#AFORISMO 206/NON-ECOS DE LEN-SIBILO DE VENTO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Glória... Esquecimento... Memórias...


Silêncio que dá origem à palavra não são vazio e ausência, sim plen-itude e presença. Solidão que concebe a metafísica não são nonadas e nada, sim liberdade e utopias do Ser.


Re-versos pretéritos in-versos de luz, de palavras, extensão de volúpias, êxtases, no recôndito do abismo, ecos de sibilo de vento, con-templo-o, con-templa-me, sinto-o, sente-me, cumplicidade, verso-uno. Instante perdido de ilusões, fantasias.


Pleno silêncio. Absoluta solidão. In-fin-itivo presente de efêmeros nadas re-vestidos de vazios e angústias per-correndo livres as linhas verticais do tempo, horizontais do ser, imagens pro-jetadas no além dos primevos princípios preliminares do há-de ser a face in-audita de semânticas e linguísticas das faustas esperanças, mefistofélicos sonhos de perfeição.


Verbo do sonho, plen-itude. Sonho do verbo efemer-itude. Quiçá a vida de-curse nas sinuosidades dos caminhos os nonsenses, per-curse nos aclives e declives das montanhas de Sísifo os despautérios da liberdade e consequências no ínterim das atitudes do logus e ego, gestos do cogito e id, comportamentos lineares da persona, non sum ergo cogito, re-versa latina declinação do abismo aos interstícios do vazio, o sem-fim emerge das profundezas do nada, elevando-se aos auspícios do celeste destituído de estrelas cintilando o ossuário da terra, desprovido de lua brilhando as lápides do cemitério gethsemâncio, e nas sombras das trevas perpétuas o símbolo da vida povoada de miríades do mistério concebendo a lenda mística do divino que espiritualiza as crendices do eterno, nonada do éden, alumbrada sob os raios diáfanos que as cores do arco-íris emitem, "... ride the rainbow/rock the sky/Strormbringer comin´/Time do die".


Místicas lendas do efêmero. Efêmeras quimeras do mítico que ori-gregaliza os deuses à luz dos séculos e milênios em nome da continuidade da ec-sistência, perpetuidade do ser humano, mesmo desprovido de alma e espírito.
Tudo passa... Tudo passa... Tudo passa... o "eu" passa, origina o outro. O "outro" passa concebe o a-núncio do meta-outro, outro além dos in-auditos mistérios e enigmas do trans-cendente.


Cinzas da con-tingência. Poeiras da eternidade. Pós metafísicos do divino absoluto. Grânulos da essência re-vestida de joios do ad-stringente que triga o campo de caminhos para o uni-verso das pontes partidas, impressionismo do não-ser, expressionismo do verbo para o ser. Côdeas árabes do pão recheadas de pimentas do sublime, cebolas do simples, tomate e cebolinha da humildade...


Ah, quem dera os árabes pudessem sentir o sabor da plen-itude da vida. Diante dos olhos e do nariz veem apenas a ideologia de Allah, da morte...


(**RIO DE JANEIRO**, 23 DE SETEMBRO DE 2017)


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