#AFORISMO 984/ CAMINHOS DE DESEJOS DA NAD-ITUDE# - PROJECTO #OS 22 QUE ANTECEDEM O MILÉSIMO#//DESENHO: Manoel Ferreira Neto/GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Epígrafe:


"Só plenificam-se verdades na sintetização dos objetos questionáveis quanto à veracidade e correlações." (Graça Fontis)


"A verdade do verbo se faz na nonada das travessias, no ser-tao das veredas e sendas do caminho de desejos da Nad-itude." (Manoel Ferreira Neto)


Olhai nos lírios do campo os veríssimos silêncios em cujas bordas pervaga o solstício da alma na sua labuta árdua e tão hermética de suprassumir dores e sofrimentos mergulhando inteira nos interstícios das sublim-itudes ad-verbiais, regenciais do éden, degustando o sabor futurístico, sem os futurismos do perene requerendo sínteses do ser e nada, ser e tempo, nada e verbo, tempo e vacuidade, para se protegerem das nihilísticas tempestades das mentirosas verdades em cujas muletas e bengalas a humanidade se apóia até ultrapassar o portão do campo santo, lá se re-festelando das a-gonias da verdade absoluta, dos princípios divinos.


Abismo.
Deserto.


Olhai no resto o silêncio que nele habita, o mistério continua a percorrer as coisas do mundo e dos homens, contudo este silêncio é chave que abre outras algazarras de instantes inesquecíveis, momentos indizíveis, e outros ventos perpassando os rodamoinhos, redemoinhos, cata-ventos, e nas ondas de sibilos e silvos sussurros, cochichos, desejos concebendo-se a si mesmos, vontade de ouvi-los com sapiência, memorizar-lhe as palavras, o que dizem, o que professam, e a exultação a cada passo de tocá-las, outros gestos de toques, outras des-cobertas... olhai se o resto é silêncio, que silêncio reside no silêncio, o silêncio que restou do ínfimo que existia, e projectá-lo, começar do resto, reiniciar outras liberdades, a consciência se dá forte e presente nalgum momento, sozinho no mundo não me toca, a solidão é-me, assim tão simples.


Áspero silêncio. Cristais de sentimentos. Inocência: eis um devaneio, não negligenciaria querer observar e ver as coisas sob ângulos di-versos e ad-versos em nome de circunstâncias aleatórias aos princípios, rebeldia, arrogância(o que isto importaria, não se lhes tira de alguém arrojado, mesmo deixando trans-parecer medos de consequências, mistérios há, equívocos existiriam?...)


Correspondências...


Ilha, pequena ilha perdida
Cheiro de paz
O céu está florido
No chão há flores
Multicoloridas
Os pássaros numa algazarra cantante
À volta, o silêncio espanta
É o som da própria voz
Ou o mar surrando as pedras
Acariciando as areias...


De sin-cronias e sin-tonias selando de palavras verbiais os ventos do tempo, sublimando do sublime efêmero do sonho adstrito, ad-stringente ao onírico dos desejos, o vernáculo do verbo, sob sarcasmos, ventos ritmados, o erudito das regências da estesia, sob esquecidos, sob as nuvens, o clássico das metáforas das volúpias e volos do belo, vidro de relógio partido em mil esperanças em cujos eidos habitam o prazer, êxtases estéticos do nada que move as imperfeitas verdades à busca, pleno e voluptuoso desejo, clímax da vontade, do vir-a-ser, quando com tripúdios e estratégias se alimenta do que con-tingencia a nonada em plena euforia por conjugar os pretéritos - perfeitos, imperfeitos, mais-que-perfeitos, carioquéias magias, quando com trafulhas e tramóias se apimenta do que auscultar dos recônditos da alma aberta a outros ideais, caçador do eterno - com o presente indicativo do verbo "transcender" angústias, melancolias, nostalgias, saudades do divino eterno, nada a ser pensado senão olhar os ponteiros seria inviável, o que fazer senão con-sentir, quando a vida baila ao som da seresta do perpétuo há-de ser na continuidade das consumações do vazio, sapateava ao som de forró do "Had eterno", as declinações das luxúrias no riste da língua, e nos camarins, o que dizem os demônios do onírico?


No regaço do sepulcro as flores do eterno-jamais...


Os homens, dormindo, compunham o onírico de restos do silêncio, de vidas secas, de nítidos nulos, até de memórias póstumas escritas sob a escuridão de todos os pretéritos e porvires, no regaço do sepulcro as flores do eterno-jamais, pós-téritos do genesis e apocalipses, e nos ínterins temas do nada-sublime, temática do vazio-res-cogitans, até radical sem os stícios do entendimento e compreensão, sem a sonoridade, ritmo, acorde do fonema que em sua essência esplende o perfume da verdade-ab do absurdo, a estrangeira da imortal-itude, andar sozinha, chegar e sair solitária, sempre o touro sentado no Olimpo, perscrutando os lídices dos rituais, mitos do verbo da cultura milenar, místicos do sujeito-eu da febunda fé que concebe a ribalta do sublime sob a luz, à mercê dos raios numinosos e aluminados do que me não fora, do que não me há-de ser, mas a verdade do verbo se faz na nonada das travessias, no ser-tao das veredas e sendas do caminho de desejos da Nad-itude.


A fé fecunda, a fé basta; a fé febunda, a fé besta...


Olhai no lodo putrefacto que o silêncio coagido enverga, na face branda refletido o opróbrio cinéreo e sorumbático e trans-pirando os calafrios esquisitos sentidos das verdades engolidas a seco, impostas, não seria isto "mode quê" aos homens o privilégio da razão suprema de não observar o silêncio dos restos, por o desejo da sapiência apenas revela angústias inestimáveis, haveria o que pensar e perquirir, daria a alma aos abismos escuros das quimeras apenas em fase de êxtases, "... como se mergulhasse numa piscina afrodisíaca." Subo a passos de bicho-preguiça e temeroso pelas escarpas tumultuosas dos conflitos, traumas, e desço a passos rápidos pelos fios invisíveis do chão que não existe, da terra que é fruto de imaginação fértil. Eco frio e pleurático. O desespero das palavras não ditas não consome o frenesi com que os dedos se entregam às escrituras. Não me é dado saber a razão de haver sonhado com homens vestidos ao estilo monges orientais, numa dança, atrás de mim...
Náuseas - entardecer, no domus da igreja o sino toca com insistência, chamando os fiéis para jubilarem os dogmas e preceitos em nome da felicidade do além, esplendor de panorama, serenidade, inicia-se a noite, nada, vazio, nonada, efêmero, passeio livre, des-ativando esperanças de outros desejos, des-conectando sonhos de outras vontades, vontade do outro-caos, a alma pervaga angustiada pelas soleiras do infinito, recitando pretéritos versos rimados de sons românticos, fados, perfeitos, sentimentos e emoções embaralhados, jamais e sempre performando e prefigurando o fenecimento dos instantes-limites, aqui-e-agora pelo menos de efêmeros prazeres.


Estrangeiras luzes, "onde a noite esconde ilha", alumiando alamedas desertas, nada de silêncios vagando no canteiro plantado de palmeiras, calçadas arborizadas, ouve-se ao longe "Apesar de você" executada num violino. Inventaram os dogmas, des-inventaram as verdades, em cujas bordas limítrofes residiam vestígios de imagens do eterno.


(#RIODEJANEIRO#, 29 DE JULHO DE 2018)


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