ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ENSAIA O AFORISMO 933 /**DA METAFÍSICA DO VERBO SER/CANTO QUE O HOMEM COMPÕE SECRETO NO LABOR DAS OFICINAS** - PROJECTO #INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL#




Ao aforismo 933, do escritor Manoel ferreira Neto, que acho fenomenal, como todos que concebe e que todos dão “panos para mangas", e em mais um em que poderíamos ingressar por vários temas... no entanto, eu resumo-me somente a estas lacónias palavras, que penso que poderão a ter a ver com o aforismo. Talvez não diretamente, mas nas entrelinhas…há gente em que não se pode dar muito…a cegueira é grande.


Pouco veem e nem sabem o que é o que o diabo amassou e liberdade.


As verdades ruminam-se
Quando arremessaram-nos para o solo e aí que descortinamos que havemos ansas para adejar...somente assim saímos desse estado e mastigamos à vontade.


Se, é verdade que os antagónicos se aliciam, não é menos certeza, que os análogos se diligenciam.


Não arremesseis pérolas aos suínos. Porque os suínos ignoram e desrespeitam a importância das pérolas; e, sequer, entender o que fazer com elas. Antes, arremessem para eles lavadelas e pardas e, eles ficarão saciados.


Desnecessário é embeber suínos e conservar a pocilga limpa. Por que, eles elegem a abjeção. A imersão e o arranjo não compõem trecho de sua essência; o lodo, sim.


O Entendimento Respeitável nos adverte que os ruminantes se satisfazem com a relva que nutrem-se no exterior do chão, mas, que por serem insensatos, desconhecem que as reais opulências se deparam nas profundidades do chão.


Logo, não se enfade em presentear riqueza, prata ou pedras inestimáveis ao burro; quando somente um escasso de forragem basta para deixá-los ditosos.


Mas, não interessa o quão endrominem. Pois, quando o entretenimento é expurgo, e não se coloca a garra na pelota, a realidade sempre assomará vencedora do impacto entre a embustice e a realidade.


E termino com palavras do escritor… o mutismo persuasivo do Entendimento, escuta o despovoado, gérmen dos anseios e tenções do verbo do espírito. Mas, isto só acontece a quem entende.. não somente a quem sabe ruminar…


Ana Júlia Machado


#AFORISMO 933/


DA METAFÍSICA DO VERBO SER/CANTO QUE O HOMEM COMPÕE SECRETO NO LABOR DAS OFICINAS#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Há certa graça melancólica, nostálgica (átimo de segundo) e com isto me faço perdoar a inquietude incômoda, trans-lúcido nada interior, tergi-versado vazio íntimo que me tornam carecido de emitir sons absurdos, paradoxais e agônicos: desejo, amor, cíúmes, sons que se despedaçam e tombam no campo... Como ruminar as verdades?


Sou voz de olhares, sou olhares de palavras pronunciadas com perfeição, ditas na imperfeição do pretérito, nas dúvidas e inseguranças do presente do indicativo ou subjuntivo, ímpeto de lábios úmidos de êxtase, sorrisos, volúpia de palavras, tesões e tensões do Eros, pathos e logos, volúpias de sentidos e significados, êxtases da vontade e desejo de ser-com-Deus, de com-Deus-ser, pelos, poros, Pensamentos...


Sou desfrutar de um... desfrutar de um sono cuja tarefa é a própria vigília, as reticências e as pausas por quê? Seria que não fosse o que poderia ter esperado? Não poderiam ter sido gravadas no coração. Ver o mundo por meio de valores e ideais, eis a face da cruz eterna exposta a todos os universos.


Sou espera, movimento, gota de chuva que desce serena o vidro da janela da sala de estar, onde sempre me encontro, pensando nas real-izações e fortunas, procurando um pote de ouro, enquanto observo o céu, os horizontes, o uni-verso, enquanto con-templo o mundo, em mim dentro volúpias, sensações e sentimentos ávidos, mergulhando-me inteiro em busca de mim, desejando perder-me e entrelaçar-me ao que é em suas profundezas – a chuva é sempre iluminação que se me a-nuncia para os questionamentos mais profundos, abissais, abismáticos, convite para riscar o étereo com a pena de caneta tinteiro, desejo de ouvir-me sendo, de escutar o ser, recitando a lírica da vida, declamando os versos dos sonhos e utopias, con-templ-orando as estrofes das quimeras em ilusões da verdade e do espírito do ser-eterno, nos seus valores e virtudes que nascem e re-nascem na roda-viva das situações, nas voltas e re-voltas do coração, discursando em verbos defectivos as imaginações do real e equívocos do irreal, em equívocos do real, as imaginações de verbos defectivos, uma lufada de vento vindo de leste, lua boiando na noite, estrelas nadando no nada e no itinerário de suas quedas, risco de estrela cadente, brilho transparente por velar as utopias da humanidade, os ossos da injustiça.
Sou descrença em tudo que foi composto, fabricado, construído ontem e hoje. Sou mal-estar e escárnio que não podem mais suportar o "brechó" de conceitos das mais diversas origens para a Verdade, que performam os passos para a dança nos mercados editoriais e publicitários.


