#AFORISMO 218/ **CORRESPOND-ÊNCIA** DA LUZ E DOS OLHOS**# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/PINTURA: Manoel Ferreira Neto


Correspondência entre náuseas e vazios, o peito em estado de glória, euforia com a alegria de as nonadas intersticiarem os recônditos baldios da alma, absurdos e absolutos, instantes-limites perpassando as ausências e faltas do ser, sem quaisquer dogmas, preceitos, valores e virtudes, simplesmente a jornada de estar no mundo.. *Corres-pondência* entre idílios e mangofas do plausível das des-virtudes, o coração pulsando de inquietações e sensações de as pontes-partidas reconditarem as imagens de emoções e sentires, in-viáveis, in-visíveis, inauditas, sem quaisquer perquirições, simplesmente os espectros no instante de baile, bailando no verso da alma, e re-versam os olhos profundos, in-versam a boca calada... Aurora para todos!


Cor-respondência entre utopias e idéias. Seria que o vinho não é um convite para os prazeres do mergulho nos subterrâneos do espírito? Meu passado onírico é agora tarde demais? Tomando-lhe aos goles esparsos, sentindo-lhe o sabor, a "... existência do entendimento somente expugna a sua realidade, quando ele se descobre a si próprio no pleno livre...", não reside uma "respondência" cordial, sensível aos sentimentos de as utopias e idéias perfilam unidas nos picadeiros do mundo, o sabor da existência do entendimento, utopias e idéias unidas, conjugadas, sintetizadas, verso-unadas correspondem aos desejos e vontades do espírito. O vinho realiza os prazeres destas utopias e idéias, mas fica o sabor de que o vinho se anunciou, apresentou-se, pres-ent-ificou-se antes das utopias e idéias, mas de qualquer modo se comungaram, ampliaram os horizontes e universos para a **consciência do entendimento", não haver o que florear, mas que sentir e verbalizar.


Cor-res-pond-ência entre sonhos e pro-jectos. Tomo vinho PINHEIRENSE, enquanto aqui, na minha casa-de-lazer, a rede, vai-e-vem, deixo-me à mercê dos sentimentos e emoções, dos pensamentos, perquirindo, em nível inda mais sistemático que à dúvida, como o vinho pôde anteceder as utopias e idéias, se à "... consideração subjectiva, mesmo criticamente acutilante acerca de si mesmo, gruda-se um factor sentimental e retrógrado, algo do plangor pelo percurso do mundo, que seria de declinar não pelo que neste há de bondade, mas porque o sujeito que se deplora ameaça entorpecer-se no seu jeito de ser, consumando assim de novo a norma do curso do mundo." Sonhos e projetos são a gotícula de água para saciar a sede de superação da norma do curso do mundo, alimentam para as travessias das pontes ao longo da jornada, da peregrinagem à busca não da Verdade, a ab-soluta, mas a consciência de que os sonhos e projetos necessitam das atitudes e ações. De qualquer modo, nesta instância da **cor-respondência" entre utopias e ideias, sente-se que o vinho perpassa os sonhos e projectos, mas um perpassar de haverem se tornado versos-unos da estética, ética, consciência-estética-ética, com-preendem-se no entendimento do questionamento e das res-postas a-nunciadas através da sensibilidade dos verbos de travessia. Sin-cronias, sin-tonias, harmonias, sentires de uma subjectividade que se não esgota, admira face a face o nulo e anexo a ela continua.


De perquirições, indagações, perguntas, questionamentos, de tudo fica um pouco, de duas folhas de grama, do maço - vazio - de cigarros, fica um pouco. Por que não ficar a **correspond-ência" da luz e dos olhos?


Às vezes, uma idéia... Às vezes, uma utopia... A palavra é cortada da boca.


(**RIO DE JANEIRO**, 29 DE SETEMBRO DE 2017)


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