*BANHO VERBOS DE MORTE E VIDA* GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@


Senhor,

Não há o que assevere

Pós morte a vida é outra,

Grande é ela, até mesmo divina!

@@@

Morrer a morte

Não morre a vida

Viver a vida

Não morre a morte.

Morte e vida

Vida e morte.

Seria que, morrendo,

Nasce a Vida

Ou, vivendo, está-se

A morrer a vida?

@@@

Se sonecasse venturas e des-venturas

Fosse ipsis litteris sementes

De ironizar jogos da mente,

Nada haveria de simplificar

As ondas de medo,

Vazia a memória investiga pretéritos

Da vida humana.

@@@

Horizontes e universos

Esplendem o nada des-finito

Nada de sombras, brumas,

Nada de raios de sol, luzes;

Reverberam o vazio de

Fin-itudes e ad ribas

Buscas do verbo de além

De temas em temas,

Formando sementes e raízes,

Sementes e raízes que o tempo

Assegura os frutos,

De temáticas em temáticas,

Verbalizando as flores

Que, sob a incidência do sol e luzes,

Permanecem verdes e viçosas,

Num jarro oferta aos corações solitários;

À noite, à mercê dos ventos de leste,

Recebem a neblina a cobrir-lhes, beleza e vida,

Secam, caem, tornam húmus

De outras folhas, flores

@@@

Morte e Vida

Vida e Morte

Trazei os vossos infinitos e sombrios

Qual profuso fanal, por sobre o meu gentio

E todos os rincões haverão

De banhar-se em verbos de luz,

Lavar-se em gerências e regências de trevas,

Fiquei silente, oh vida, oh céus,

Ouvindo estranho canto, inédito, eloquente,

Na grandeza sem fim dos pulcros avatares...

@@@

Não sinto mais o furor das tempestades,

Das ondas o rumor, o murmúrio, o sussurro,

Nem doutras potestades,

Dos surdos vendavais na vastidão dos mares,

Das silenciosas ventanias

Nos auspícios de picos,

Venho sussurrando os prados e cascatas,

Eu, o vento,

Penhascos e jardins, de onde brotam flores

Que trazendo da selva o perfume dos ramos,

Ao rosto levarei o mundo iluminado

Ao fogo da glória.

@@@

Vida, morrer

Morrer, vida

Quê estranho ocaso cuja luz difusa

Re-vela o tempo, a-nuncia o além só pela aparência,

Mostrando ao mundo sua lei confusa.

Inverno da vida é pó-ente

Primavera da vida é pó-esia,

Estesia do pó

Pós náuseas do destino inevitável,

Raios fundindo-se lentamente

À noite delirante e caprichosa.

RIO DE JANEIRO(RJ), 29 DE MARÇO DE 2021, 11:18 a.m.

 


Comentários