#AFORISMO 975/ OUTRAS LÍNGUAS DO SER-NADA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Memórias pretéritas do genesis.


Nada de dogmas.
Desfibrar com percuciência doces alimentos: eis a questão!
Nada de preceitos.
Aplicar com eloquência a convulsa deleitação de carne triste: eis a sagrada labuta!
Nada de livre-arbítrio.
A boca liberta das funções poético-simbolista-enigmáticas: eis a senda longínqua a ser trilhada!
Nada de princípios.
Sorriso espontâneo e a língua especiosa artificiando outras línguas: eis a sísifa tarefa eterna!
Nada de tradições.
Consolar nos interstícios da alma os secretos e enigmáticos sofrimentos das dúvidas e inseguranças: eis a sóbria castidade!


Águas de fontes trans-cendentes evangelizando rios que per-correm e de-correm ao longo de suas veredas ritos e mitos da verdade que reside na travessia das nonadas ad-versas ao vazio. Uni-versos e horizontes da roda-viva que gira, move a vida no trans-curso dos sonhos e esperanças ao real, à realidade da vida, fé na sistência das dialéticas do ser-verbo, ser-nada, se o verbo do nada se faz continuamente, conjuga-se nos instantes-limites do desejo, o verbo do ser se dialetiza no ab-surdo das dúvidas e in-certezas, e na síntese de ambos abrem-se as persianas da janela do infinito para a luz que incide nos seus raios as pers bíblicas do divino.


Theos. Inner.


Ideais do pleno comungando a sorrelfa eternidade e a quimérica efemeridade, concebendo outro eidos que habita a contingência do há-de ser o verbo in-finitivo do tempo, tempo de pretéritos e vires-a-ser, tempo de gerúndios e particípios, tempo de dores e vocações à felicidade, tempo de dialéticas e sin-cronias.


Síntese: verbo e ser da vida que se contingencia à luz dos sonhos, esperanças, fé, pedras angulares do passo a passo nas alamedas de serestas do bem e mal.


Nos instantes-oníricos dos volos do eterno e perpétuo querubins ensaiam as performances da dança mística da carne e verbo do sono que precede o alvorecer, quando pétalas de flores se abrem, pássaros trinam saudando a essência da natureza, os homens idealizam outras utopias no sertão, utopias hereges, utopias proscritas - as cristãs esvaíram-se no mata-burros da verdade perene, ou não desejaram atravessá-lo?


Cogito ergo sum.


Continuidade do verbo tecendo o ser, continuidade do ser crocheteando o tempo do verbo, continuidade do tempo na arte do ponto-de-cruz da fé na linha trans-versal da filosofia, que não é sem a teologia, da poesia, que são somente versos e estrofes sem o telos paráclito da verdade para o ser-do-verbo, verbo-do-amor.


Nous.


A vida são sínteses de todas as dimensões da gnose à busca do Saber a etern-itude. As flores da primavera inda estão por des-abrochar e os jardins exibirem a melhor aparência.


O sublime divino à mercê do ser-no-mundo intros-pectivando os volos do que trans-cende as circunstâncias vivenciárias.
Poesia do verso que precede o verbo de amar. Poesia da estrofe que antecede o sonho do amor que alumia as sendas silvestres dos caminhos-da-roça que são as dúvidas do além-morte, os medos do inaudito que trans-eleva as angústias e náuseas do estar-no-mundo. Soneto oriental das rimas tergiversas do som do belo, música da beleza, ritmo e acorde do perpétuo, poema dos ritmos e melodias, poema dos inauditos cânticos da espiritualidade. Telos enredo da lírica uni-versal.


A esperança da fé, do sonho, das travessias precedem a vida. Será possível que o dom da fé me haja sido negado, ao capricho de algum palhaço divino? Ou há alguma carência em mim, ausência de alguma faculdade, como o paladar, olfato ou percepção das cores?


(#RIODEJANEIRO#, 25 DE JULHO DE 2018)


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