MANOEL FERREIRA NETO ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIA ANALISA O POEMA /**EFÍGIE**/, DA ESCRITORA, POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA Sonia Gonçalves - PROJECTO #INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL#
Efígie é "re-presentação". E "re-presentar" é
"ser imagem de". Re-presentar a poesia requer inestimáveis dimensões,
linguagem, estilo, sensibilidade, percepção, intuição, estética, utopias,
sonhos, esperanças, o Ser. Mesmo que todas elas sejam realizadas em uníssono,
inda assim a sua eficácia, como bem o diz a poetisa, escritora, crítica
literária, Sonia Gonçalves, só o poeta sabe, conhece, sente, pois é a visão
sensível de sua alma, sentimentos, emoções, dores, sofrimentos, desejos e
vontades, a moldura almática é o sêmen do Ser. Só isto não constitui nem de
longe a Poesia, a sua re-presentação, mister trans-cender, elevá-la à
espiritualidade, mostrar-lhe o Ser. O vento perpassando as flores do jardim,
eivando-lhe de movimento, brilho dá luz à poesia florística, o ser desta poesia
não é apenas a beleza das pétalas, o perfume que exala, é-lhe mister a
re-presentação da Natureza, saber-lhe o sensível, conhecer-lhe o Ser da Vida, a
beleza de uma flor não é mais que a beleza de uma flor.
Isto é Sabedoria. E a Sabedoria só o tempo pode patenteá-la,
corroborá-la, e ela é alcançada não com o acúmulo de conhecimentos, mas com
questionamentos, buscas, desejos, experiências e vivências, mergulho abissal. O
tempo ouve o som do poema criador, ritmo e melodia do que lhe habita o âmago, o
que nele habita em todas as dimensões contingentes e transcendentes. A
comparação que a poetisa apresenta é sui generis: "Todo homem possui uma
mãe para lhe conceber..." Toda poesia carece do espírito criador para lhe
dar vida, e a criação requer o Espírito da Vida, requer a fé para a sua
concepção; necessita também de um grande amor aos ideais da beleza, da
estética. A sagrada face da poesia é o sentimento da vida, as buscas de
tornar-lhe "efígie" do Ser.
O que assistimos hoje nesta película Poesia não é o ato criador, não é a
criatividade, sim a ausência incólume do Ser, se o Ser não habita o homem, não
é objeto de vontade e desejo da Vida, como pode haver criatividade, criação? Se
o homem não sabe, conhece as suas dimensões de carências, faltas, falhas, como
pode arvorar-se de Poeta, ostentar-se sêmen da Vida? Impossível. O que é
apresentado como Poesia não passa de ridículos e nonsenses os mais variados
possíveis.
"Efígie", de Sonia Gonçalves, é uma reflexão do Ato de
Criação, um convite à re-presentação do Ser da Vida, Espírito da Vida. Deixar
que a Poesia nos reconheça Poetas é o grande sonho.
(#RIODEJANEIRO#, 09 DE JUNHO DE 2018)
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