#ESCRITORA E POETISA Ana Júlia Machado ANALISA E INTERPRETA O AFORISMO 211 /**ÀS MANGOFAS ESCÁRNIOS INDA MAIS APIMENTADOS**/#


Ao aforismo do escritor Manoel Ferreira Neto , intitulado #ÀS MANGOFAS ESCÁRNIOS INDA MAIS APIMENTADOS#, vou tentar analisá-lo, não sei se da melhor forma, dado que ando um pouco cansada, mas iniciaria por via do escárnio ou da zombaria que se vive, com uma frase de William Shakespeare
“Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes.”


Sem dúvida, que vivemos mais do que nunca num cenário social deplorável, só estamos protegidos mesmo no ventre, quando saímos chorámos por algum motivo…


Desgraçadamente, muitas criaturas têm uma conduta perturbada e não invulgarmente operam de forma néscia em suas execuções, parindo incalculáveis desânimos em seu meio social e metamorfoseando a existência de seus análogos em algo tormentoso e cansativo. Contudo, o que a pluralidade ignora é que elas não operam pela circunstância de lograrem de uma firmeza íntegra e sim por vangloriarem uma descomunal incerteza em seus imos.


Sim, elas fazem isso por receio, não por audácia. Para comprovarmos isso categoricamente basta nós espreitarmos para o porte e contravapor delas quando enjeitadas ou condenadas por alguém. Naturalmente, elas desalentam-se e esforçam-se em retorquir através do deboche, da chacota, da depravação e da total escassez de decoro para com o seu homólogo.


O que origina comiseração, amofinação e malogro é que elas embaem a inerente alma, inebriando-se de uma encenação imaginativa onde a sensibilidade de encontrar-se no cume (que não passa de uma cegueira) é a ímpar forma de dita descoberta. Assim, elas habitam cogitando minúsculo: com as cachimónias vergadas para baixo, espiolhando mutucas que são futilidades, quando incumbiriam cogitar desmedido: alteando o gasnete e diligenciando experimentar o domínio que procede na base.
Assim, elas aniquilam o planeta e são anuladas por ele, em posturas que patenteiam um contra-senso derradeiro e digno de inarráveis estigmatizações. Não é à sirga que a labuta de um douto é transitar a vida completa arriscando persuadir as criaturas que o axiomático vive.


Logo, que possamos pretender converter ou pelo menos arriscar suavizar esse ambiente, concretizando educar e afastar as correntes dessas pessoas para que elas consigam ser claridade para o planeta e concórdia para si próprias.


Caso não seja possível, o que realmente apraz-me dizer que será inexequível e como o autor do texto verbaliza…a solidão não dá mais reparo aos aspectos da reciprocidade social, imposturas familiares, perfídias pessoais, enfim, verbaliza o senso comum, "antes sozinho do que mal acompanhado", que outra extensão seria competente, trar-se-ia nos seus esconsos pão e sustento para o apreçamento da vida?


Ana Júlia Machado


Irrepreensível a sua análise, Aninha Júlia, Ana Júlia Machado. Há-de se considerar Inter-dito além dos inter-ditos, e este inter-dito você revelou com excelência e primor. Parabéns!


#AFORISMO 211/ÀS MANGOFAS ESCÁRNIOS INDA MAIS APIMENTADOS#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Senão as mangofas percucientes e peculiares ao trivial das idéias e concepções que envelam as prospectivas, permanecendo as con-tingências a cada passo mais enchafurdadas na mesmidade, o que mais poderia ser verbalizado, dito, expresso? Se amanhã houver, haja o que explique, haja o testemunho comprobatório, por que não acrescentar às mangofas escárnios inda mais apimentados, salgados, ao longo do tempo constituindo um dossiê de coisas que impedem anunciações de sonhos, utopias, consciência, liberdade, éticas-estéticas, vis-a-vis, e mesmo que com o calhamaço do dossiê não haja qualquer metamorfose, será leitura para todas as gerações, dizendo elas efetivamente: "Quem não ouve por bem, ouve por mal".


Senão as imperfeições que habitam a alma, que são húmus, sementes para a vontade de criações, in-venções, re-criações, entregas às labutas por outras realidades, o que mais poderia haver que fosse leitmotif para a vida, ser-no-mundo, estar-no-mundo?, embora aqui resida condescendência, pois a cegueira, a alienação, cujos únicos responsáveis são as algemas e correntes aos interesses e ideologias das religiões, das ciências, até mesmo da arte, pois há artistas contribuindo sistematicamente para o absoluto das vulgaridades, assim as imperfeições não são verbalizadas, e mesmo que eles gritem a plenos pulmões "Respeitem os artistas", a perquirição sine qua non seria "Como se é possível respeitar a vulgaridade, senão sendo cúmplice dela? O ácido crítico há-de estar presente indiscutivelmente" As imperfeições existem desde a eternidade, permanecerão, são do homem, mas com labutas dignas e honrosas podem se transformar em imperfeições perfeitas, resta apenas a cor-agem para este empreendimento.


Senão a consciência do desejo do verbo e do sonho, a criação peculiar e particular, individual do destino, mas sido-com quem está se fazendo, nas con-tingências, nas situações e circunstâncias, nas antíteses e dialécticas, no medo e na cor-agem que outra coisa teria nas mãos para semear - o que é isto, o verbo do sonho estético, dê frutos ou não, vivi isto, eis o meu testemunho. Eterno, ?mas até quando.", que outra consciência poderia ser a que me lega a liberdade de criar-me, re-criar-me, re-inventar-me. Nada outro a acrescentar, se, havendo, por que não incluir no dossiê das sendas e veredas trilhadas, entregar-se aos sonhos da consciência-estética-ética, o que isto significa? Os homens amam ocultar-se e re-velar-se.


Senão os que falam a favor da vida, embora, ao mesmo tempo, quedando-se em suas tocas, aranhas caranguejeiras, dão as costas à vida, pregam a doutrina da vida e, ao mesmo tempo, são pregadores da igualdade, que outros abririam caminho para o futuro?, são os bons e os justos, mas não há-de se esquecer de que, para se tornarem fariseus, nada lhes falta - senão o poder. Tudo, entre eles, fala, nada se realiza a contento. Senão esta verdade, o rebanho de fariseus no mundo contemporâneo ultrapassa todos os que já existiram na história da humanidade, e a alienação dos homens impede-lhes de enxergar-lhes, e são recebidos com aplausos altissonantes, trazidos no recanto mais aconchegante do coração, que outra poderia abrir todas as palavras e o escrínio de palavras da inconsciência, das condutas de má-fé?


Senão a cor-agem de verbalizar o mau hálito deste século, mesmo que as consequências sejam a discriminação, numa linguagem e estilo vulgar, jogado as traças, ninguém, alfim, recebe com júbilo a crítica, mesmo que ela seja princípio da consciência, da liberdade, da autenticidade, o que é digno de reverência, pois a solidão não dá mais atenção as aparências da interação social, farsas familiares, falsidades individuais, enfim, diz o senso comum, "antes sozinho do que mal acompanhado", que outra dimensão seria capaz, trar-se-ia nos seus recônditos alimento e nutrição para a valoração da vida?


Às nossas costas, há terrenos baldios por toda a extensão da terra, do mundo, da história; à nossa frente, há lotes vagos a perderem-se de vista...


(**RIO DE JANEIRO**, 26 DE SETEMBRO DE 2017)


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