SE A MODA PEGA!... GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA ¨¨¨¨¨¨


Nos tempos das Cortes de Bocós, um dos preceitos defendidos e laureados era de não se deixar tornarëm modas as coisas dos nobres, inclusive bem dispostos os cartazes “Se a moda pega...” , nalgumas praças, calçadões públicos, tabernas e cantinas onde os boêmios se embebedavam para escreverem poemas e comporem músicas para as festas populares,  o que a plebe entendia que, se um hábito indecoroso é seguido por alguns, quando todos estiverem exercendo este hábito, seria o fim das coisas, o que é a comunhão das palavras e das coisas, tocou, incendiou os medos de cometerem esta asnice, alguma pena seria atribuída a rigor, por os bocós não admitirem de modo algum as verborréias do caráter e da cachola, a pena seria a morte na banheira de gelo, a Corte dos Bocós haveria de ser por todos os séculos e milênios reconhecida como a que semeou os precipícios a que cairão quem se levar pelas modas, quem não respeitar o que eleva aos auspícios das loidias supremas e sacrilejadas, ou seja, só o preceito é caminho para as loidias de mazelas dos comportamentos, loidias de pitis de consciência-estética-ética, loidias de chiliques do bem e do mal vistos à luz do cristianismo, tudo simplesmente lógico diante dos instintos que sentem o faro de risos e gargalhadas de outrem, então é simplesmente descodificar os hábitos que levam aos processos de degradação do fútil e escalabroso, o que tem a velha opinião formada sobre tudo não deve se tornar moda, estilo de vida, jeitinho carioca ou mineiro, e só mereciam a corte dos bocós se as piradices atingissem níveis sobrenaturais, por exemplo, colar de nós em pingos dágua, o que agradaria bastante as dançarinetes da corte, exibindo as suas vestes árabes, as moçoilas da plebe que sonham ser concubinas dos príncipes tã-tãs...., ao som saudita dos dogmas e preceitos, o que há de cobras desenhadas nestas vestes jamais estiveram nos pasquins arábicos, o auge dos prazeres é quando se sente estar existindo no covil de cobras, só estas dançarinas são capazes de elevar os tã-tãs  ao gozo sem cancelas e mata-burros, tratam-lhes a pão de ló e honras de rainhas, dançar para estes príncipes é a arte das artes, e exibindo tais colares de nós em pingos dáguas, o auge da beleza.

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Se a moda pega, a moda de só através das asnadas, com o amparo delas, a raça humana de fio a pavio, a todos os continentes sauditas do mundo e da terra, onde certamente o Judas perdeu as famosíssimas botas, ou eram galochas?, é que a essência, o eidos do ser homem virá à luz do mundo, digno de risos e gargalhadas, quem tecerá a idéia que mais aproxima os bocós da amplitude de visão das coisas imbecis, idiotas, e esta visão acolher com primor a verdade verdadeira, “o homem é o sujeito de suas próprias loidias dos princípios que elevam dos precipícios da bestice aos auspícios besteróides, de onde se observa e contempla bem o teatro das mazelas e chiliques...”, quem será, quem terá peito e pedigree para defender esta tese, transformá-la em Verdade de Capa e Espada... Mas que prejuízo podem trazer  as asnices, ao contrário trazem benesses, são motivos de risos de orelha a orelha, trazem a alegria escancarada... Admitindo, aceitando, consentindo que a história é feita de contrários, nos Tempos do Onça e nos Tempos de Zagaia era a razão que imperava, inclusive até houve um Egrégio Filosofo, Kant, que escrevera a sua tese imortal sobre a Razão Prática e a Razão Pura, agora é a era das Loidias e dos Lóides, meu Deus a muvuca que será, imbecilóides, bestialóides, birutóides, cretinóides, conforme os seus pontos de vista, suas elucubrações, suas opiniões, só as bestialidades salvam o espírito de suas hipocrisias, falsidades, aparências, farsas, legando-lhes a visão nítida e nula dos despautérios dos princípios, regras, normas, exceções, como o é em quaisquer Línguas do Planeta dos Equívocos Instintivos.

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Se a moda pega, a moda de ironizar, tirar sarro, estar de sacanagem com a razão ilógica, dando origem a todos os nonsenses e despautérios, contra-sensos e ridículos, alfim os tempos da razão passaram, agora os instintos imperam, e imperam com empáfia... “Uma hora uma coisa, outra hora outra” que se revela rebelde com aquilo de os franceses dizerem: “Uma coisa é uma coisa, outra coisa, outra coisa”, mesmo de todos os lóides, não salvando nenhuma de suas classificações, os que já nasceram assim, os que se tornaram assim, os chamados na gíria de Marias-vão-com-as-outras ou Ovelhinhas de Presépio, só haverá risos neste mundo velho de iniqüidades jamais vistas debaixo do sol, conservadas para o mal pelo dono delas...

Rio de Janeiro(RJ), 28 de abril de 2021, 09:45 a.m.       

 


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