O FOGO E O MARTELO DA ERUDIÇÃO GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA @@@



Post-Scriptum
Recentemente, a inestimável Amiga
Ana Júlia Machado
dissera-me que a nossa amada netinha Aninha Ricardo, uma criança de três anos de idade, tem uma paixãozinha especial pelo Português do Brasil. Matutei por alguns dias como iria expressar a minha paixão por minha Língua Erudita. Assim nasceram FOGO ERUDITO DOS DESEJOS E VOLOS e O FOGO E O MARTELO DA ERUDIÇÃO.
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Tendo dito em Fogo Erudito dos Desejos e Volos haver-me engastanhado à Lingua Erudita, proporcionando-me amá-la de paixão, aquela paixãozinha especial que a portuguesinha criança Ana Ricardo Machado sente pela Língua Portuguesa do Brasil, não me esquecera de pensar e refletir sobre os benefícios que esta atitude legara-me. Não é tão simples verbalizar pensamentos e reflexões, quanto mais se a intenção fundamental é a verdade das coisas, mister mergulho profundo, tempo é despendido nisto.
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Verbalizarei agora como por benefício e afinidade com o ser de mim e afinidade de estudo e por benignidade de convivência de longos e longos anos, quase até imemoriais a amizade com a Língua Erudita foi endossada, tornando-se grande, tão grande que é difícil discernir com veemência se ela sou eu ou eu sou ela.
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Em primeira instância, verbalizo que em meu proveito próprio recebi dela talentos e dons de enormes benesses, havendo até quem diga que escrevo fora de mim, a Língua Erudita escreve em mim. Deve-se com sabedoria digna saber que entre todas as benesses a maior é efetivamente aquela que é mais preciosa, constitui o tesouro inigualável para quem a recebe. O “engastanhar-se” a algo significa unir-se-lhe de tal modo que um e outro se seivam de valores em uníssono. Haveria coisa tão preciosa que para obtê-la fosse desejada todas as outras? E todas as outras coisas são almejadas para aquele que as almeja atinja a perfeição? Em verdade, desde longo tempo sempre cri haver no homem duas perfeições: a primeira o faz ser, a segunda o faz ser bonançoso. Se a própria Língua Erudita foi para mim causa de uma e de outra – reconheço-o solenemente -, enorme benesse recebi dela. O fogo e o martelo são causas eficientes da faca. A minha Língua Erudita foi o vínculo de meus ancestrais que com ela se expressavam, entendiam-se com clareza e distinção, como o fogo é o moldador do ferro para o ferreiro que fabrica a ferradura, a faca e outros utensílios, porquanto é inequívoco que ela concorreu, contribuiu para minha educação e assim tornou-se alguma coisa de meu ser, o ouvido então tornou-se hiper sensível, um “a” simples colocado fora de seu lugar próprio o ouvido ressente, e com efeito algum esgar fisionômico se apresenta, o mais comum é o de desdém. Posso inda verbalizar além: esta Língua Erudita introduziu-me nos caminhos da Filosofia, da Literatura, da Poesia, constituindo elas as mais altas perfeições da cultura e do intelecto.
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Ao longo dos anos, anos de convivência contínua, sem períodos de hiatos, aconteceu a familiaridade da convivência, porque desde o início de minha vida fora ela a mestra, fui eu o discípulo, entreguei-me a aprendê-la, a aprendizagem se faz na continuidade das experiências. Intensificando a amizade com a convivência, como aparece na experiência, é óbvio que ela cresceu em mim de modo indizível, fenomenal. Estive familiarizado com a Língua Erudita por todo o tempo de minha vida. Constate-se que para esta amizade atingir o nível que atingiu estiveram presentes todas as causas geradoras da amizade. Não somente amor, mas perfeitíssimo amor é o que devo ter por ela e que realmente tenho. Faço questão de apresentá-la ao mundo, divulgá-la como merece sê-lo. Esta é a gratidão do discípulo para com a mestra.
RIO DE JANEIRO(RJ), 21 DE ABRIL DE 2021, 05:07 a.m.

 

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