Sonia Gonçalves ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 11 /**AFORISMO 11/ALÉM DO LOTE VAGO E TERRENOS BALDIOS**/ - PROJECTO #INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL#
Ai que lindo, Manu... Texto super bem trabalhado poeticamente falando...
Uma odisséia super proseada nos céus dos Olimpo. Muito muito lindo, Manu. Não
vou me alongar, pois nem tenho palavras para elogiar seu trabalho... Grata pela
postagem; linda demais essa inspiração. Foto-arte maravilhosa também... Bjos
Sonia Gonçalves
#AFORISMO 11/ALÉM DO LOTE VAGO E TERRENOS BALDIOS#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Vomito finalmente o mito repelente, o mito indecente e indecoroso, o
mito refutável e descartável, o mito dogmático e preceituoso: admito ser gente,
con-sinto em ser humano, estar à mercê do tempo, estar sujeito a
trans-formações, estar sujeito a ser o outro de mim, envolvido em todos os
princípios e verdades do final.
Três horas da madrugada: reclamam as asas da alma espaço para voarem
além do corpo e do catre, além do bairro e da praça, além do chapadão e dos
córregos, além do lote vago e terrenos baldios, quer a alma excitada voar além
da cidade, além das florestas silvestres, apesar dos morangos e pêssegos
deliciosos e apetitosos, que tanto aprecio, além dos mares que se perdem no
infinito, confundem-se com as nuvens brancas e azuis, deixam olhos extasiados e
voluptuosos de prazer com a beleza e magia do uni-verso, universo que
des-lumbra o barroco de sua apoteose, o aforismo de seu renascimento das cinzas
e bíguas glórias que a-lumbram o expressionismo dos sofrimentos e dores da
alma, vice-versa-lumbram o realismo dos pensamentos e idéias no per-curso do
tempo e de suas contradições, suas tragédias homéricas e ulisseanas.
Pois que voe a desalmada, voe mais que águia, deixando o corpo em
soluços, dissolvido sonrisal, alka-seltzer num copo de solidão. Sempre uma dose
de angústia sobre o acrílico do medo no Pôr do Sol da periferia onde, amargo,
me exilo, penso e sinto o que me convém, o que está de acordo com a minha alma
e ser, as saudades indescritíveis e indizíveis de minha querida Pitibiriba se
me anunciam todas, sou todo saudades, sou todo ouvidos dos sibilos do vento,
sinto-me sendo o outro de mim, e mando o resto para a
“tonga-da-mironga-do-cabuletê” ou pentear macaco no pálido crepúsculo das
montanhas... ou cantar coquinhos no anoitecer de chuva fina e contínua.
Sonho que vai, sonho por que vem atraindo o toque de ser tocado,
acariciado, sonho das belezas das profundezas espirituais, das buscas profundas
de felicidade e alegria; dormindo, sonhando, sonho das realezas das perfeitas
cordiais de sentir, de tocar, imanizar e curtir sem ser curtido. Sonho que leva
tudo que corre no tempo, no espaço, nos traços entre-volados e opacos sem
corrigir. Sonho de sonhar sem sentir, de interpretar, de impor, de ver e saber
aquilo...
Oh, bela terra não pode ser ingrata nem julgar suas costas cansadas inda
jovem, nem fugir a paz ser sensata, volver com príncipes milharais e no arroz
as espigas em ouro lhe envolvendo e o café... Oh, bela terra que acendeia em
terra própria vida de matéria viva, imagem de sonho, eros oníricos...
Oh, solo trincado pelos raios do sol, por entre o matagal virgem
resplandece.
(**RIO DE JANEIRO**, 05 DE JULHO DE 2017)
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