ARTE NÃO É PARA LOUCOS A PENAS** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA ¨¨¨¨¨¨


Epígrafe:

 

“¨A Arte não é para loucos a penas pingos de claridade do Conhecimento, do saber que asila silêncios e solidões no colo do vazio....” (M.F.N.)

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Não é a loucura que vejo e observo num quadro de Van Gogh, a sua esquizofrenia, ou a epilepsia num romance do mestre Dostoiévski – os únicos que me administraram as lições das máximas mínimas da contingência, ipseidade, facticidade, em termos e perspectivas o símbolo, o signo da alma humana,  as tã-tãntices dos instantes de instintos profanos e hereges, da incongruência que congrue os entes de insolências e irreverentes irreverências, mas a expressão livre de um homem, o dizer espontâneo de um indivíduo, a expressão livre de seu ser – só assim, numa obra de arte me re-conheço, pro-jecto-me a outras visões e consciências do que sou, de quem sou, de quem só assim sou capaz de trans-cender e ver além de minha contingência, dores e sofrimentos, alegrias e felicidades, de meu estar-no-mundo, de sonhos e esperanças da eternidade, do eterno da morte e de cinzas, só assim numa obra de arte posso sentir que a criatividade me eleva e me real-iza, transforma-me, torna-me outro na outridade de meu íntimo e de todas as suas dimensões de êxtases e prazeres, na alteridade dos recônditos e regaços dos instintos ávidos de poder e liberdade, desejos e vontades, querências outras, fissuras de luxúrias e pecadilhos complementares.  Além de que nem todo o louco ou epiléptico, esquizofrênico é artista, a arte não é a penas para loucos, epilépticos, esquizofrênicos, esquizóides, hipócritas e imbecis, bufões, estrangeiros, ateus e peregrinos, gurus e profetas; na arte, porque na escrita qualquer um deles pode fazê-lo.

Os hipócritas e os imbecis são os que mais tem livros nas estantes das livrarias, os esquizofrênicos mais se ajuízam os imortais, os que mais se aproximam da verdade, embora se lembrem de que o real só exista na imaginação fértil, e se só mostrasse as caras num momento de delírio, delíquio e delinqüência o que haveria de compreensível e inteligível não assinaria com leveza as contradições e exceções da consciência frígida.

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Precoces as quimeras inauditas das ausências,

As raízes sublimes do há-de germinar frutos,

Reverberar mundos desconhecidos,

Corroborar pensamentos inconscientes,

Cruzar mares longínquos,

A penas de desvarios, devaneios...

Lá onde as dúvidas nascem,

As luzes das chamas de fogo convidando

Às indagações, questionamentos,

Sandices perpétuas em cujos pilares de zagaias

Ilusões, pensamentos, dormitam

Fundamentos cruciais

Que giram os cataventos

Das verborréias meigas, insolentes,

Das verbiagens infernais e indecentes,

Das falácias irreverentes,

Socapas do instante-limite,

Esparsas as idéias presentes,

Preenchendo espaços vazios,

Perdição, alucinação,

Soma dos catetos olvidados,

Fogos fátuos incendiando os nonsenses

Das ausências e falhas da inspiração,

Há uma pergunta que não se cala

- se as faíscas manifestas piscam a luz da sabedoria,

Respondem ao nada sedento de silêncios,

Se as cinzas quentes das achas crepitadas

São preâmbulos de outros horizontes,

Vagalumiam os pingos de claridade do Conhecimento, do saber que asila silêncios e solidões no colo do vazio?

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Toda a real-ização, por superior, implica o estar-no-mundo, ou seja, a presença de um corpo nele. Pobre bocado de carne tão perecível, tão degradado na miséria que a cada instante o corrói ou ameaça.¨

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O medo, a insegurança, insolência,

Rebeldia, leito esplêndido das macunaímas,

Des-inspiração, a voz se cala,

As palavras emudecem-se,

As letras emurchecem-se

Os sentimentos apagam-se,

No regaço de abismos da alma

Carente de princípios e virtudes,

Anéis de fumaça

Consumam tristezas, ilusões,

Metáforas que perderam no tempo

O brilho de querenças, desejares

Hipérboles que escafederam nos bosques

Os exageros da sequidão...

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Do incognoscível dos sentires e pensares

Trevas e luzes originam diretrizes,

Perspectivas,

De passos e visões à frente,

O espírito devaneia desvairado,

Curvas sinuosas de estradas,

Mares revoltosos de águas frias

Ondeando movimentos,

Ovelha perdida no sopé da montanha

À mercê do sítio para si instituído,

Pastar humanidade do ser

Na grama introspecta, circunspecta¨,

Gerlandiando aberturas e frinchas

Nítidas nulas

Aos picos e auspícios de montanhas

Banhadas pelas águas do OCEANO DE IMAGENS Da Algazarra e do Silêncio,

Sob os ventos das Artes da Palavra e Cores...

Rio de Janeiro(RJ), 29 de abril de 2021, 17:02 p.m.

 

 


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