#AFORISMO 180/PRECEDENDO O "QUAE SERA", POSTERGANDO O "TAMEM"# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira NETO: AFORISMO


Teremos na alma aquele solstício da angústia enamorada da saudade, do apocalipse profetizando o inaudito do caos, caos da proscrição, caos da heresia, mistério do nada, enigma do vazio, evangelho do In-finito, enquanto o genesis semeava a semente do cosmos. Teremos no peito aquele verbo do sonho de sentir o absoluto configurado de nonadas, des-figurado de etern-idades, pre-figurado de esperanças e utopias no .in-trans-itivo verbo "ser".


Teremos no íntimo aquela sin-estesia do desejo da beleza do belo habitada de intuições e percepções do que trans-cende a realidade, as coisas serem como são. Acima de tudo a liberdade, total, absoluta, trans-cendente, abstrata... liberdade de ouvir os sons audíveis, liberdade de con-templar as imagens do tempo nas lembranças e re-cordações dos ideais da verdade, liberdade de olhar as coisas da vida...


O tempo que desejo é ramo verde, viçoso, sem distância, sem long-itude numa estrada cristalina, numa trilha de solo íngreme, rachado pelos raios de sol, senão quando é mister atravessar os campos. Amor é uma esperança traçada no peito de uma coruja e seu eterno canto na madrugada à luz da eternidade projetada de imagens límpidas de perspectivas. E fazê-la cantar é recriar silêncios e outros silêncios conceber, gerar, dar a luz a in-auditos.


Anúncio da primavera
Tempo nublado, maresia
Manhã
Vai-e-vem da rede
Miquinhos pulando nos fios de alta tensão
Ramos de samambaia baloiçando lentamente,
No chão do alpendre, folhas secas das árvores
Paloma e Jana deitadas no tapete, dormindo.


A lua continua sendo a lâmpada de muitos caminhos, habitada por donzelas e donzéis, que habitam em castelos, nas margens de riachos de águas cristalinas, rios de águas límpidas em extensos campos floridos.


Concílio de deuses entupigaitados de dogmas e preceitos para o mergulho idiossincrático nas prefundas da verdade que nada é à luz das imperfeições perfeitas do sublime, nas trevas do Absoluto que vazio se projeta no espelho ainda não consumado o croqui do póstumo, quiçá trabalhe com lápis de cor francesa, os efeitos são esplendorosos, a imagem do perpétuo, das perfeições imperfeitas do fim insofismável e incólume, e o in-audito baila saltitante de prazeres a marcha fúnebre das angústias e náuseas do eu que nunca re-vela a poiética da alma, querubins contracenam com vôos rasos a tragicomédia abissal das emoções multifaceladas de pretéritos do não-ser, subjuntivos do apocalipse, particípios do arco-íris das trevas, momento de puro êxtase, sublime gozo da inocência, multifacetadas de declinações do há-de conjugar os genitivos do instante-limite, do absurdo, do nonsense.


Sabedoria. Agnosticismo do verbo que sonha a carne do espírito alimentada, a fome milenar, secular do que auspicia idôneo e lídimo o verdor visceral do divino, nada além do cosmos, nada além da eternidade, nada além do tempo e ventos que seduzem a dinastia mística das plen-itudes re-versas, in-versas dos inter-ditos mistérios e enigmas míticos e folk-lóricos, vedas lendárias do estar-no-mundo jogado nos absurdos da liberdade, quando no trapézio das situações e circunstâncias se deve equilibrar no movimento da gangorra das decisões e consequências.


A alma vagueia na lua cheia
O eterno se compõe
Trans-cendentes pre-figurando os lírios do campo
Lírios do campo: cabeça no peito, carícias leves e ternas na face
Lírios do campo: abraços, beijos, entrega
Lírios do campo: êxtase, sono profundo, sereno
Além re-vestido de sonhos, utopias.
Idílios sorrelfam as magn-itudes do uni-verso
Gerundiando os partícipios de trevas e cosmos
Metafísica da des-plen-itude, poeira de ads-emeritudes.


Metamorfose. Metalinguística. Metasemântica da "libertas" precedendo o "quae sera", postergando o "tamen".


(**RIO DE JANEIRO**, 12 DE SETEMBRO DE 2017)


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