ANTES NUNCA SER DÉBIL DO QUE LÓIDE TARDIO GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA ####


Epígrafe:

 

“...outro "Universo dilata-se

Espigado em rebeldias,

Renteado ao nada

Vadios da mente circulante ao próprio labiríntico

Entregue ao princípio

Integra-se às imagens floreadas

Plantadas nas terras de único dono

Região inda abstrata de perfumes e essências...” (Graça Fontis, in AZ-VIANDO CAMINHOS)

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“Saber o mosto virgem é mel com gosto das uvas

É cheiro mágico das almas banhadas de chuvas...” Sonia Gonçalves, in CONTRA SAUDADE

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Nunca de jamais à priori das circunstâncias do antes nunca do que tarde, que biruta qualquer vazio no tal-agora-aqui de intuir o valor que reside no nunca, o que tardou demais trouxera apenas náuseas e desdém, se nunca houvesse acontecido, quiçá tudo andasse às mil maravilhas, como os dignos de princípios e virtudes desfrutam no reino celestial, pois que sabe-se “... o mosto virgem é mel com gosto de uva/É cheiro mágico das almas banhadas de chuvas...”, os profanos de heresias lídimas que os indignos saboreiam nas prefundas do inferno, con-templando confins nas pers-pectivas dos numinosos raios de sol, de leste o vento perpassa as bordas de arribas, ad-jacências do além, de sul as nuvens escuras indicam que haverá chuva, quiçá até um temporal, dilúvio à moda de Noé, esperando que se prolongue por alguns dias, para lavar as mentalidades fúteis e retrógradas, os cérebros abestalhados e promíscuos, vislumbrando eu, recostado no parapeito de minha janela - não irá demorar muito serei considerado o "homem da janela, sem camisa, óculos fundo de garrafa e chapéu de aba larga cinza escuro", cujo afazer é único na vida, isto é, bestializar as birutagens cometidas pelos birutas,  pelos transeuntes e pelos vizinhos, um jeitinho sui generis de cinismo, sarcasmo e ironia, se ultrapassarem a porta de entrada, verão que estou nu -, através da frincha de galhas e folhas da árvore que sombreiam o quintal, o brilho da lua cheia, circundando-lhe algumas estrelas. “Outro Universo dilata-se

Espigado em rebeldias,

Renteado ao nada,

Vadios da mente circulante ao próprio labiríntico

Entregue ao princípio

Integra-se às imagens floreadas

Plantadas nas terras de único dono

Região inda abstrata de perfumes e essências...”, plaga inda não explorada nos seus recônditos de esquisitices e tolices em engastanhar razões e birutices para atingir a divinidade dos valores que estabelecem com rigor antes nunca ser débil do que lóide tardio.

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Versejar: lincear profundo na alma as pers das a-nunciações de sentimentos do verbo que iluminarão com o brilho do desejo os sonhos da plen-itude dos delírios ardentes, delíquios calientes, em seus oníricos subterrâneos a amplitude da visão dos despautérios das petulâncias debilóides postas às vistas das esquisitices da fé nas discriminações dos instintos e da razão,  as esperanças da peren-itude da solidariedade acompanhada da ternura e afeição pelo sublime habitando o outro, trans-elevando-lhe aos auspícios da felicidade, cumes da paz, as utopias da liberdade, pedra de toque e angular para o tao de nonadas que des-abrocha a flor da entrega do diáfano espírito da solidão do ser à beça da alma sombria de asnadas, e assim consolidando que a amplitude da língua que visiona a expressão lídima e proba seiva os contrasensos de sabedoria krishna da luz do eterno incidindo nas contingências das buscas e querências, delírios e êxtases do Belo, devaneios do eufemismo tã-tã que envela a dureza de ser biruta, um arzinho mais leve de sentido, beatices do sagrado e do profano que residem na alma bestilóide de valores birutas, paixões e climaces do Sublime, nas dores e sofrimentos pres-"ent"-ificam as estéticas estesias do obtuso absolutizado de pectivas numinosas inter-mediando o inter-dito das desejâncias da imortalidade que cria, inventa, re-cria a leveza da terra que des-vela a imagem da vida entregue nas "mãos-vazias" do perpétuo, o livrinho de mármore branco aberto na sepultura com o epitáfio: "Versejei o eidos-essência da vida com a prosa-poética da esperança, sonhando a "val-felicidade" da estesia-estética do silêncio", epitáfio que deixará muitos visitantes estagnados, lendo, tergi-versando o olhar para alhures, cogitando e elucubrando o que tais palavras possam significar, a mensagem que em si trazem, se quem a escreveu para ornamentar a sepultura, ser sêmen de lembrança do falecido, estava batendo bem da cachola, se estava no momento cruciante, transpondo todos os limites da ausência de razão e senso, arrancando tufos de cabelos da calvície, porque só alguém alucinado com todos os seus besteiróides no auge pode deixar escrito na tumba, a mídia aplaudindo por lhe engrandecer, isto é, tornou-se índice elevado de Ibope só de mencionar isto nos órgãos de comunicação, tablóides e telejornais, como semente para a lembrança de que esteve presente no mundo.   

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Vers-ificar: jamais de nunca, caindo fora da idéia do antes nunca do que tarde, margeando as bordas das arribas, sob os ocasos faiscantes do alvorecer, de norte a neblina de suave leveza colore de branco as ad-jacências do efêmero, bordas da regência do des-eterno, alumbrando eu, sentado à soleira de meu casebre, passando um boêmio dedilhando as cordas líricas de seu violão, sei que a música é do Roupa Nova, um gatinho de pelos brancos sai do terreno baldio e atravessa a rua, acendo um cigarro, trago a fumaça ao estilo de um galã do cinema dos anos 60, James Dean, sobremodo sensibilizado por umas palavras ouvidas que me tocaram o âmago do ser por vir: " Estarei sempre voando com você, ao seu lado, rumo ao infinito que é sua esperança-sonho, lá chegaremos de mãos dadas, tomaremos um vinho em taças de cristal, brindando o amor que é chorar de nostalgia, melancolia, saudades de instantes e momentos..."

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Vers-ificar: littera-sentir nos recônditos das fantasias de sonhar a revérbora birutice do ser, ampliando de pers e retros as re-miniscências dos acordes e ritmos da música-pectiva da poiésis da palavra que metaforiza a "essência-val" dos mistérios lívidos e transparentes, re-velando as gotas em silêncios, devorando as linhas do universo, arrastando a névoa da floresta sombria do verbo-biruta da birutagem ao lirismo bestialóide do perpétuo ser biruta birutado.

RIO DE JANEIRO(RJ), 25 DE ABRIL DE 2021, 09:30 a.m.

 

 


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