VÊNULAS UNIVERSAIS DO TEMPO GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA SATÍRICO @@@@


O tempo elabora, burila, delineia,

Aperfeiçoa as experiências, vivências,

Diviniza os saberes e sabedorias,

O que fora sendo re-colhido,

Colhido ao longo das peregrinações

Por desertos e colinas,

Fartas lonjuras e alturas,

Entregue ao in-fin-itivo do verbo esperança,

À composição dupla

Da metáfora líquida da utopia,

Ao sujeito de curvos pensamentos,

Ao objeto de exíguos intelectos,

Ao equívoco de labirínticas idéias,

Matizes da luz purpúrea,

E no absoluto do tempo que é a continuidade

Haver-se-á sempre de re-fazer, criar,

Re-versar a luz que ilumina a alma,

In-versar a treva que obscurece o coração,

Ad-versar as sombras que enlouquecem a razão,

Trans-versar os equívocos que

Desvariam os instintos,

Para o mergulho nos interstícios do ininteligível,

Do visível invisível que amplia a visão,

Do invisível visível que reduz os linces do olhar,

Re-criar os caminhos já percorridos,

Vestígios do nada e efêmero

São pedras de toque

De outros alvorecer e entardecer dos ocasos,

Ocasos de excedências, ocasos de misérias

Sem precedências.  

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Manuscrevo as incongruências duplas das

Nonadas gerundiais do vir-a-ser

Que desfilam nas nuanças do tempo,

Alvura de um cântico,

Perpassam as contra-dicções e dia-lécticas

Do ec-sistir jogado na terra,

Arrastando na sarjeta das más condutas,

Figurando na pista das posturas duvidosas,

Exilado nos bosques de segredos,

Labirintos de moléstias da psique,

Hipocrisia, farsa, falsidade, aparência,

Mesmo que a erudição haja aberto

As persianas dos caminhos para a

In-vestigação dos enigmas do eterno,

Mesmo que as vênulas uni-versais do tempo

Esplendem o sangue quente

Dos desejos de glória para a

Gnose do sempiterno.

Quê atitude indecorosa esta

De cínico e sarcástico?!

Gnose das Memórias Póstumas do Sempiterno!

Digo-o solene.  

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Um dia você des-cobre que a inteligência

Trouxe no amanhecer as

Contro-vérsias calientes

Das terras e dos mundos,

Dos lírios do campo,

Dos repiques do Sino de Lúcifer,

Dos amores contro-versos e das situações

Exemplares que não surpreendiam, Suspeitavam,

Das amizades pervertidas e das Sumas

Idôneas que não convenciam,

Eficácia nenhuma possuíam

Fosse no céu, no purgatório, no inferno.

A liberdade em questão.

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O verbo do sonho na pauta da jornada sem fim.

Fascinante o ziguezague da pena

Nos contornos da prosa que vers-ifica as razões

Pers-criptas no tabernáculo, vernáculo

Das travessias em pontes,

Verseja a sensibilidade no paráclito do erudito

Das veredas do Uno-Verso,

Fosse nas bordas da poesia que verbaliza no

Intelecto o Vedas,

Prescrever-se-iam no mármore branco,

Algumas manchas pretas aqui, lá, acolá,

Sob a forma de letras cursivas,

Instituindo-se Oráculo do Além-Túmulo.  

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Ah, "humanidade do ser",

Este flash de cintilância

Que habita o espírito da alma,

Sensibilizando as dimensões sensíveis

A regenciarem a plen-itude sob

O desejo puro da trans-cendência,

Trans-cendência trans-itiva

De divinas macunaímas do ser,

Bacamartes do não-ser,

Simões do manque-d´être,

Merseault de l´Étranger,

Verbalizando utopias simbólicas do póstero,

Embora o póstumo delineie outras visões,

Apesar de o efêmero demolir o pó de tudo

Que atravanca o dis-forme no desarvorado

Campo nu,

O vento levar a poeira das veredas

Que atola os pés, suja os sapatos

No quotidiano do ganha-pão,  

Inspirando a poiésis do sentimento de amor

A versalizar o tempo de cânticos sin-estésicos

Ritmados e melodiados com a essência da luminiscência

Que habita a lua,

E o sol sempre a con-templar

Através da libido do eterno.

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Quimeras e anseios de um ser...

Quando malogrados, são rosas dilaceradas,

Corações desagregados,

Sensibilidades ignotas,

Razões desmioladas,

Almas despirocadas...

Quando bem-sucedidos, são corações

Encarcerados pelo amor,

São rebentos de rosas oriundos do resplendor,

São emoções bem admitidas

Sensações bem resolvidas...

E por mais que não alcance

Uma favorável novidade diariamente,

Há razões de excelência para existir rindo,

Rindo à beça das

“Cositas inteligentes” da IRONIA.

RIO DE JANEIRO(RJ), 09 DE ABRIL DE 2021, 19:59 a.m.

 

 


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