ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA O AFORISMO 964 /**DEFECTIVAS UTOPIAS GENITAIS**/



Em verdade, a travessia assimilou a nonada para sobreviver de subjuntivas imperfeições, a nonada comeu com farinha e pimenta a travessia, para viver de particípios perfeitos, re-versos in-versos particípios subjuntivos, a-temporalizando o eterno, in-temporalizando o efêmero.


Diria que neste aforismo do escritor Manoel Ferreira Neto, #DEFECTIVAS UTOPIAS GENITAIS#, é uma crítica à cegueira do homem, e ironiza no que concerne à religião, onde maior parte da humanidade ainda se prende às crendices, embora, os mesmos façam as mesmas coisas só não assumem, a hipocrisia fala mais alto e querem ser eternamente os crentes perfeitos “imperfeitos”.


Para esta análise vou falar um pouco de Hegel, no que concerne à religião.


A fé é tão-somente um astro-rei aparente que desloca-se à volta do sujeito enquanto este não se desloca em volta de si próprio. Assim, dominada a fé no que acha-se para lá da realidade, a obrigação da história cinge-se em aperfeiçoar a realidade daquilo que nos cinge. E, como primitiva finalidade, uma vez que se patenteou a forma de religiosidade da própria loucura humana, a incumbência da filosofia, que encontra-se ao préstimo da história, consta no desvendar da própria loucura em suas formas não depuradas. Com isto, a censura do paraíso se metamorfoseia na censura do planeta do sistema solar onde habita o homem, a censura da crença na reprovação do direito, a crítica da doutrina no julgamento do Maquiavelismo. Karl Marx - Na Análise da Filosofia do Direito de Hegel, refere que as sentenças da veneração genital e parte do corpo que pode ser erotizado da merce são infiéis deturpações de uma sugestão antecedente, fetichismo beato. Evidencia tal permutação conceitual, prodigalizando compreender qual seu embate sobre o parecer antecedente. Demanda igualmente delinear ligações entre os fetichismos e esmiuçar hábitos diversos da(s) ideia(s) de fetiche no século XX. Outorgaremos consideração à sequência entre a acusação iluminista da “alucinação beata” e certa atitude pesquisa das erudições humanas hodiernas. A censurar provas ideólogas de associar os fetichismos, seja através de observações das características comuns aos dissemelhantes objetos já taxados de “fetiches”; seja através da proposta de um fetichismo geral, sem classificadores, que agrupe as variantes beatas, genital e pecuniosos sobre uma mesma chancela.


Trata-se essencialmente do Fetichismo religioso e fetichismo sexual, completamente de opiniões interligadas…a hipocrisia patente nas sociedades. Onde no texto está muito bem ironizado pelo escritor com a figura do padre Narciso….


Em exatidão, a cruzada apropriou-se a ninharia para subsistir de pospositivas máculas, a ninharia nutriu-se com jactância e malícia a cruzada, para habitar de que expressa, ao mesmo tempo, uma ação ou circunstância e um condão dignos, opostos invés particípios subjuntivos daquilo que não pode ser lesado pelo tempo o perene, a-temporalidade o fugaz.


Ana Júlia Machado


Excelsa análise... Perfeita...


Não há quem não saiba de minha urticária pelas religiões, seitas religiosas(crenticismo, evangelicismos). E aqui não é uma crítica apenas à Religião Católica, mas a todas as religiões e seitas. E com efeito tomei em mãos Hegel e Karl Marx para tecer a crítica, o pensamento hegeliano é a base de minha crítica. Creio eu que de todas as minhas críticas à Religião esta é mais profunda e onde alcancei a colocação de meu pensamento a respeito, os fundamentos de minha rejeição.


E você, minha querida, fora digna nesta análise. Retirou o eidos de minha crítica, Hegel e Marx, para tecer sua crítica, e mostrou com perfeição o meu pensamento. Aliás, até se referindo ao Padre Narciso... Os leitores comuns podem pensar que Padre Narciso é o re-presentante da crítica ao egoísmo, ao individualismo, Freud é a base do texto. É uma crítica sim ao Narcisismo, mas não fundado em Freud, mas em Hegel, toda a estrutura do texto se fundamenta nele e Marx.


Fenomenal, minha querida, a sua análise. Amei de paixão.


Beijos nossos!


#AFORISMO 964/


DEFECTIVAS UTOPIAS GENITAIS#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Defectivos ideais do perpétuo nada que precede o caos nos ad-juntos silêncio e solidão ad-nominais que projetam o vento leve e suave para girar o catavento re-verso de quimeras, o rodamoinho in-verso de ficções, macunaímas preguiças de abraçar rituais e mitos da eternidade, e jornadeando des-ventilados pelo espaço à mercê dos alvoreceres e crepúsculos; defectivas utopias genitais que protelam o cosmos nos complementos nonada e travessia nominais que lançam ao léu do efêmero o etéreo, que postergam o absoluto...


O mundo está plen-ificado de seivas do in-verso re-versando os instantes limítrofes da verdade e in-verdade. O homem está eternizado de origens e gênesis do ad-verso pers-versando as linhas fronteiriças das ausências e carências do nada vazio de pectivas, da nonada náusea.


Pretéritos passados.
Perfeitas imperfeições.


A carne se tornou verbo dos ócios se morrer a morte morrendo a dialética do fim que é início do diálogo entre a liberdade e o tempo. O verbo dos ócios se tornou osso impotente de ser cinza ao longo das regências que figuram as imagens estilísticas. A alma mendiga a dor e sofrimento, côdeas de pão que alimentam as pré-fundidades de seus abismos abissais à busca, incólume desejo, do re-flexo de raio de sol que iluminará, luminará os seus stícios da diva concepção que nada mais deu a luz senão a cegueira do além.


Algures.
Tudo são lamentos, ruminações.
Alhures.
Tudo são gritos, uivos de desespero
Long-itudes.
Tudo são mantos de luz e apitos.


As ondas do mar, no trajeto de vencer as docas, banham a praia onde gaivotas, ciscando, se alimentam. As tempestades de areia no deserto, no itinerário aberto e sem destino do espaço, envelam a visão dos arrebores do in-finito.


Perdido o ser.
Perdido o não-ser.
Perdido o verbo.


Os ócios dos ossos atravessam o nada encarapitados no lombo do camelo. Os ossos dos ócios suprassumem o mar no colo das sereias.


Ironia
Lúrida e doentia
Mas agridoce melancolia.
Cinismo
Produz versos que passam de mãos em mãos
Com merecidos louvores.
Sarcasmo
Cantando ao ar livre,
Em redor do piano de cauda
Onde gaiatamente se senta
Padre Narciso.


Em verdade, a travessia assimilou a nonada para sobreviver de subjuntivas imperfeições, a nonada comeu com farinha e pimenta a travessia, para viver de particípios perfeitos, re-versos in-versos particípios subjuntivos, a-temporalizando o eterno, in-temporalizando o efêmero.


(#RIODEJANEIRO#, 20 DE JULHO DE 2018)


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