COMENTA ANA JÚLIA MACHADO, ESCRITORA E POETISA, O AFORISMO 196 /**VERBOS DO TEMPO E DO SER#


Um texto poético sublime, onde o escritor Manoel realça os verbos fazer, atravessar, compor, cantar, declamar, recitar, sentir e ser…todos os verbos imprescindíveis para gozarmos e antevermos uma vida de perfeição. Que se seja feliz, que se admire e sinta a natureza. Uma linguagem usada pelo escritor, em que se constata a sua alegria no ser e estar, e que os outros busquem essa alegria, porque é possível…


Que as pessoas gerem do tempo a junção das expectativas e quimeras
A estesia das ilusões da exuberância
Que transitem a ligação das fantasias
A avenida das sonsices
E que sejam o defronto da dita e da volúpia
Que disponham o poema da incorrecção
Com a mestria do númen e intelecção
a sátira do término
Com a consciência do eterno que cintila as claridades
Da pulcritude do sublime!
Que entoem
o que exalta os sentimentos em detrimento do pensamento lógico do ser, ensaiando o penetrante da melodia
Do retiro cadenciado, melodicamente com o emudecimento
Que discursem
A pequena ária do bem-querer, provando e libando
O verídico da justeza, o perene do pleno
Que narrem a lábia da independência, apreciando o cosmos do presente, pretérito e devir
Que ensaiem a ventania que cicia postergando as perspectivas
O vento que sibila perpassando os horizontes
Os coriscos misteriosos do astro-rei que resplendecem independentes
Em todos os ângulos e esconsos do planeta
Os calcários da caverna que gotejam as exíguas gotas de linfa
O flúmen sem beira e sem urgência
Que imita os trilhos da planície!
Sejam o ocaso que apregoa o anoitecer
O repouso que exibirá o querer do ser, da existência
O amanhecer com toda a afinação da essência!


Ana Júlia Machado


#AFORISMO 196/VERBOS DO TEMPO E DO SER**
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Fazei
Do verbo de vosso tempo
A conjugação de vossas esperanças e sonhos,
A verbalização de vossos mais íntimos desejos
A estética de vossas utopias da plen-itude,
A ética de vossas consciências do Ser.


Atravessai
A ponte de vossas ilusões, fantasias
A rua de vossas quimeras, medos
A alameda de vossas sorrelfas
Os terrenos baldios de vossas hipocrisias
Os lotes vagos de vossas futilidades
E sede o encontro, a felicidade, o prazer!


Componde
O verso de vossa imperfeição
Com a perfeição de vossa inspiração e percepção
O soneto de vosso limite
Com o espírito do in-finito que esplende as luzes
Da beleza do belo!


Cantai
A lírica do ser, sentindo profundo a música
Da solidão ritmada, melodiada com o silêncio
Declamai
O soneto do amor, degustando e saboreando
O real da verdade, o eterno do absoluto
Recitai
A prosa da liberdade, con-templando o uni-verso
Do vir-a-ser, do porvir, do há-de ser!


Senti
O vento que sibila perpassando os horizontes
Os raios numinosos do sol que brilham livres
Em todos os cantos e recantos da terra
As estalactites da gruta que pingam as gotículas de água
No Lago, eivando-lhe da leveza do ser.
O rio sem margem e sem pressa
Que segue os caminhos do campo!


Sede
O crepúsculo que a-nuncia o entardecer
O entardecer que revela a noite
De estrelas cintilantes, lua brilhante
O sono que mostrará o sonho do Ser, da Vida
O alvorecer com toda a perfeição da natureza!


(**RIO DE JANEIRO**, 20 DE SETEMBRO DE 2017)


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