#AFORISMO 156/TRAVESSIA DOS CÂNTICOS ÀS GLÓRIAS DO "INTELECTO POÉTICO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
A sinfonia dos dedos... ah, se não fosse temer o ridículo e a galhofa e,
acaso, o patético e sarcástico, imaginaria esta sinfonia sendo executada com
cítaras, diria que esta sinfonia sinto-a no pensamento, vivendo as notas que a
memória, a imaginação, a busca do belo e do sublime, a intuição e criação,
re-criação e percepção... Se houvesse aprendido a executar algum instrumento
musical, estaria agora a tocar ou compor, quem sabe? Não faço, não assino
tratados de exposição da vida íntima no mercado literário, isto é um embuste,
mas reconheço os sonhos nascidos de experiências, no meu estilo, crio e
re-crio.
Estes sonhos, no auge de minha angústia, aparecem-me como o porto em que
meus desígnios cumpridos encontrarão refúgio, abrigo, onde amarrarei o cabo de
minha popa. Não são silvos de serpentes esquecidas de morder como abstratas à
travessia do entardecer ao anoitecer. Nas geleiras do entressono, menos que
rimas pobres num soneto, menos que simples palavra numa oração coordenada
adversativa, menos que folha no outono, o grito de pastor convocando seu
rebanho não é flauta, não é canto de apaixonado des-encanto, é o senso da
escultura neoclássica da sombra no vale, esculpida na poética e essencial
atmosfera dos sonhos lúcidos, na treva de hoje sobre o túmulo que há-de
abrir-se de ritmos e melodias elementares, mostrando gloriosamente os segredos
veementes do nada que habita profundo as cinzas, segredo preso à pantomima por
filamentos de ternura e riso, dispersos no tempo.
O que faltou à fadiga da criação? Tudo tem explicação porque tudo tem
(in-visível e in-audita) cor, corrige o oblíquo pelo aéreo, procrastina o
etéreo pelo corte do vidro do espelho pelo diamante, esporas tinem e calcam a
mais fina grama e o pensamento mais fino da utopia da etern-itude, conhecimento
plástico do mundo... Liberdade de cânticos expressionistas, simbolistas,
declamando estados d´alma ad-versos, paradoxais, extremados, radicais,
contraditórios, nonsenses, sentindo-os, re-criando, criando, in-ventando,
produzindo, compondo sua face oculta, submersa nos subterrâneos da
inconsciência, estilística das plen-itudes, linguística do eterno, cânticos da
alma que se trans-eleva e quer sentir os ventos que perpassam os espaços e
in-finitos, só ela, "si-mesma", pode decidir seus caminhos e estradas...
os ritmos e melodias de suas condutas estéticas-éticas com as buscas sempre
inquietantes, não se realizam, dos indivíduos pela beleza do belo.
Liberdade de sin-estesias do silêncio que reza a busca e a utopia da
plen-itude, pleno, de re-vezes e ante-mãos conhecendo que serão eternas,
sabendo do amor lhe entrega, incondicionalmente, sabendo que o silêncio ama
ocultar-se e re-velar-se, no ínterim de um e outro, os átimos de segundos de
refletir no deserto a sensibilidade e subjetividade que residem nas
sin-estesias, dizem ser a ponte, a travessia dos Cânticos às Glórias do
"intelecto poético" que dedilha nas cordas das cítaras e harpas as
razões in-versas re-versas, desejando com volúpias e êxtases a poiésis da
etern-idade. Meu pensamento sou eu. Existo porque penso. Sou eu quem me extrai
do nada a que aspiro. Os pensamentos nascem por trás de mim como uma vertigem.
(**RIO DE JANEIRO**, 07 DE AGOSTO DE 2017)
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