#AFORISMO 154/INSPIRADO NA ESPIRITUALIDADE, HUMANIDADE DO SER# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Ardente pulcritude,
Uma graça, um sorriso, uma virtude,
Que nem sei que claridade
Ilumina toda a vida,
Por sobre a vida entreabre o nada,
Nada mais resume a nostalgia rara
Que pasma a gente, a gente se pasma
Ausenta-se, silencia-se, perde-se,
Ressacia-se
Há-de ser selvagem e estranho,
Fonte de vinho no meio de baldes vazios,
Dando-se a mancheias aos sedentos...
Se fosse a indagar onde nascem os questionamentos, andaria em direção
aos horizontes, ao infinito, cafundós do Judas, acabando na eternidade, e é
onde o espírito humano, talvez nem tanto, há quem imagina a eternidade, é
preciso que a imagem da eternidade nos tome por inteiro, re-verse-nos,
in-verse-nos, per-verta-nos, as razões nada dizem, orientam, causas e efeitos
nada explicam com percuciência, onde o meu espírito aspira por viver, onde
minh´alma sonha sonhar sonhos, sonhando verbos. A eternidade, para mim, é a
imagem de um sonho que se tornou uma realidade, mas, sendo eternidade, continua
o seu trajeto, por entre as montanhas, o rio segue o seu trajeto, ideais e
utopias sibilam entre as montanhas, no deserto, à soleira de serras e
corcovados banhados pelas águas do mar, sua busca é o in-finito, a plenitude,
não há margens, não há pressa, aberto ao mundo e ao sonho do verbo amar,
descubro o sentido da vida, a vida, os homens, e com eles vou construindo a
relação com o outro, relação esta que frutifica o conhecimento, floresce a contemplação.
Algumas grandes perspectivas do horizonte espiritual e estético são
minhas, mas pode ser fonte de vida, e sinto-me tão em harmonia porque fora
exatamente nesta busca de conhecimento e contemplação que a fonte começou a
jorrar suas águas, e elas seguem a vocação que lhes é dada, a vocação do mar, a
plenitude, assim também são os homens, vocacionados à felicidade, ao prazer, à
realização, à divindade e santidade... aí a vida tem suas raízes e esperanças.
Oh vós, indivíduos intrépidos, astuciosos que cercais, circundais,
andais agarrados às barras de minha calça! Oh vós, indivíduos susceptíveis,
servis, sonhadores e desejosos de mundos por des-cobrir, desbravar, e quem quer
que de vós, com astucioso castiçal de sete braços, velas acesas, se embarcasse
para bosques fantasmagóricos, selvas enigmáticas, ilhas proscritas e profanas,
interpretando a visão do ser mais solitário, o trans-lumbrado, ah, se!...
Devora-me um anseio, uma sede: um riso que não é um riso de homem.
Olhando algum verbo, qualquer um deles, não só o verbo “ser”, que me
traz estes questionamentos, pergunto com toda a empáfia: “Por que o verbo está
vivo?” Após algum tempo, só consigo dizer que sou eu quem vive, sou eu quem
pronuncia e escreve o verbo, talvez por esta razão está vivo, mas ele em si não
está vivo, isto é impossível: estar vivo independente de mim. Em momentos de
desvario e insanidade, acredito o contrário, o verbo está vivo, sou eu quem não
está.
Difícil, talvez seja esta a primeira oportunidade de tratar algo com
serenidade e sabedoria, pois que compreendo e entendo o limite dos indivíduos,
também tenho os meus limites, mas às vezes pergunto para quem, enfim, estou a
dizer algo, a linguagem é erudita, clássica, exigindo conhecimentos anteriores
para o mergulho nas imagens, sonhos, filosofia, teologia, tendo de tentar
aproximar-me de um estilo mais delicado, tendo escolhido a dimensão da poesia,
e, embora todo este trabalho contínuo, ainda ouço que é difícil entender-me,
compreender-me. Compreendo os limites, se não os compreendesse, creio que não
teria tido a oportunidade de conhecer a dimensão estética, da beleza, e sigo
esta busca que é beleza, inspirado na espiritualidade, humanidade do ser.
(**RIO DE JANEIRO**, 06 DE SETEMBRO DE 2017)
Comentários
Postar um comentário