MANOEL FERREIRA NETO ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO COMENTA O TEXTO DA ESCRITORA POETISA CRÍTICA LITERÁRIA ANA JÚLIA MACHADO /**A OSTENTAÇÃO... VAIDADE E A FALSIDADE**/ - PROJECTO /#INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL#



Se formos dividir esse belíssimo, percuciente texto em partes de temas que a escritora Ana Júlia Machado nos lega para reflexão teríamos que fazê-lo em sete ou oito partes, porque se trata de um texto aberto, de muitas faces - e a razão é simples: a escritora observa a alma humana em diversas perspectivas, revelando-lhe os achaques. Dentre todas as faces, o que impera, está no lince dos olhos é a santíssima, diviníssima, sacratíssima HIPOCRISIA - que eu elejo como docílima "mamãe" da nossa trans-modernidade. A hipocrisia, tão decantada, recitada, declamada, tornou-se a suprema moral e ética da vida humana e da sociedade. Não estando a hipocrisia nos auspícios de todos os picos, montanhas e serras, ditando os seus princípios, orientando os passos, nada é, nada existe, o ser humano é um verme que passeia pelas sarjetas e bocas de lobos do mundo e da humanidade. A hipocrisia é a deusa, a mamãe de todos os valores, e é poderosíssima pois que já comeu com cebolinha, cebola todos os valores eternos e imortais, como a solidariedade, compaixão... Reversando e inversando um dos pensamentos do imortal, eterno, universal escritor Machado de Assis: a hipocrisia tem um leito de flores no regaço de todas as almas, A escritora é atualíssima no seu tema e temática, isto é, funda-se, sustenta-se no momento presente, época de Natal. O Natal hoje é momento supremo da Hipocrisia, é o sonho de novas hipocrisias, renovação, renascimento de outras hipocrisias, alfim é o bem supremo, é o egrégio amor, merece ser laureada, vangloriada, tributada, e novos investimentos de atitudes e ações devem ser refletidos e incluídos nas que já se tornaram universais e eternas. Presentes e mais presentes, gastarem o que não tem é modo de alimentar a hipocrisia maior que é o consumo descabido. Tapinhas nos ombros, sorrisos de orelha a orelha, olhos faiscantes, palavritas de carinho e ternura comemoram a hipocrisia, dá-lhe asas para vôos ainda mais profundos pelos campos e florestas da sociedade e das relações humanas. Esmolas, sacolões, brinquedos para as crianças carentes são a pedra angular de se identificarem perante os homens, perante a sociedade, são hipócritas. Em final de ano, o desejo que tenho é embrenhar-me pelo mato a fora, sumindo de vista, e só retornar depois do Dia de Reis, quando as festas de fim de ano terminam. Odeio Natal. Mas, como toda a Literatura, Filosofia, Poesia, as artes em geral, no interdito das linhas que foram ipsis litteris de cunho negativo e mostrando a realidade da vida, há sempre a mensagem positiva, há sempre a dimensão da reflexão e meditação no texto da escritora Ana Júlia Machado. A mensagem deste texto é a Esperança, a Esperança de os homens se conscientizarem qual é mesmo a mensagem do Natal, e buscarem tirar a hipocrisia do regaço da alma, serem amor, serem misericórdia, serem solidariedade, serem compaixão.


Manoel Ferreira.
(10 DE DEZEMBRO DE 2014)


A ostentação…vaidade e a falsidade…..


