos
O amor configurando o espírito da alma
Sedenta de verbos
Adjacentes ao jamais de conquistas,
Jacentes aos quiçás de glórias,
À soleira das sensações, carinho, ternura
Na cáritas do peito, a presença da entrega,
Felicidade conjugada de subjuntivos
Límpidos, transparentes, nítidos
Obnubilados de ideais, utopias.


O poeta sozinho na mesa de bar
A cinza do cigarro acumulada na brasa
A fumaça esvaecendo-se no ar
Cotovelo sobre o braço da cadeira
Mão esquerda amparando o queixo
Pena sobre a página em que escrevia
O re-verso poético das letras ipsis
Olha distante a noite que passa
Nada de horas, nada de tempo
Solto, livre, largado no vazio do instante
Ontens se foram nas asas leves do condor
Escritos nas páginas de lembranças
O litteris de imagens eivadas de toques
O absoluto do amor, intimidade do corpo
Seduz de luz o clímax da criação
Prazer, êxtase
Os instantes da noite passam sem segundos
O canto da coruja alhures à eternidade
Ressoa livre nos recônditos dos ideais.


(**RIO DE JANEIRO**, 01 DE NOVEMBRO DE 2017)


Comentários