#AFORISMO 351/DE MAGIAS O TEMPO-ESPELHO DE UTOPIAS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Da ausência, a presença presente ofusca a luz
Diáfana, límpida do nada efêmero,
Trans-elevando, trans-cendendo
O po-ente re-verso de magnitudes
E na travessia partida de margens e beiras
Da Ponte Pórtico para o Infinito, horizonte de universos.


A con-tingência de desejos e esperanças
Renasce das cinzas vivenciárias da morte
Re-natalicia de vida as moléculas do sabor do destino conquistado
Ao estilo, linguagem
Do pretérito apocalíptico de genesis, que projetam
Dimensões do fugaz, passageiro aos confins do além,
Do mais-que-perfeito subjuntivo de memórias, nostalgias,
Lembranças, melancolias, saudades, idílios, refletindo de manque-d´êtres
Os convexos limites do vazio, côncavos impossíveis da angústia.


Da presença, a ausência ausente sombreia
A fonte luminosa dos sonhos ao verbo do divino,
Versos estéticos do po-ema in-verso de linguística,
Tempo emoldurado nas arribas do eterno,
Estrofes po-éticas re-versas de metáforas da solidão
Silenciando no silenciado silêncio o soneto sociológico,
Silenciado de soneto, o silêncio silenciando-se
De imagens-pers pectivando de res o pectivo crepúsculo de nuvens
Iniciando o entardecer da vida de antíteses
De nonadas, representação obtusa do absoluto
Seduzindo do divino a essência anti-estética
Da essência a divinitude mística da mítica plenitude.


Da ausência-presença, a presença ausente
De luzes as gafectivas imagens da contra-luz
À liberdade de tecer os pontos e cruzes no itinerário,
Trajetória aos aquéns-aléns das contradições, contra-sensos,
Dialécticas dialectizando as dialécticas do existir,
Degustando as angústias, tristezas, melancolias, nostalgias, náuseas,
Saboreando as alegrias, contentamentos, glórias e vitórias,
De flashes de imagens no fluxo da criação perpassando
Os liames da inspiração e da intuição, projectando-se
Ao que inda só pode ser sentido intimamente,
Ao que não se pode ser ouvido,
Ao que não se pode ser falado,
Ao que não se pode ser dito,
Ao que não se pode ser pensado,
Sentido intimamente pode
Agora, é sonhar, sonhar, sonhar...


Campos verdejantes de neblinas
Estendendo a horizontes próximos e longínquos,
Versalizando os baldios da alma,
Versificando metáforas íntimas da morte.


Da presença-ausência, a ausência-presente do ausente
A desabrochar manhãs nascentes,
Sóis poentes, entardeceres calientes de desejos
Esplendentes de pétalas em pétalas
Suave perfume a extasiar de natureza
As transparências verbais
De brilhos divinos, exalando querências nominais,
Ad-verbiais, símbolo do perene silêncio,
Os advérbios vem entre vírgulas,
Do verbo encarnado,
Metáfora dos interstícios do ser,
Espraiando em espuma verde
Sobre a areia molhada, vasta felicidade sentida
Em horizontes refletidos de verdade
Sete espíritos do ser, fosforecendo de sendas
A sensação da estesia em plenitudes
Que emudecem o espírito do ser, o eidos do há-de vir,
Clareia de magias o tempo-espelho de utopias.


(**RIO DE JANEIRO**, 01 DE NOVEMBRO DE 2017)


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