AUSENTE E INEFÁVEL FELÍCIA GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA @@@@


O alto valor dos idílios que precedem

As coisas vãs, fúteis,

A alta origem das esperanças revolve,

Revolve simples e com humilde sapiência

Os ignaros caracteres

Analfabéticos do nonsense,

A auto virtude das utopias

A auto crítica das carências sublima,

Sublima isenta de interesses de glórias, Orgulhos, Vaidades,

Servindo-se da mimeses, katharsis

A alteridade do outro:

Um olho manda o outro à m...

Um olhar cata jerivás ao extenso do espaço,

Sidéreos os sabores na língua promíscua,

Educada por princípios e lemas do porvir,

E não se compreende a compreensão

Das ausências e faltas do ser,

E melhor do que ninguém

Você des-cobre que o apreço da felícia

É erudição do que é viver,

É estilo do que é existir,

É linguagem metafórica e metafísica

Do que é prolongar-se no mundo anônimo,

Estrangeiro, estranho aos preceitos,

É ontologia poética

Do que é morrer por encontro imprevisto,

Rebelde aos dogmas em vigência,

Revoltado com as ideologias imperativas,

Similar ao ente

Que nasce sem razão,

Prolonga-se por fraqueza

E morre por encontro imprevisto,

Um dia a tormenta trans-põe,

A tempestade dis-põe a inefável poesia

Dis-farçando na meiguice plástica

Os longínquos apelos do fogo celeste

Que acenda as achas do corriqueiro,

Crepite-as às cinzas do vulgar mesmado,

Do mesmo vulgarizado,

Deixando-as sinuosas

Como o andar da cobra

No solo íngreme e seco do sertão,

Os distantes reclames do aconchego solar

Instiguem às veras metamorfoses

O saber do espírito,

E você capacita que tudo

Na existência tem sua importância, serventia,

Intrui que todas as coisas presentes no mundo

Precedem ou vão além das dádivas e doações,

Contentam ou entristecem por incapacidade,

Ineficiência, inapetência,

As bem-aventuradas utopias gozam,

As exegeses e metafísicas das intenções

De verbos d´alma, conjugados à luz do eterno,

Regenciados pelas trevas do absurdo,

Gerenciados pelo incognoscível do fugaz,

Vida sem cuidados, sem engenhos,

Ouvindo em silêncio versos memoráveis

Sobre o destino, à mercê das fantasias,

Espectros do nada,

Náuseas da completude que acessoriam

O abismo do múltiplo, multiplicidade,

Ao léu das quimeras e indagações,

De imagens vazias de perspectivas,

Contra-luzes do medo e solidão,

Luzes da coragem e silêncio,

Cores fortes e líquidas da liberdade,

Tons leves e oxigenados de consciência

Do intelecto e da estesia,

Hidrogenados de anima

Do subjetivo e sensitivo  da alegria insólita,

Do riso e gargalhada des-conectados, Desconexos, des-congruentados,

Ex-tase que começa do outro lado da moeda,

Para atingir a cara da efígie

Solsticiada de sigilos do contínuo e reduzido,

Todo detalhe, no ato da procriação,

Da gravidez, do nascimento, desperta

Os mais elevados e solenes sentimentos,

Pintando o sete das paixões profundas da alma,

Na doutrina dos mistérios

A dor é santificada, sacralizada,

Apesar das coisas encobertas

Que nem os olhos trairiam,

Nem a língua ampliaria a visão de seus verbos,

Para uma ênfase que sarapalharia

As conjugações de primeira, segunda e terceira,

Sarrabiscando os retos e oblíquos

Do tempo e do “eu”, do ser e do “mim”

Versificado sujeito da travessia no reflexo

Da face na emolduração da imagem, 

Alguma cosita extraordinária haja passado,

Haja surpreendido e assustado,

Embora ipsis verbis inconsciente,

Ipsis litteris imperceptivelmente,

Seivados de luzes,

Sobre o oráculo de travessias

À lá Delfos,

Perscrutando a idéia de inspirar

As veredas do nada ao in-finito,

As trilhas do desvão ao insólito das fronteiras

Do esquecimento e memórias,

Os ventos do abismo soprando

O orvalho da madrugada,

Sob o canto da coruja em meio

A sonhos gnósticos

Que amainam angústias e

Visões horripilantes, terrificantes,

As vertentes do oco, vácuo

Espaireçam os sítios do inócuo

Por rima e sonoridade à míngua do desconsolo,

Mais que inspiradas nas inspirações florativas

Dos floreios engenhosos do espírito

Enamorado da alma em instante inédito

De paixões interditas na interdição do devaneio,

Na extradição do desvario promulgado

De proibições, fronteiras,

Cancelas, mata-burros,

Mesmo todos os percalços que se cruzam Conosco nas bifurcações das trilhas,

Mesmo que aparentem ser nonadas,

Nó de nadas vazios de origens e fontes,

Representem asnadas,

Ás de nadas do saber e sabedoria,

Mas que possuem fundamento,

Estampando n´alma os gestos e as falas

Isto possuem...

Gestos e falas são naipes do sujeito e objeto

Que elaboram

Os jogos das intenções e perspectivas

Congruentes, convexas, côncavas,

Não queiram as dialogias,

Não admitem as diegeses,

Não queiram as dialécticas, aposiopeses,

A penas esboço de idéias, pensamentos,

De uma teoria das emoções,

De uma tese das sensações,

De uma antítese das paixões e instintos,

De uma síntese do devasso e da veras,

Apenas ulucubrações do proibido,

In totum permissível,

A tensão, a distância entre os extremos

Tornam-se nos tempos hodiernos cada vez “mais menor”

- por fim os próprios extremos se des-fiam,

Engastanham-se até atingir a semelhança,

Até alcançar a aderência...

RIO DE JANEIRO(RJ), 10 DE ABRIL DE 2021, 11:26 a.m. 

 

 


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