Ana Júlia Machado ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA O POEMA Cegueira da Visão Entre o Erudito e o Vulgar ####


Uma das coisas que me instigam nos dias de hoje, e onde o escritor Manoel Ferreira Neto, é bem explícita a sua revolta no texto CEGUEIRA DA VISÃO ENTRE O ERUDITO E O VULGAR é o anseio de fama em detrimento de uma língua erudita em uma vulgar e sem sentido é a que leva a grande meditação concedida às criaturas ditas famosas, que chegam a incontáveis capas de revistas e programas televisivos e são alvo de paparazzi. E isso ocorre precisamente porque as criaturas enaltecem e se preocupam por aqueles que são célebres mas, sem sumo, completamente ocos de intelecto livremente do como apareceram lá. Além disso, há uma discrepância, que acho muito curioso, entre aqueles que são afamados sem empenho, arte ou interesse profissional e aqueles que não o são, mesmo tendo colaborado muito para a sociedade, como criadores ou sábios. Outra coisa que me chama a atenção é a tentativa das pessoas para “suceder”, como nos diferentes reality shows, programas de TV ou mesmo na Internet, no Facebook ou blogs. O Facebook, por exemplo, é frequentemente aproveitado como instrumento de superexposição. A delineação do perfil pessoal e as fotos exibidas expressam uma cólera própria. Muitas vezes, descreve-se e mostra-se em fotos uma representação planeada, retratando procedimentos de notoriedades. Os blogs, para muitas figuras, servem meramente como um instrumento de falar de si próprio, participar suas práticas, desabrochar sua vida privada e divulgar-se. Seu final alvitra ser a demanda de alguma evidência social e certa intensão de exposição de êxito próprio. Muitas pessoas forjam e manipulam a informação, que muitas vezes são engendradas para angariar a atenção do público internauta. Mas, meditando a respeito, pessoalmente, compreendo como é complicado ser ou sentir-se enaltecido sendo um básico incógnito e, a meu ver, esse é o sentimento de muitos na sociedade contemporânea, onde só é considerado aquele que sucede, que encontra-se em destaque. É aquela ideia: “Tudo o que é bom aparece” Assim, no inverso, se não sucede é porque não é benéfico. Quando conversamos de notoriedade, falamos de assuntos que abrangem o narcisismo de todo ser humano. De um certo modo, todos nós pretendemos e carecemos de reconhecimento. É pelo observar de reconhecimento do outro que amoldamos nossa autoestima (embora não concorde com este tipo de fama, nem de querer aparecer a qualquer custo), mas aqui estamos a conversar de algo divergente. A notoriedade, do estilo é procurada hoje, diz respeito a uma carência de ser apreciado por um número muito grande de pessoas, quando o que deveria veicular é ser enaltecido pelas pessoas de trato mais perto, aquelas que deveras nos percebem. Além disso, quem procura essa fama não pretende só ser apreciado, quer igualmente ser cobiçado, o que envolve forçosamente um anseio de impor-se ao outro, de parir nele alguma sensação nem sempre precisa. Assim, a ambição de fama é um anseio narcísico de ser íntegro para o outro, ser ímpar, o superior. Nessa dinâmica só existe espaço para um, previsivelmente, o outro é escassamente um assunto de sustento desse indivíduo. E hoje, a faculdade de executar esse gosto narcísico é dada virtualmente a todos, os falados nem que seja “alguns minutos de fama”. Essa hipérbole é que não pode ser encarada como sadia. Existe inegavelmente uma fascinação com as famas. Aonde acercam prendem a ponderação de todos, e isso já lhes concede uma autoridade enorme. Num outro nível, encontrar-se na mídia é converter-se uma semidivindade, é encarnar o perfeito, é ser apreciado por todos. Eu verbalizaria que certamente a fama dá esse domínio, que é o poder de nem necessitar questionar “Você sabe com quem está a falar?” Isso faz algumas notabilidades meditarem que tudo podem, diversamente dos incógnitos, com apoio naquela convicção: hoje em dia o que é bom é o que aparece. È claro que essa é uma ideia errada, especialmente numa era em que vale tudo para suceder, mas não podemos contradizer que essa ideia reina na sociedade hodiernamente. Mas mesmo sendo assim, facultando de facto algum domínio a algumas pessoas, ainda existe muita fantasia da fama. Ela alcança superpoderes na ficção. Segundo algumas pesquisas, a fama surge como algo radicalmente imaginado. Eles concebem que sendo falados serão tratados com cuidado particular, poderão visitar restaurantes sem reembolsar, laborar quando pretender, fazer o que e quando tencionar, intrujar a lei e ainda assim serem excepcionalmente apreciados e cobiçados. Claro, é isso o que vemos alguns afamados fazerem… Essa representação ideal alicia os que pertencem ao anonimato e os faz cobiçar encontrar-se nesse espaço onde teriam a onipotência do narcisismo absoluto. E essa aliciação não é somente pelo anseio de ser famoso: a fama vende porque agita com o narcisismo das individualidades, aguilhoa esse lado. O público das campanhas propagandistas é espicaçado a actuar quase como um “mini-famoso” no seu mundinho próprio, a usufruir da independência e o domínio de simpatia que afigura nas famas. Nesse sentido, o ideal narcísico da fama opera em todos nós, inconscientemente, enquanto popular de campanhas propagandistas. Daí se compreende que fama, avisos, revistas, comércios e fofocas andam anexos. Ao comércio importa que haja famas. Num outro grau, o anseio de fama é uma ânsia de distinguir-se e ausentar-se à futilidade presa ao anonimato. Por isso, é que a língua erudita ao comércio não interessa - não vende. Somente o oco, o supérfluo e a vida dos outros, é que agradam, a uma grande maioria, e isso, vê-se efetivamente nas redes sociais, que já enjoam de tanta vulgaridade. Um bom texto não é lido, mas se for colocada a vida de uma pessoa e fotos de preferência bem apelativas, não faltam os “likes”. Mas, prefiro não ter um “like” do que cair na vulgaridade que se vê...as redes sociais são sem dúvida o caleidoscópio da sociedade conspurcada em que vivemos. Nunca na vida atingirei a fama e nem queria...não estou à venda nem em saldo... E, como refere o escritor Manoel Ferreira Neto -Vulgar encarar ignóbil a inestimável erudição, a qual, se é abominável em alguma coisa, não o é senão enquanto ecoa na boca rameira desses infiéis, após os quais seguem os invisuais a quem aludira em IGNORÂNCIA DA CONSPECÇÃO ENTRE O DOUTO E O BANAL.

