#AFORISMO 970/ FLORAÇÃO DA ETERNA LINGUÍSTICA DA PALAVRA# GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira: DESENHO Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Epígrafe:


"Só... Só o Amor na sua magistralidade tem o poder condicionador de arraigar no tempo toda a sublimidade poética dos tempos" (Graça Fontis)


"Sem os espinhos, a rosa não seria, sem a rosa, os espinhos não existiriam..." (Manoel Ferreira Neto)


"E do grande penedo, um rosnar de coração
Levando ao futuro, secretos enigmas, Mistério!"(Graça Fontis)


Seren-itude de papéis... Folhas brancas de palavras, palavras semânticas, vernáculos linguísticos, filologias estéticas e estilísticas, termos eruditos, eivados de in-fin-itivos, palavras linguísticas, alimentadas de buscas e questionamentos da verdade do ser. Páginas de orvalho... Folhas de outono... Letras de in-verno...


"Revelando segredos, nave de sonhos indescritíveis...", segredos nos cofres da in-consciência, re-verberizados, tornando a luz dos desejos e buscas mais intensa, os sonhos indescritíveis fortes e presentes, nas linhas do tempo em cujas dialéticas e contradições, na sua continuidade, tece a ânima da humanidade do ser, sonhos e utopias se re-velam, mister senti-los, re-colhê-los, a-colhê-los, deixá-los livres e espontâneos traçarem as quimeras da liberdade... deixá-los sendo no per-curso, trans-curso dos caminhos.... Nave de questionamentos, indagações, perquirições, sentindo o sentimento de sentir, pensando o pensamento de pensar.


Garatujar letras para metaforizar o "ser", sin-estesiar os interstícios da alma, sem sentido, sem significação, melhor o silêncio, con-templar o inaudito, nada a dizer, nada a expressar, olhar perdido na frincha do horizonte
Amiga disse: "Quem ama é dono do mundo. Não se sente sozinho." Digo: "Quem ama, escreve filosofia até nas asas do vento, no etéreo efêmero das con-ting-ências"


Grito antigo é altissonar a voz do amor, fluí-la livremente, re-velar a verdade, re-colhê-la e a-colhê-la, deixá-la criar os seus ritmos e melodias
de amar o verbo, florá-la na floração da eterna linguística da palavra "entrega",
do signo e símbolo de re-colher e a-colher o outro.


Vão desejo, inútil vontade de entender os tempos infinitivos, indicativos,
subjuntivos, gerundiais, imperativos da a-nunciação do egrégio genesis do absoluto, da paisagem campesina da divina esperança da estesia. "Someone told me long ago...": "Amor não tem razões, amor não tem motivos, amor não tem explicações -, dissera-me alguém no balcão de um barzinho num sábado, até terminou com pensamento em francês: c´est fini"
Respondi-lhe intelectualóide que era: "Amor não tem frinchas, amor não tem frestas, amor só tem vãos". E solitário - melhor dizendo poeticamente: no terreno baldio do instante-limite, divagando nas nuvens brancas celestes, do efêmero efemerizado de nonadas. Diria hoje: "Os espaços vazios do amor
são as verdades absolutas do espírito que trans-cende, trans-eleva a essência das dores e sofrimentos." Camões se esqueceu de dizer que o amor é a alegria das dores e sofrimentos ad-jacentes aos ad-nominais ad-juntos do pleno, sublime, perene.


Amiga outra inda disse: ""Este amor vem de eras e eras...", desejando ela dizer sou re-presentante de uma história perdida no tempo sem idílios e iluminações que renasce. E aquando me dissera, respondi-lhe: "Lusitana que és, diz muito bem, o Amor "... é um fogo que arde sem doer"


"E do grande penedo, um rosnar de coração
Levando ao futuro, secretos enigmas, Mistério!", dizeis vós.


Nada re-presento, nada a-nuncio. Quando Pessoa, N´A Tabacaria, diz
"Sou nada...", ele se esqueceu de dizer: ""À parte isso, o nada plen-ifica o Amor, o sonho do mundo é o amar do verbo ser". E quando Sartre diz, A Náusea: "Tudo está cheio, existência por todo lado, densa e pesada e suave..." A luz, a voz que vibra ec-siste. Para além de toda essa suavidade, inacessíveis, os ritmos e melodias nos sibilos dos ventos, existem a luz e o amor, o amor, a imagem refletida no espelho do vir-a-ser, há-de ser.


Vou agora fechar a janela, deitar-me na cama. Se não dormir, ao menos contemplo a ausência da luz, o breu do nada. Amanhã será outro dia...


A pedra branca, translúcida, feita de ausências e falhas. Nu a nu, desnudo, fome a fome, miséria e pobreza a miséria e pobreza, nada confisco, nada olho de esguelha com aquele ornamento e arrebique de cinismo e hipocrisia, verto-me, cada vestígio das dores e sofrimentos um destino a ser traçado e executado no per-curso e de-curso do tempo, uma realidade, com que vou à caça, um grande sacrifício alteia-se...


Quiçá me não compreendeis. De impossíveis, inalcançáveis, devaneios, quimeras, de risos e nadas me formara desde longínquos anos, só em meio arrogantes, pretensiosos, poderosos, simples e escórias; crescente em chapéu e riscos, na graça do desejo, contra os ventos, os relinchos das razões, em línguas de insolência e meiguice, compondo, desmembrado de tudo na corrente, a labuta encarniçada pelos labirintos da alma do Ser, a balada dos caminhos de trevas e luz.


Escrever é cantilenar o ritmo das dores, sofrimentos em síntese com as utopias do Verbo Ser, "Mesmo no vácuo das turvas paisagens/A s gotas de orvalho", possa com este vosso verso de vossa autoria descrever-vos o que o amor às letras, nalguns versos demonstrado, significa: só vazio pode re-colher e a-colher o múltiplo, outras gotas de orvalhos, outras paisagens, outras luzes, outras peças, outras imagens, o Amor no alforje, ânima e ânimus, desbravando as coisas e as idéias, pensamentos, utopias, esperanças e sonhos.


Sem os espinhos, a rosa não seria, sem a rosa, os espinhos não existiriam; sem o amor, o nada não seria, sem o nada, o vazio seria balela, esquecendo os momentos na voz de uma mensagem, um rosnar de coração : "E do grande penedo, levando ao futuro, secretos enigmas, Mistérios..."


Acho que vou devorar os anos...


(#RIODEJANEIRO#, 24 DE JULHO DE 2018)


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