O ORGULHOSO E O PUSILÂNIME GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA @@@@



Epígrafe:
Do modo como as coisas estão se decursando, percursando, o fim inevitável será o de crucificarem-me.
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Considerando que em certo momento de crítica da pintora, escritora e crítica literária Graça Fontis de minha obra, refere-se ela “... a amplitude de visão da língua...”, o cuidar dela com esmero significa reconhecer que ela abre inúmeras dimensões de análise, abre horizontes vários para pensá-la e refleti-la, a visão amplia-se ilimitadamente. É obrigação, responsabilidade da Língua ampliar sua visão. A do escritor ampliar seu pensamento e idéias.
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Há muitos que pelo fato de escreverem em Língua Vulgar, com todo desdém pela Erudita, e recomendá-la acreditam ser mais admirados, são entendidos e compreendidos com facilidade, tornam-se famosos e celebridades, eternizam-se e imortalizam-se, do que se o fizessem com a Erudita, usam a Vulgar como vanglória. Não se deve deixar de encomiar o empenho em aprender a utilizar bem a Língua Vulgar de modo a tornar mais fácil a compreensão das idéias e pensamentos com os tripúdios e tramóias peculiares, tirar da boca do povão a língua e a linguagem não requer quaisquer esforços, mas é lastimável recomendá-las além da verdade, somente para vangloriar-se do domínio da vulgaridade. A vulgaridade não requer o pensamento da língua que se pensa, do escritor que pensa o seu pensamento da língua e a transcreve ipsis litteris e verbis. A questão se faz presente: o pensamento da língua que se pensa e a do escritor que pensa o seu pensamento da língua devem se engastanhar para que a linguagem se mostre cristalina e límpida, o estilo se revele lúcido e transparente. A Língua e o escritor se manifestem nítidos e evidentes, serem uma coisa e outra, serem em uníssono. O orgulhoso da Língua Erudita sempre se exalta em seu coração e alma, o pusilânime da Língua Vulgar de modo inverso, sempre se considera menos do que é, o que é sobremodo interessante porque ele usa a vulgaridade como vanglória, vangloriar-se por ser menos do que é torna-se um despautério sui generis. Exaltar e humilhar per siempre têm relação com algo pela comparação da qual se torna grande o orgulhoso e pequeno o pusilânime, ocorre que o orgulhoso sempre considera os outros menores do que em verdade são e o pusilânime, sempre maiores. Com a medida que o homem mede a si próprio mede também as suas coisas, que são parte dele mesmo, que residem nele, são-lhe o eidos, ocorre que para o orgulhoso suas coisas sempre parecem melhores do que o são e aquelas do pusilânime, menos boas; o pusilânime acredita de modo ímpio que suas coisas têm pouco valor, dos orgulhosos, muito. Sendo assim, muitos, por intermédio dessa vileza, desprezam a Língua Erudita e exaltam a Vulgar; antes ser pequeno e ser inteligível e compreensível a todos do que ser grande e orgulhoso e ninguém entender, compreender, o mesmo que falar Latim com favelados ou Grego em terra de índio. Todos esses são os abomináveis culpados, responsáveis da Língua Vulgar considerar vil a preciosa erudição, a qual, se é vil em alguma coisa, não o é senão enquanto soa na boca meretriz desses adúlteros, após os quais seguem os cegos a quem mencionara em CEGUEIRA DA VISÃO ENTRE O ERUDITO E O VULGAR.
RIO DE JANEIRO(RJ), 21 DE ABRIL DE 2021, 14:25 p.m.

 

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