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Ana Júlia Machado

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CEGUEIRA DA VISÃO ENTRE O ERUDITO E O VULGAR

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: PROSA

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Para perene labéu e desdém dos malévolos lingüistas e gramáticos do Brasil quem recomenda a Língua Vulgar – aliás, empreendem até transformações na Gramática, tornando-as leis – e desprezam a Língua Erudita, tenho orgulho em verbalizar que a decisão deles provém de não saber distinguir com veemência se é a Vulgar ou a Erudita que estabelece a comunicação eterna.

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Vejamos!... A dimensão sensitiva da alma possui olhos, com os quais percebe e capta a diferença das coisas pelo fato indiscutível de que são exteriormente coloridas, assim a dimensão racional também tem seus olhos, com os quais capta a diferença das coisas enquanto são organizadas para um certo objetivo. Aquele que é cego dos olhos sensíveis, tenha nascido cego ou tenha perdido a visão, segue sempre aquele que o guia nos seus itinerários, bem ou mal, assim também aquele que é cego da luz do discernimento segue sempre em seu juízo a opinião corrente – a verdadeira Língua é a vulgar, pois que institui a comunicação do povão, seja correta ou eminentemente falsa. E se por acaso o guia é cego? Se o guia é cego, o guiado também o é, é evidente que terminem mal. O cego que guia outro cego inevitavelmente cairão no abismo. Este vozerio sem fronteiras se ergueu por tempos imemoriais contra a Língua Erudita. Os cegos a que me refiro, que são em número quase infinito, com a mão nos ombros desses farsantes, caíram no abismo do falso ponto de vista, de onde não conseguem se mover, estão encalacrados. A Língua é conquistada pelo hábito, experiência de falá-la, escrevê-la. Seguindo os passos de Boécio que afirma ser vã a glória popular por não ter discernimento, assim a Língua Vulgar é vã por não ter discernimento. O povão, os lingüistas, os gramáticos devem ser chamados de ovelhas e não homens, devido ao fato de que se uma ovelha se atira de um penhasco de quinhentos metros de altura, todas as outras a seguirão e se uma ovelha por algum motivo ao atravessar uma estrada ou uma rodovia salta, todas as outras saltam, mesmo não vendo nada para saltar. Já vi muitas ovelhas pularem num abismo por causa de uma que pulou dentro dele, acreditando, quiçá, que estivessem saltando uma cerca de arame ou um muro. Já vi professores de Língua Portuguesa cometerem erros crassos de gramática dentro de sala de aula, os alunos por conseguinte seguirem os seus passos na fala do dia a dia. Ainda dizem explicitamente aos alunos: “A escrita deve seguir as normas gramaticais, na fala nada disso importa, podem cometer todos os erros possíveis e impossíveis.” Então, para que estão ensinando a Gramática erudita, clássica?

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O mau ferreiro culpa o ferro que lhe foi apresentado por a faca, ferradura não haverem ficado perfeitas e o mau guitarrista culpa a guitarra por não realizar o som desejado, acreditando atribuir a culpa da faca ruim, imperfeita e do toque errado ao ferro e à guitarra e eximir-se dela. O gramático culpa a Língua Erudita pela falta de comunicação, com a erudição não há compreensão e entendimento entre as pessoas, a Língua Vulgar é que une os homens. Para se desculpar diante da Língua Erudita acusam a matéria, isto é, o próprio idioma erudito, e recomendam a vulgaridade, criam leis e regras para ela. Quem quiser verificar essa disparidade é só dispor alguém que fale a Língua Vulgar e outro que fale a Erudita numa conversa. A vulgar morre no decurso do diálogo, a erudita adquire mais rigor e vida porque transcende o momento e o tempo, a inteligibilidade desta rompe as épocas, eras. Lembremos Cícero que criticava o latim romano e recomendava a gramática grega por razões semelhantes como essas de hoje que classificam de vil a Língua Erudita e preciosa a Língua Vulgar.

RIO DE JANEIRO(RJ), 21 DE ABRIL DE 2021, 09:33

 

 

 


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