#POEMA DO NADA-NADA# - Manoel Ferreira Neto: POEMA/PINTURA/GRAÇA FONTIS: ARTE ILUSTRATIVA



Epígrafe:


"Que o nada poetize a vida, mesmo que seu vislumbre final seja simples ocaso e "Nada"(Graça Fontis)


Nada
De nada aos obrigados por solidariedade, compaixão
Nada aos vencidos e vencedores, por realizações, fracassos
Nada aos amantes e amados, por verdades e lealdades
Nada de nada, ser com os nadas quotidianos
Ser de nadas conspurcando os nadas de ser
Nada-de-nada, horizontes ensombrecendo crepúsculos pálidos
Nadas pálidos,
Nadas quotidianos,
Nadas sendo de nada
Nada-com-nada seduzindo náuseas a negligenciarem verdades
Nada-nada de nada
Nada-de-nada nada


Deus lhe pague
Por nada ser, mas não se arrastar nas sarjetas da vida
Deus lhe pague
Por ser o nada, sobreviver de migalhas do dia a dia
Deus lhe pague
Nada a nada de nadas nadiversando baldios do não-ser,
Inscrevendo nas tábuas do tempo os vácuos
Do abismo-nada re-versados de escusos princípios da alma
Nada de vazio no terreno baldio da alma-nada
Terreno baldio de nadas-vazios de pectivas-res do infortúnio
Desconsagrando os limites do perpétuo
Nas limítrofes linhas do efêmero re-vestido de perenes cintilâncias
De luzes a nadificarem os pilares da eternidade
Des-crucificando os sibilos de ventos
Que altissonam o destino de tragédias solenes
Des-cortinam os sons, harmonias do fugaz
Que sussurram e murmuram sagas de angústias perenes.


Nadas nadas de nadas
De nadas baldios nadas revestidos de vazios
De vazios-nadas revestidos de terrenos
Das nostalgias ad-vindas das genesis, ad-vindas do primevo
Ontem-ontem de nadas
Hoje-hoje de vazios à busca de outros nadas
Amanhã-amanhã de ilusões desfaceladas
Amanhã, outro dia, serão outros sonhos
Nadificados de baldias des-esperanças da esperança
Terrena fé das incondicionais posturas, condutas
Do nada habitado de eternos, do nada sendo eternidade.


Lá na venda
Lá na vendinha
Lá mesmo é que tem nadas mesquinhos
E a mesquinharia do nada
Plenifica a vida medíocre
De nada o nada-nada.


Por que o vazio do nada e não o nada puro?
Nada de genesis
Nada do apocalipse
Por que o nada vazio de nada?
Subterrâneos do espírito, cavernas do ser
Nada,
Nada,
Nada do nada nada.
Pássaros voam no nada.
Manoel Ferreira.
(06 DE SETEMBRO DE 2014)


(#RIODEJANEIRO#, 16 DE JULHO DE 2018)


Comentários