DESCAMPADO DOS DUNGAS DE SOLIMÕES GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA POÉTICA @@@@


“Não bastasse o profeta

Se vingar do futuro...”,

O pastor excomungar

A miséria pretérita,

Penou de dor e sofrimento,

Humilhações e ofensas,

Verteu lágrimas ardentes

De tristeza e mágoa,

Por tantas discriminações e preconceitos,

A Bíblia legou-lhe bufunfas gordas,

As algibeiras da dignidade e honra

In totum vazias,

Em estado de ruinância..

A Igreja Católica

Legar-lhe-ia o título de Bispo...

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Deixo fluir em versos

A morte que nomeia

Substantivos de um só gênero,

O eterno substantiva verbos

Que apresentam defeitos inconcebíveis

De moral e ética.

Deixo vivenciar a esperança

De os mistérios da vida saberem

E com-pre-{end}-erem suas razões.

Declaro-me, sem a oratória indecente das Hipocrisias, discurso lógico das falsidades,

Palestra científica das luxúrias,

Paixões excedentes,

Entrevistas televisivas da fama e do sucesso,

Glórias por excelência,  

Obstinadamente apaixonado pelo ser humano

Por suas aparências,

Nadas obtusos escondidos

Nas obtusidades do vão da porta

Para o descampado dos Dungas de Solimões,

Para a grota dos Soares e Santos,

Suarizando as efígies em carros alegóricos,

Nas paixões de sextas-feiras pagãs,
Onde reinam solenes as mazelas do caráter,

Os chiliques da personalidade caguincha,

Pasquim algum jamais imaginara

Em domínio público,

Se teria coragem de imprimir no tablóide,

Isto é de questionar, investigar a rigor,

Não se deve tocar em Ninho de Vespa...

Nesta cumbuca encontro prazer e alegria,

Nela enfio a mão, o ante-braço até o cotovelo,

Anestésico para tantos sarcasmos e ironias,

O cinismo fique a critério dos braços,

A sátira habite no coração das virtudes...

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Como o amor é espírito, é éter, é Deus vivo,

O desafio de viver tem cheiro de guerra,

Tem catinga de morte,

Tem odor de decomposição,

Tem fedentina  de carniça

Deposta da sepultura,

Ou resgatada de Paris do século XVIII,

Tem imagem de peças de ossos,

Cinzas misturadas à terra...

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Quando o fraco não protagoniza a vida,

A vida protagoniza a morte,

Quando o forte de alma e espírito

Não co-protagoniza o ser no desafio,

O poeta vive

Como o amor vive na loucura

e protagoniza a ec-sistência.

RIO DE JANEIRO(RJ), 12 DE ABRIL DE 2021, 11:09 A.M.

 

 


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