#AFORISMO 972/ #VERDADES NAS DUNAS DAS CONSTELAÇÕES# - PROJETO #VERSO-UNO LITERÁRIO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/DESENHO: Manoel Ferreira AFORISMO: Graça Fontis E Manoel Ferreira Neto



M esmo no vácuo das turvas paisagens
A s gotas de orvalho, o vento desfaz
N as entranhas do solo, força elementar
O espetáculo desencadeia espasmos e desproteção
E do grande penedo, um rosnar de coração
Levando ao futuro, secretos enigmas, Mistério!


Sou ouvidos de línguas estrangeiras,
Sou voz de olhares à espreita do ser e tempo,
Ímpeto de lábios, sorrisos à mercê das coisas hilárias,
Esgares de tristeza e angústia à revelia das dialéticas
Da vida e morte,
Do bem e do mal,
Pele, pensamentos, poros, pelos...


Entre o real e a re-presentação, sou de nascença e a vida pui,
Desejo ec-sistir como é de meu eidos e me segreda, ante os olhos que o profundo mar conduza. O ritmo insolente de pensamentos leves, soltos e fáceis é aquele que deixa a língua inerte, numa inércia tão suave quanto o cair de flocos de neve no passeio, na calçada, veredas, sendas de passagens para as vedas do infinito. A melodia meiga das idéias e pensamentos é aquela que liberdade compõe, o homem decide a si próprio como ser que busca algo de agradável na entrega aos ideais e utopias.


F ronteira adulta de livre expressão
E sculpe verdades nas dunas da constelação
R evelando segredos, nave de sonhos indescritíveis
R espirando Rock, Bach, seu corpo em chama
E aguarda invisível todas veredas em êxtase
I lha inabitada, marujo sem Pátria
R essuscita imprevistos e momentos de prazer
A lforje de todas as causas, afetos na mansidão.


Sou composto de marcas e cicatrizes;
Uma face e um símbolo, um rosto e um signo,
Um semblante e uma metáfora,
Uma imagem e uma perspectiva,
Uma silhueta
A poeira das ruas de minha terra-natal,
Um olho mágico,
A neblina velando o mar na imensidão,
Na sola de meu sapato,
Poeira que vou deixando nos pretéritos do tempo
O destino é a cidadania do mundo
Minhas mãos postas ao céu, ao que trans-cende,
Sem rezas, sem orações, sem dogmas e preceitos
Meu punho erguido,
Um murmúrio, um sussurro, um grito
Um berro altissonante,
Uma agonia, um desespero, um desconsolo
Lágrimas que descem a face da contingência
Sorriso enviesado que se esboça frente ao in-audito
Brilho, por vezes frio, por vezes brilhante
Diante da solidão do silêncio.


Sou uma espera, fantasia, ilusão,
Sou um movimento, sonho, utopia,
Um pingo de chuva, um raio de sol,
Orvalho na madrugada, neblina que cobre a montanha
Uma lufada de vento, uma luz de relâmpago,
Brilho da lua bolinando a escuridão da noite,
Luz das constelações,
Seduzindo o espaço,
Cintilância das estrelas seduzindo o universo,
Sou a mão que pinta de cores semi-vivas a tela de desejos,
Sou a palavra registrando no dito e inter-dito o espírito da vida,
Sou a nudez de corpo exposto às primeiras luzes da manhã
Sou tear na madrugada fabricando vida plena
Sou como se outro ser,
Não mais aquele habitante de mim
Há tantos anos,
Respondo ao tal apelo, desde há anos,
Que se abre gratuito ao meu engenho,
Onde o anseio se abranda.


Sou capim do pasto e as ovelhas.
Sou peixe e água de rios, córregos e lagoas;
Sou espaço e a borboleta, sou horizonte e a águia
A pomba e o condor, sou o in-finito.


Sou a idéia de uma coruja
Pousada sobre uma galha de árvore,
E quando sou a idéia,
Sou a coruja.


N áufrago da lua à maresia de seus pensares
E xtremado porto de solidão banha outras solidões
T angencia o corpo da vida nos...
Olhos múltiplos ocultos na atmosfera.


Trazendo na algibeira e alforje
Conhecimentos amadurecendo,
Projetando-se com liberdade e abertura,
Para novos encontros com idéias e pensamentos
Des-velados de tradições e conservadorismos.


Algemas e correntes no chão.


(#RIODEJANEIRO#, 24 DE JULHO DE 2018)


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