Sou a mão que tece o pano e nudez de corpo sereno. Sou tear na madrugada, esperando-me acordar, trajar-me, ir trabalhar na fábrica têxtil e fabricar dias plenos, a imortalidade da vida feita de trabalho e de esforços di-versos, de lutas in-versas, lazeres re-versos, segundos e minutos sublimes, criando fantasias e ilusões que me encaminham e orientam nas veredas dos desejos e vontades de encontro comigo, de ser-me, de viver-me, retornar-me ao fim do expediente e descansar na rede, lendo A hora e vez de Augusto Matraga, com a Utopia Cristã no Sertão Mineiro como guia de leitura e aprofundamento na obra rosiana, que saiba eu o que con-templa a estética da arte e a ética da filosofia, vislumbra e a-lumbra os desejos da verdade, a vontade de conhecimento, ou deixando-me livre no seu balançar, balançando ao ritmo do presente e do futuro de minha vida e ec-sistência, memórias e lembranças.


Se ec-siste diferença entre viver e ec-sistir? Sinto essa diferença no íntimo de mim, é fruto de minhas andanças, dos pensamentos e idéias que se afloraram no de-curso e per-curso delas, das experiências e vivências ao longo das atitudes e ações, problemas e conflitos, dores e erros, sofrimentos e acertos. A vida permite que as águas límpidas do rio que passam por mim, águas vivas, da Fonte In-finita fluam livremente pelos canais finitos – a vida é suprema sabedoria e perfeita felicidade. Ec-sistindo, o silêncio auscultativo da alma escuta o silêncio eloqüente do Espírito, ouve a solidão, semente dos desejos e vontades do verbo da alma.


No silêncio e na solidão encontro o verso poiético da vida, sigo as veredas do quotidiano sentindo no peito e no espírito os prazeres e felicidades de estar-sendo.


Sou o novo canto que o homem compõe secreto no labor das oficinas. Vou aprender no campo o ofício das mãos que lavram a terra e vão jogando nas covas os grãos que serão colheitas, como um índio apache, Massai, que se inspirou na arte da plantação dos cherokees. Quero estar perto no dia em que a madura espiga seja o pão que mate a fome daquele que a plantou.


Sou rumores, sou gemidos. Sou sussurros, sou murmúrios, sou cochichos, sou cochilos. Sou ruminâncias, nos dias de angústia e vazios, nas horas de lembranças e recordações, nos minutos de vazios e medos, nos segundos de inseguranças e utopias, sou tristeza e desolação na morte de ente querido, de amigos por quem alimentei desejos de muitas felicidades e alegrias, sou gritos de angústia, sou risos de alegria e felicidade.


Sou pernas varando o tempo, sou pés re-duzindo as distâncias, multiplicando as long-itudes, sol no rosto e um fardo colorido, a hora que chega e se perde, mas volta com nova força, com nova dis-posição para outras jornadas e aventuras.


Sou lembranças do raio de luz e o sopro com que apaga na noite o lume que acendo. Sou obstinação: a lenha que re-colho, o archote com que preparo o fogo que rasga o negrume, que des-fia a escuridão, que des-carna as sombras.


Sou a idéia de uma pombinha a ciscar em praça pública no alvorecer da manhã, enquanto transeuntes passam para mais um dia de trabalho, o pão para saciar a fome seja obtido com sinceridade e responsabilidade, pairando sobre um abismo.


E quando sou a idéia, sou o pássaro, sou a pombinha. E quando sou o vôo, sou a liberdade de ser e viver, de rasgar os uni-versos e horizontes em busca da plen-itude dos raios de sol, das estrelas, da lua, da sublim-idade da noite, do mistério, das sombras, da escuridão fechada e hermética, que agora é cheia e a terra parece toda iluminada e cristalina.


(#RIODEJANEIRO#, 08 DE JUNHO DE 2018)


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