#POETISA E ESCRITORA ANA JÚLIA MACHADO POETIZA O AFORISMO 204 /**AFORISMO 204/ESTAMINÉ DA VIA**/#


Ao extenso atravessar dos anos,
Avistei o tempo jornadear,
Acumulei desencantos;
Mas ainda arrisco sonhar.
O meu bem-querer velar-te
Cursámos caminhos dissemelhantes…
Sucedeu – se o tempo, e, agora, compreendo
Moraste em meus poemas!
Qual poesia inventada,
Nossa querença se remodelou,
Num verso de pé prostrado
Que o desígnio apregoou.
Se de argila fomos paridos
Nesta cerâmica divinal,
Que você também executa
Somos dois físicos irrepreensíveis,
Compartindo o mesmo fado!
A mulher, eu conheço, declaro,
É ostentação da essência…
Desfrutar seu físico é ingresso
Às alienações da pulcritude!
Hei-de conceber-te, esposa,
a mais ditosa condiscípula.
Não por um dia tão-pouco,
Salvo pela existência eterna.
Detona no paraíso
Um resplendor de invulgar magnificência,
Borrifando pelo vendaval,
Fragrâncias de perene querença!
Numa aguarda melíflua e meiga,
Qual escrupulosa urdidora,
Guarneço tecido leve e translúcido de confiança,
Para ornamentar nosso devir.
Em meus esboços arrecadados,
Não existem enigmas…
Porque nos poemas que são escritos
O assunto é eternamente,
Minha grande artista plástica, companheira
Amor e cúmplice na arte e letras.


Ana Júlia Machado


#AFORISMO 204/ESTAMINÉ DA VIA#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


#MIMO" à Esposa e Companheira das Artes, Graça Fontis, por ocasião de seu Aniversário Natalício


Emoção anil,
Anil, anil, anil...
Não é na vereda a cursar
Não é nenhuma melodia para tatear no violão
Não é nenhum devaneio para mausoléus, penumbra de preces perenes
Não são tragadas com alguns amigos na "estaminé da via"
Não possuo querença.


Tenho todo o tempo do mundo para os lácios da criação e inspiração dos verbos do Ser, nonadas à luz dos raios de sol incindindo-se nas ondas marítimas que se sarapalham na praia, vazios à mercê dos encontros e des-encontros, das conquistas e buscas da estesia da consciência e sabedoria, nada às cavalitas da liberdade e das consequências que palmilham as estradas de poeira, campos de grama viçosa e esverdejante, ipseidades e facticidades ao longo dos lotes vazios... Tenho todo o tempo do mundo para con-templar as luzes e sombras da con-tingência do eterno e do efêmero...


Ei, cara!
Declare-me o que confecciono
Não é assento para abancar
No acesso da frontaria
Contemple moços e garotas que vão para bailar!
Observe o velhinho e a velhinha na cadeira de descanso
No alpendre, no início da noite, lembrando-se de suas vidas!


Ei, cara!
Exibe-me qualquer coisa recente, novidade
Oldies e oldies meus, épocas por avante
Não tem brilhas que refulgem
A não serem essas serranias no porvir?
A não serem essas gotículas de chuva escorrendo
No vidro da janela de guilhotina?
Não são lá essenciais cerros tão fleumáticos
Conseguir-me-ia licenciar, ao flanco de blues
Janas e Palomas ganindo ao longínquo?


Não é nenhuma palavra em cujo seio residem símbolos, signos de a-nunciações de verbos a conjugarem os in-fin-itivos do silêncio, metalinguísticas, metafísicas, semânticas, linguísticas a estesiarem os ex-tases do tempo e dos ventos que e-nunciam o espírito da vida, a alma da solidão.


Tenho todo o tempo para riscar com o diamante das ausências e forclusions o espelho do há-de ser o desejo de construir a realidade com o reflexo dos seus valores, a vontade de verdade com a sabedoria de comer as coisas com o olhar. Tenho todo o tempo do mundo para a estética da vida com as intrínsecas ambiguidades, encontrar a semente, o húmus para a realização do Ser.
Ei, criatura!
Não tem nenhum horto
Do distinto flanco do cosmo
Belas enflores
Onde eu conseguiria gozar do seu eflúvio deleitoso?
Enuncie-me, ó criatura,
O que eu concebo!
Lua anil
Encontra -se encovando retro do campo-santo.


(**RIO DE JANEIRO**, 22 DE SETEMBRO DE 2017)


Comentários