#AFORISMO 978/ ESGALHO MIRRADO DE OUTONO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Epígrafe:


"Quando pérolas oníricas fluem em êxtases numa vertigem onisciente outorgam credibilidades aos sonhos e esperanças" (Graça Fontis)


#Íntegro viço que provém do inerente chão a cada marcha que abonamos na acalentada, por mutismo coincide a taquara que o vento britou (com) um esgalho mirrado de Outono." (Manoel Ferreira Neto)


Sensibilidades excederam a inteligência, sobrepujaram-se, além – ascenderam-se, solstícios de confins, auroras de arribas, arco-íris da in-finita ent-idade em desregramento, id-"ent"-idade multi-facetada, multi-facelada, mutilada.


Clamor distante, lacunoso, sobeja alvitrar o coração com altivez e retórica, com perspicácia e falácia, remanesce trinar as correntezas da alma, ritmar as ondas do mar trans-cendente, pintar de cores outras as ondas de águas cristalinas, cadenciar a magnificência, cantar o suceder de odes de evos, por que não com atrevimento e verbo, rebeldia e regências? Contemplar de en-viés o que é oposto às concepções, concepções da verdade e do absoluto, accepções do ser-nada e do nada-[de]-ser, [de]-nada-ser, de través o que é in-versão às fantasmagorias, de soslaio o que é ad-verso às sensibilidades de ex-pectativa e crença, espiritualidades de sorrelfas e fé, de lobos (visão penetrante) o que é de horizontes, o que é de in-finitivos in-finitos do longínquo, dos devaneios e sonhos da estese de eloquências, por que não com enternecimento e embófia?


Mirrado de outono, esgalhos de orvalhos pairando à luz das lâmpadas suspensas nos postes de cimento armado, mesmo de madeira, ao longo da alameda solitária e desértica, olhar de soslaio para os noctívagos das prosopopeias de sons dos habitantes do bosque, floresta, terrenos baldios, lotes vagos, da periferia da cena onde está o boêmio como espectador, o espetáculo, que seduzia as anunciações de emoções, ainda seduz, e o con-templar do que se vai sucedendo, de instante a instante que não acaba, ressoa na madrugada, sentido metafísico do espetáculo....


Prolongo-me eu, hesitante e cheio de dúvidas, angústia sem limites, entre o céu e o inferno com as forças dinâmicas e vivas, com as energias em chamas, nada mais consigo ver [quem sabe não deseje fazê-lo, não tenha vontade de esticar os olhos até o infinito, a imaginação até os arredores do inaudito] senão um monstro que devora eternamente todas as coisas, fazendo-as depois re-aparecer, para de novo devorá-las. degustá-las com volúpias. Não posso, me não é dado, não me vem, classificar os bens preciosos, cujos vagos pseudônimos conferem cifra oblíqua na missiva patente que encerra decreto pontifício, já me des-ventrei...


Desejos do absoluto, clímax do espírito,
(Intro) Só os loucos sabem e conhecem:
nas voltas do rodamoinho, os ventos perpassando-lhes
tocam suave o tempo e o nada,
Desejos do eterno, volúpia da alma,
(Pectivo) Só as línguas das serpentes
Aguçam o ouvido para os sons da long-{evidade}
Dos sonhos sendo delineados até se patentearem,
Ritmos e melodias se manifestam a musicalizarem utopias
Desejos do silêncio, êxtase da carne,
(Re) Só a fé que febunda e a que fecunda o nada
Dos interstícios dos mata-burros de melancolias e profusividade,
Exuberância e quimeras,
Sol desértico e deserto, eterno brilhar de novo
E secar as feridas,
Salva o tempo,
Res-gata o orvalho de madrugadas longínquas,
Goldmund se pasma ao alvor do riso escondendo
O que o nada resume,
Re-flete o conhecimento e a sensorialidade,
O ascetismo e a libertinagem.
Desejos da solidão,
Prazer do coração,
(Trospectivo)
Em nome de que princípio,
Cujo agora me não lembra,
Se me não revela a memória,
Soletra-me o sonho e a janela arrombada
Para lua e estrelas iluminarem as quimeras
E os devaneios?...


No de-curso, per-curso das trilhas...
Vertigem de me perder, de tudo negar, de me não assemelhar a nada, de nada refletir o ir e o re-fluir, de quebrar para sempre o que me define, de oferecer ao presente a solidão e o nada, ao futuro as utopias e a esperança de encontrar a única plataforma da “Estação Liberdade”, da "Estação Verdade", da "Estação Amor", da "Estação In-finito", onde os destinos se podem re-iniciar, ascender, ao "PORTO DO SILÊNCIO" onde à sombra vespertina do bosque que o circunda re-fazendas dos desejos e devaneios. A tentação é perpétua. Lâminas simbolizam sentidos que se foram, machados metaforizam sentimentos que hão de vir, não pinto em nenhuma tela uma figura sem rosto, não escrevo em nenhuma página um “eu” sem imagem ou perspectiva, desenho inconsciente, deixo que os sentimentos e sensibilidade tracem algo, alcanço a mente quotidiana, trazendo à beira de um sítio qualquer do rio de águas límpidas sem mar-gens-estende?, ausência de pressa, porque rosas ou lilás com-binam sonho e espírito em mãos que se estendem à des-coberta da comunhão... Porque ventos ou sibilos aderem esperanças e utopias à margem das dores e sofrimentos.


Campos das ilusões, vida ser arte
Campos das fantasias, amar ser divin-itude do além
Campos das quimeras, o outro ser a-núncio,
Campos das utopias, ideais dentro de outros ideais,
A-núncio da presença, a-núncio do espírito,
Presença-espírito da felicidade, alegria
Campos das sorrelfas, o eu ser re-velação,
Re-velação da solidariedade, fraternidade
Na caminhada por veredas, cujas secretas instâncias
Somem no in-verso lado do pensamento,
No re-verso do intelecto, já não sei onde esconder
Estava no dom de mim mesmo ao desejo
Letárgica taça onde vislumbro imagem embaciada
Dança litúrgica, esse não-estar já sendo,
Esse sendo já não-estando,
Escafedem-se no re-verso ângulo das idéias,
De viés nas perspectivas da consciência...
Campos de re-versas e in-versas ilusões,
Recitar o que o perdido multiplica nas ondas
Que também secam,
Declamar o “espírito”,
Ser quem se é,
Realizar a si...


Ficção, absorvimento, acordo, lilás ao norte: íntegro viço que provém do inerente chão a cada marcha que abonamos na acalentada por mutismo coincide a taquara que o vento britou (com) um esgalho mirrado de Outono.


Quimeras que não sucedem de delírios [antes, e de maneira mais pura do que o poderia eu fazer, delineio esboços, o sentido e a imagem de um olhar, a miríade de uma perspectiva de horizonte longínquo, de uni-verso distante das estrelas e da lua cheia], oferecer-me de físico e espírito


aos anseios videntes
em suas estimações perpétuas
como simulacro e como conspecção
veloz
da inerente deidade.


(#RIODEJANEIRO#, 27 DE JULHO DE 2018)


Comentários