A cada dia que vejo suceder nesta minha existência efémera, cada vez mais me deparo com o envaidecimento que paira neste mundo e ao meu arrabalde. Especificamente aquele que impossibilita afinidades regulares entre as criaturas. Um orgulho desmedido que concebe impedimentos e alucina.
O que infelizmente, está patente em quase todo mundo. Há pessoas que conseguem lidar mais irrefletidamente com ele. Algumas hão a bravura de pelejar contrariamente e superá-lo, elas se emancipam. E logo vivem deleitavelmente. Outros seres sucumbem submergidos no seu eu e desperdiçam-se. É desconsolador presenciar indivíduos que não infletem o geolho. Não o corpo, mas o do ser. Seres que se fruem titanescos para não haver que declinar a cabeça.
Aqueles que não ponderam no que enunciam e não aceitam uma imperfeição própria. Seres corrompidos do seu ego. Mas se essa postura transporta a algum lugar, seguramente não é ao paraíso. Se não se pretende viver em tranquilidade, que importância pode possuir a vida? O mundo está a necessitar de muito alicerce, muito apêndice, muita energia renovada- Carece de reedificação, de inovação.
Será que ainda se pode fazer algo para que algum egoísmo e vaidade que prejudica o próximo se extinga? Provavelmente sim e provavelmente não. Em alguns casos sim, quiçá principiando dentro de casa, a orientar melhor os rebentos mais novos, com exemplos de simplicidade e querença. Muitas coisas que enuncio lograrão parecer imaginárias. Se calhar…. Não somos imaculados e dia a dia havemos que encarar um Universo que nem sempre nos presenteia altas-rodas mas muitos acúleos. Mas se ninguém estimular legar mais um pouco de si, ser mais complacente, brevemente nada disso vai mais desabrochar na terra. E, infelizmente, apraz-me referir que tudo pende mais para o abismo do que outra coisa. Designem-me cética, ou o que vos mais vos almejar acrescentar….mas o egoísmo , a cegueira, o fútil, o eu sou o melhor, está a imperar neste mundo! Não existe o altruísmo…o doar um pouco e só um pouco de si….
Mas, calma! Agora vou chegar onde pretendo. O porquê deste pensamento neste belo mês de Dezembro, onde está muito próximo a quadra natalícia.
Agora, estão a despontar os pseudo-altruístas. Uns vão para as portas dos híper-mercadores instar para os carenciados. Mas somente porque fica bem para eles. Mais uma vez o eu e a imagem (salvo raras exceções), ficam muito bem para fotografia e posteridade perante a sociedade. Santa hipocrisia. Ainda, com a agravante de quem ganha com isso, mais uma vez são os grandes proprietários dessas superfícies. Por isso, é que eles não se inquietam de ter esta gente toda à porta. Mas se surgir o miserável isolado a pedir, convocam os seguranças, com a finalidade de os retirar, porque dá uma desastrosa imagem. A aparência em primeiro lugar…o marketing a operar para os proveitos.
Os amigos e famílias que se abominam, nesta quadra todos produzem o embuste e lá dão uns presentes e uns abraços. Passa a quadra e tudo fica igual, quer dizer como sempre.
Junta-se algum sustento e brinquedos para algumas famílias carenciadas…mas só algumas.
Uns desembolsam fortunas em presentes e mesas recheadas…outros não têm nada! A ostentação versus miséria.
Ainda há aqueles que desfrutam de muito e não participam sejam com o que for. Mas, com toda franqueza, ainda assim, elejo estes, pelo menos não encapotam o que são. Não jogam com a hipocrisia.
Que o Natal seja todos os dias. As crianças, pais e velhos sem abrigo e com fome necessitam de auxílio todos os dias do ano, Eles não se sustentam apenas uma vez por ano.
A vaidade e ostentação, a todos um dia vira cinza. Será esta a única alegria que os pobres podem ainda haver no que concerne a estes senhores poderosos. E que quando partem, todos viram pó e a vaidade e os bens não vão com eles.
Somos uns pobres diabos que habitamos na terra enquanto o relógio deixa…somos tudo e não somos nada!
Quando expirámos, deixamos atrás de nós tudo o que tivemos e transportamos tudo o que somos.
Will Oliveira dizia mais ou menos algo semelhante ao que passo a enunciar acerca do ser nobre. Para mim, ser uma pessoa ilustre não é satisfazer-me com jactância, para eu ser ilustre é ser previdente em meus atos. Ser ilustre para mim é indagar a minha felícia e buscar a felicidade da sociedade, ou seja, colorir nas ruas a representação da esperança.


Ana Júlia Machado!


(#RIODEJANEIRO# 12 DE JULHO DE 2018)


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