FOGO ERUDITO DOS DESEJOS E VOLOS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA @@@@



Post-Scriptum
Recentemente, a inestimável Amiga
Ana Júlia Machado
dissera-me que a nossa amada netinha Aninha Ricardo, uma criança de três anos de idade, tem uma paixãozinha especial pelo Português do Brasil. Matutei por alguns dias como iria expressar a minha paixão por minha Língua Erudita. Assim nasceu este texto.
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Se realmente das janelas de uma residência no meio de um quarteirão de rua saíssem línguas de fogo e alguém indagasse espantado se há fogo dentro da casa e um outro lhe respondesse sereno e tranqüilo que sim, há fogo dentro da casa, não saberia mesmo ajuizar qual dos dois deveria ser objeto de debique. Não seriam outros quinhentos réis, se a perquirição a mim fosse dirigida e a resposta, se a tivesse de dar com todos os ristes na ponta dela, se o amor por minha própria língua está em mim, reside-me, habita-me e eu lhe respondesse que sim, o amor por minha língua está em mim. Entretanto, para revelar com primor e engenho que não apenas amor, mas perfeitíssimo amor dela subsiste em mim e para criticar, ironizar ainda mais meus adversários, que não a conhecem, usam-lhe a deus-dará, com todos os erros crassos, equívocos ruços, demonstrando isso a quem bem entender, direi como me tornei amigo inseparável dela, leal e fiel, e depois como a amizade foi confirmada, engastanhamo-nos no desejo da expressão erudita dos desejos e volos do Ser e do Divino. A proximidade e a bondade são naturalmente causas geradoras de amor; o benefício, o estudo e o costume são causas acretivas do amor. Todas essas causas, aderidas, em uníssono, concorreram para gerar e confortar o amor que sinto por meu idioma erudito, amor que me acompanhará pela eternidade.
RIO DE JANEIRO(RJ), 20 DE ABRIL DE 2021, 10:12 a.m.

 

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