#SEREN-ITUDE DE LÍRIOS# - PROJECTO #INTERCÂMBIO CULTURAL# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: POEMA



Deve ser ainda a luz a iluminar as águas,
A resplandecer suas gotas,
Deixar-lhes à superfície das imagens furtivas,
Suas perspectivas iluminadas pelas contingências
Do esplendido e do mágico,
Seus ângulos transparentes de cores e traços distintos
De sensibilidade e espiritualidade,
Lançar-lhes a rede,
Trazendo suas profundidades aos raios do sol,
A luz da lua e das estrelas, sob a luz das palavras,
É sonho, é utopia secular e milenar,
Sê-lo-á por sempre,
Os seus traços pincelados de vivenciais enredos-ensaios
De sangue nas veias do sensível e do eterno desejo
Das flores do paraíso celestial levam,
De modo simples e espontâneo,
Às raias e ao assento do Olimpo divino dos deuses?!


Devem ser ainda as chamas a acenderem as volúpias,
Deixá-las livres para a transcendência
Do que se me a-nunciou bem íntimo?
Deve ainda ser a lareira a elevar-me os sentimentos,
Sentir suas chamas dentro em mim,
Inspirando-me a tecer letras outras,
Experienciando outros uni-versos de sentidos,
Outras sensações presentes se a-nunciando,
Iluminando algumas trevas que posso sentir,
Sombras que posso vislumbrar,
Mergulhar-me nelas,
Assim conhecendo um pouco do que escondem,
Em linguagem e estilo metafóricos e filosóficos, espirituais?


Sinto-me assim,
São esses os questionamentos que me faço,
Propondo-me a dizer o que me surge,
O que aparece nas bordas deles, como sou capaz,
É-me dado fazê-lo.


Tudo permanece em sossego, como um duplo silêncio;
Tudo permanece em tranqüilas águas seguindo o itinerário,
Todos os seres de sua profundidade em eterna atividade,
Usufruindo belezas e tranqüilidades,
Refestelando-se de calmas e prazeres, outro panorama estético,
De belezas e o belo extasiando os mergulhos,
Passando por debaixo de pontes,
Tudo permanece em luzes fosforescentes à transparência
Dos desejos e esperanças,
Da fé e de todas as utopias do belo e da beleza,
Da estética dos amores
À luz das entregas e doações verdadeiras e reais.


Se fosse indagar a fonte originária das águas,
A fonte originária das chamas da lareira,
A origem das luzes,
Andaria a terra inteira,
Ppercorrendo-lhe cantos e recantos, e acabaria no infinito,
Disperso,
E até vazio,
Percorreria a vida em todas as situações e circunstâncias,
Sentindo as delícias de um paladar do divino
E da verdade absoluta,
Descansaria nalguma montanha do horizonte distante,
Longínquo, nalguma caverna,
Quando renderia graças à única palavra que me devora,
A que meu coração não diz,
Re-fletindo e meditando sobre os frutos que ela daria,
Se pronunciada e expressa,
Os benefícios que ela traria para o espírito,
Para a vida,
Se em dias de chuva,
Con-templando no espírito as belezas de tantas descobertas,
Se em dias de raios fortes do sol,
Tremelicando o asfalto,
Olhando, observando na alma suas angústias e tristezas;
Experiências e vivências seriam enormes, múltiplas,
Poderia até dizer haver conhecido a essência e o ser da alma
Diante de seus sonhos e utopias,
De suas dores e sofrimentos,
Mas não encontraria res-posta que me satisfizesse
O desejo de saber as cristas de serras e montanhas dizimadas,
Esfaceladas e o verde retinto,
Oxidado pelos jorros de sangue e barros minerais.
Manoel Ferreira Neto
(18 de outubro de 2013)


(#RIODEJANEIRO#, 16 DE JULHO DE 2018)


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