#AFORISMO 203/SILÊNCIO DOS SONS DO SILÊNCIO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


A primavera sensibiliza os recônditos do íntimo, nascendo sentimentos de busca, desejo, vontade, sonho; inspira os terrenos baldios da alma sedenta
de outros uni-versos, de outros panoramas do vale, paisagens do bosque, re-nascendo emoções re-versas de ex-tases e volúpias, sensações in-versas de estesias da beleza do belo, de extasias da espiritualidade do perene, concebendo utopias do in-finito poematizado de paisagens à luz e contra-luz do além que in-fin-itiva a neblina caindo suave na terra dos sonhos, re-novando as intenções ad-versas da verdade e do vir-a-ser que eivam a sensibilidade de poesias e poiésis, de prosas e litteras, de sin-estesias e poiéticas, in-ovando versos e estrofes que sonetizam o silêncio do som, a solidão dos cânticos.


A primavera espiritualiza os interstícios do verbo abissal do tempo, os âmagos das iríasis da verdade tocando o horizonte poético.


Chove
O tempo é de frio suave.
Posso sentir as pétalas da rosa branca abrirem-se, o beija-flor sobrevoando-lhe, bebendo-lhe o néctar.


Chove
O tempo é de frio suave.
Posso visualizar o in-fin-itivo do verbo, posso verbalizar as esperanças outras
do sonho de compl-etude, da utopia da eternidade, da fantasia das absolut-itudes, fantasia de cores cintilantes, da quimera da verdade, visualizo um pintassilgo na gaiola de cabecinha baixa, está ressonando.


Chove
O tempo é de frio suave.
Posso cogitar as a-nunciações do sublime, posso pensar as dialéticas da iluminação, do vento e do ser, posso elucubrar as contradições do bem e do mal, do in-audito e efêmero, posso questionar os nonsenses do eterno. Re-flito a travessia do não-ser ao ser. Medito a passagem do sublime ao divino.


Chove
O tempo é de frio suave.
Posso cantar o som do silêncio em sin-cronia com a melodia, ritmo da solidão, em sin-tonia com o acorde das carências, em harmonia com a música do uni-verso atrás das constelações do in-finito. Sinto o tempo perpassar-me o íntimo. Sinto o vento sibilar na sua trajetória.


Chove
O tempo é de frio suave.
Posso refestelar-me na rede, dormir o sono do Verbo Ser. Deixo-me livre e solto. Deixo-me sereno e leve, ouvindo uma canção romântica cuja lírica a-nuncia a poesia do amor puro.


(**RIO DE JANEIRO**, 21 DE SETEMBRO DE 2017)


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