#AFORISMO 161/TEM DIAS QUE A GENTE SE SENTE COMO QUEM PARTIU OU MORREU# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


O que tu, oh nostalgia?


Por que o silêncio des-folha sentimentos de mim, despetala idílios de pretéritos, miríades de esperanças, espectros de volos eivados de cores fluem de antanho a presença de instantes, o estar-sendo de a-nunciações do que há-de vir de sendas, dos caminhos desertos de veredas de estradas sem metafísica do horizonte, sem exegese do inferno, de silvestre das florestas, a estenderem o lírio de jardins distantes, paisagem do vale que se esplende in-finitamente?
Lâminas de águas sobre as ondas serenas do mar... paisagens pintando o espírito da criação, a divin-itude da natureza.
Sinto-me ausente de mim. Não me perscruto a mim. Não sou a mim. Não sou outro de quem sou.


O que tu, oh nostalgia?


Por que a solidão re-colhe de versos do efêmero as estrofes do eterno que se esvai nas bordas do tempo, nos limites celestes do perpétuo, das emoções que deambulam pelos corredores vazios, os terrenos baldios que se alongam pelas estradas do nonsense, os lotes vagos iluminados pelo brilho da lua cheia e cintilância das estrelas, a musicalidade das esperanças perambulam pelos becos boêmios sibilando de sendo em sendo o verbo do amor des-correspondido, des-compassado, a melodia da fé que trans-cende a alma de des-afetos, vagando de perdidas ilusões do amanhã, eterno, encontrando nas arribas de uni-versos o Uno do nada, o Verso do vazio, a musicalidade da nonada?


O que tu, oh nostalgia?


Por que o nada a-colhe de poesia do "Verbo Espírito" a chave de ouro do soneto que recita a imagem líquida do in-finito em fin-itudes de amor, do in-fin-itivo em in-finit-ividades de doação plena, de-compondo de palavras os sentidos, metáforas do além vestidas das arribas a plen-itude da beleza, des-facelando de prefixos, sufixos, raízes das categorias as significâncias, criando outros vocábulos de ritmos e melodias?


O que tu, oh nostalgia?


Por que o hiato à soleira dos devaneios, às bordas dos desvarios, nos frontispícios de páginas brancas por serem preenchidas de melancolias, saudades, na terceira lâmina da espada afiada? Contra os ventos de leste, deambulando por bosques, matagais...


O que tu, oh nostalgia?


Mistério da noite in-finita, da madrugada que anda em passos lentos em direção aos primeiros indícios da manhã, o dia clareando, do dia que tecerá os novos horizontes, uni-versos, tristezas, angústias, decepções. Roda-viva. A companheira na sala de jantar, criando a sua mais nova Peça de Pintura, altas horas da manhã, aqui brincando com as letras, inventando-as.


"Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu"


(**RIO DE JANEIRO**, 08 DE SETEMBRO DE 2017)


Comentários