#AFORISMO 162/ALÉM DAS FRONT-EIRAS DE DE-FECTIVOS VERBOS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Sibilâncias sibilantes
Aquém dos abismos das metáforas do espírito
Alhures nas cavernas de sin-estesias da alma
Nas grutas de estalactites a pingarem as gotas da continuidade
De ex-tases... extasio plen-itudes do absoluto
A-colho infin-itudes do finito engabeladas do nada
Em pleno conúbio com as volúpias da náusea,
Vômitos dos gozos e clímax das regências do perene
Além das front-eiras de de-fectivos verbos,
Fectivas regências de clímaces do efêmero, etéreo
De volúpias, con-templo a clar-itude sideral do universo,
De estesias desnudas de signos e inter-ditos
Lanço à poética o espaço da peren-itude...


Sou quem sou vivendo-me, vivenciando-me por inteiro. Nesta madrugada silenciosa, não se ouve o ladrar dos cães, dormem, descansam das vadiagens do dia à cata de ossos e lixos que reviram à busca do que lhes matar a fome...


“Vigilio” os longos dias, longas noites dentro, desejos, vontades, sonhos, utopias, dores, sofrimentos, culpas, fracassos, frustrações, decepções, ressentimentos, mágoas, e sempre a esperança de nova aurora, utopias de trevas no arco-íris, quando o amanhecer ilumina o coração de amor, e sempre a chama ardente da alma em busca do crepúsculo, quando a melancolia, nostalgia se envolvem no espírito de outros sonhos e utopias.


Outrora não compreendia, entendia as razões de "apesar dos pesares", como dizem, dizia das esperanças, sonhava esperanças, tinha aquele desejo de ser "sendeiro da esperança", era contraditório, tinha de dizer do que a vida proporcionava-me, era o destino haveria de cumprir, ao longo da viagem, digo de tudo e as esperanças presentes sempre, aderi-as, conciliei-as, comunguei-as a todas.


Hoje, uma esperança estava andando na porta de minha residência, estando a garatujar, delinear, burilar as idéias e pensamentos. Muitíssimo interessante. A companheira e esposa estava presente, con-templamos juntos a esperança andando na porta da "sala de jantar", abraçados. Por um instante um idílio: quiçá fosse pintor, a próxima peça seria uma esperança na porta e um casal a con-templá-la.


O silêncio no seu canto en-colhido espera ser re-colhido e a-colhido, e de manhã distancia-se, esvoaça-se. Por que caminhos anda, por que trilhas dá seus passos, e passo a passo cada passo é um passo? E na madrugada triste, angustiada, dor desatinada na perna, deitado de bruços, sem poder mexer-me, sem poder caminhar, aparece no seu canto envolto em outros desejos e vontades que trouxe de suas andanças, espera a minha palavra, e eu o deixo sozinho, sonhando outros amanhãs, dis-sonhando outros outroras, outrens de outroras, e gêneses, pers-sonhando outros apocalipses e genesis, pectivando de gênese apocalíptica escritura viciosa de pleonasmos.


(**RIO DE JANEIRO**, 08 DE SETEMBRO DE 2017)


Comentários