PAPIROS DA ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO🏹 GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA @@@


Quem não é corvo não deve sobrevoar vulcões,

Quem não é urubu não deve querer ser lixeiro da humanidade,

quem não é coruja não deve cantar nas madrugadas,

quem não é galinha não deve ciscar no quintal

do vizinho,

quem não é pingüim não deve desejar viver na Antártida,

quem não é elefante não deve pedir à formiguinha para descer a calcinha como gratidão, após atravessá-la no rio de águas revoltas,

quem não é serpente não deve seduzir a desobediência,

quem não é jegue não deve intelectualizar preceitos, dogmas,

princípios do Ser e do Nada,

quem não é vaca não deve vaclichar nas coxias

do pasto,

quem não tem pedigree para ser algo, melhor ser nada do que pagar mico pela panda palhaçada...

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Arauto do invisível avulta pela permanência

O oratório que vibra a fibra adormecida,

O dis-curso que liberta a liberdade esquecida,

A palestra que convoca as Nações a aderirem ao Caos e Violência sociais e humanos, liberando aos cidadãos armas de fogo, alfim a vida não tem valor algum,

O dia-logus que des-creve o in-audictus in-terdicti

Das vontades de poder, dos desejos da verdade,

Na plenitude da aparição, da brev-idade,

Nas origens, limiar de interrogações...

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Adere os sentimentos nos liames das buscas e projetos, concilia as emoções nas eidéticas das desejâncias e volos, diá-logo de sementes regadas com a água límpida de fontes puras e singelas, monólogo de águas, nascidas além montanhas, além sertão, nascidas além solidões e silêncios, aquém chapadões, concebidas aquém infinitos universos.

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A fome do azul que in-venta o avental,

tenho poesia e sentimento do mundo,

tenho versos e visão da vida,

tenho estrofes nas in-versões da estrutura

de papel, de linhas, de páginas, folhas, papiros

da ÚLTIMA FLOR DO LÁCIO,

reunir sonhos e in-verdades,

utopias e quimeras,

busca de in-finitas aspirações, inspirações,

nos mergulhos profundos de verbos e essências

a sede do verde que cria os olhares ao distante,

ao longínquo, ao alhures dos instantes-limites,

absurdos, náuseas,

o mistério insiste em permanecer in-inteligível

nas mineir-icências e mineir-alidades,

nas brasil-icências e brasil-idades,

nas carioqu-icências e carioqu-icices,

nas paul-icências e paul-icéias,

nas curvel-asnadas e corvell-asnices

os enigmas da moral e ética

persistem em não olvidar

as caguinchices do caráter e personalidade,

as essências e o ser delas

não tergi-versem as veredas

Do aqui-e-agora.

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Hinos de fé e esperanças no tempo - encarnam a ênfase e as volúpias, inundam a alma de outras querências -, de nosso ser serão pedra angular de utopias pagãs, autos dos ideais hereges, profanos, rogando a plen-itude e sublim-idade do eterno “enquanto dure”, o sensual greta-se com o suave, a libido engastanha-se com os espinhos de cactus, como para dar melhor a-colhida à nobreza dos sentimentos, de outros arrebiques do belo em barrocas tardes de chuva fininha ou de sol incandescente, de outros confins a abrirem lentas a mente, as nuvens brancas dos desejos.

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Quem não é águia não deve pousar sobre abismos!...

RIO DE JANEIRO(RJ), 18 DE ABRIL DE 2021, 08:59 a.m.

 

 


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