#AFORISMO 148/NO MISTÉRIO DO VERDOR# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Re-vers-itudes de re-vers-idades re-versas in-versas vers-ificam verbos
defectivos de horizontes pálidos à luz de crepúsculo tergi-versado de luzes,
alumbrado de cintilâncias e numinosidades do sol. Sonhos dialéticos de
uni-versos sombrios distantes, long-itudes ensimesmadas de neblinas próximas à
mercê de nuvens celestiais deslizando lentas, per-vagando leves, suaves,
singelas no espaço.
Esperanças con-tingenciais de in-finitos envelados às furtivas de
cânticos longínquos transpassando o tempo en-si-mesmado de rodas-vivas,
redemoinhos, cataventos, ventos sibilando ao longo do campo de lírios brancos,
vers-ejam pers-pectivas de espelhos convexos, imagens côncavas, perspectivas
verticais, ângulos horizontais, re-definindo visões em miríades livres de
silêncios extensos do ser re-fletindo os entes despidos espalhados entre as
estrelas feito poeiras cósmicas.
Gritos sufocados atravessam a noite, o mundo pára, alucinado, devorando
desejos, os olhos comendo vontades do longínquo, vers-inicializam na neblina de
qualquer esquina volátil sentimentos efêmeros tão leves e gasosos quanto as
nuvens do céu, rompendo no eterno eclipse da paixão o passado imaginário onde o
vento sopra forte lindos cânticos de complexos versos, decifrando a
encriptação, que reside no coração.
A floresta não se reduz ao espaço das árvores, em cujo centro se
adensaria a vegetação. A floresta é a fluência do verdar, estendendo-se de
verde até não verde através de articulações inesperadas de sempre mais e sempre
novas cores. Na gênese, o verde se abisma em si mesmo e neste abismar-se gera
um coração que, desaparecendo no mistério do verdor, deixa aparecer todas as
cores da realidade.
Re-vers-itudes de re-vers-idades re-versas in-versas con-templam eternas
partidas, re-versando esgares de melancolia à revelia das dialéticas do ser e
não-ser bolinando a escuridão da noite, fabricando vida plena, tecendo
conquistas com os fios tênues do desejo e vontade, seduzindo de cores
semi-vivas a nudez do corpo inter-dita do espírito da vida, re-vers-ejam
voláteis melodias, sussurradas, murmuradas, cochichadas, con-tingência de
silêncios trans-passando de finitos êxtases re-vestidos de luzes opacas o
in-finito verso do uni-verso complexo de dúvidas, inseguranças, medos,
desesperanças, re-velando o oculto, des-vendando mistérios, des-bravando o
inconsciente, des-cobrindo segredos, des-cobrindo o quanto a vida se des-cobre
e se re-vela num olhar:
Olhar de piedade,
Olhar de compaixão,
Olhar de perdão,
Olhar de malícia,
Olhar de desejo,
Olhar de solidão,
Olhar de silêncio,
Olhar de volúpia,
Olhar de sedução!
Caminho por sobre as espumas da préia-mar no meio da tempestade sulina
do inverno, atravessando montanhas de ondas abismadas de ira.
(**RIO DE JANEIRO**, 04 DE SETEMBRO DE 2017)
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