POETISA E ESCRITORA Ana Júlia Machado ANALISA O AFORISMO 91 /**GOZOS PO-EMATIZADOS DA METAFÍSICA DO IR ALÉM**/


Diria que este texto de prazeres de dar forma ao poema da transcendência do ir além, do Grande escritor Manoel Ferreira Neto baseia-se em Nietzsche.


Quem conseguiu em alguma dimensão a independência da causa, não pode se ensaiar mais que um viajante sobre o Chão e não um passageiro que se conduz a um limite derradeiro, pois este não subsiste.


Mas ele enxergará e possuirá olhos amplos para tudo quão efectivamente ocorre no planeta. Por isso, não pode prender o espírito com muita solidez a ninharia em específico, nele deve permanecer algo de vagabundo, que possua exultação na mutação e na transição.


Sem hesitação esse indivíduo enxergará escuridões funestas, em que encontrar-se-á esgotado e descobrirá inacessível a portada da cividade que lhe incumbiria presentear descanso, mais, quiçá o despovoado, como na angélia, acerque ainda a portada, seres de pilhagem ululem ao longínquo e igualmente próximo, uma agitação pujante se erga, malfeitores lhe furtem os bichos de carregamento. Experimentará nesse caso tombar a escuridão horrenda, como um segundo ermo após o ermo, e o seu espírito se esgotará de caminhar.


Quando emergir então para ele o astro-rei madrugador, incandescente como uma deidade da cólera, quando para ele se desfechar a cividade, avistará quiçá, nos semblantes que nela habitam, ainda mais ermo, imundície, cegueira, intranquilidade do que no outro flanco da portada e o dia será sensivelmente inferior do que a escuridão.


Isso bem pode suceder ao caminhante; mas posteriormente aparecerão, como prémio, as ditosas angélias de distintas zonas e diferentes claridades, quando já no amanhecer contemplará, na névoa das serranias, os ranchos de númenes transitarem bailando ao seu flanco, quando mais tardiamente, na estabilidade de sua energia matinal, em pacífico giro entre os mastros, das copas e das ramagens lhe decairão meramente realidades benéficas e luminosas, dádivas daquelas almas independentes que encontram-se em lar na serrania, no bosque, no isolamento, e que, como ele, em sua forma quer alegre quer pensativa, são viajantes e sábios.


Oriundos dos enigmas da antemanhã, eles avaliam como é exequível que o dia, entre o dezeno e o dízimo instante percussão do chocalho, possua um rosto assim genuíno, assim tão brilhante, tão calmo – deformados eles diligenciam a sabedoria da angélia


Genuíno de sabedorias em contrarias língua de géneros fantasiosos das labaredas de lapeira que despertam calafrios na elocução da polpa, arrepios nos lazeres dos esqueletos que serão borralhas na finalização dos transactos-actuais do não-ser à luminosidade do ser tao das fantasmagorias, opostas à cristandade no imago circunspecto no reflexo das probabilidades da realidade... o íntegro repousa na cama de ornatos que é a retaguarda do espírito.


Ana Júlia Machado


#AFORISMO 91/GOZOS PO-EMATIZADOS DA METAFÍSICA DO IR ALÉM#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


"... desde a abertura do inconsciente a-nunciando, pro-jectando símbolos, signos, metáforas do outro atrás do "eu" da vigília..." (Manoel Ferreira Neto)


Epígrafe:


"No seu intercurso existencial, o homem deve fluir, diligenciar, instruindo-se com intensidade na gênese da verbalização para bem grafar as insubstencialidades inseridas na metafísica do SER-VIVER" (Graça Fontis)


Na manhã de luzes e pré-núncios, a-núncios em imagens brancas de nuvens azuis, em perspectivas espelhadas de cintilâncias das estrelas, à luz dos raios de sol, desenhando miríades emolduradas de sonhos e quimeras lúdicas, trans-cendentes de lirismos, átimos do tempo insinuados na tela de esperanças e sorrelfas lúcidas, con-ting-"entes" de romantismo, saudar o místico momento da fresta, no horizonte imortal e divino da lua na noite calada, vagalumes e pirilampos, conúbio da lua e estrelas, banquete de brilhos no espaço sideral.


Vernáculos de expressão eruditos
Do in-audito silêncio do íntimo,
Da íntima mudez nos recônditos da alma,
Ininteligível solidão do não-ser,
Semântica de sentimentos ganacheados de conúbios que pers-elevam desejos aos auspícios genitivos do há-de verb-estesiar os sonhos latentes, volos calientes, verb-ex-tasear as querências numinosas, desejâncias radiantes, tempo de orientais querências do sublime que trans-cendem as con-tingências ocidentais do efêmero-terno, tempo de ocidentais utopias da cristalina pureza da alma que pro-jeta suas náuseas e ausências da verdade no espelho re-côncavo do in-finito, iluminando as pers-pectivas con-vexas da imagem genitiva do uni-verso seivando-se de esperança do que trans-cende o espírito do divino, quiça o além concebido nas fin-itudes lácias do eterno sem as linguísticas do passo a passo nas abissais sendas partidas de significantes, o além da ec-sistência, pre-figurado e re-presentado de carências e solidões, a-nunciado e a-pres-"ent"-ado de silêncios e inauditos,
preteriza sombras e crepúsculos,
gerundia brumas e alvoreceres,
participia mistérios ritualísticos, místicos,
in-fin-itiv-inicializa inspirações e percepções
do que des-cende o divino e o ab-surdo,
e na consumação da carne que tematiza o verbo das utopias jacentes-ad à hortênsia última do canteiro do éden no "re-cântico" in-consciente do paraíso, purgatório, inferno dantianos, e Sócrates passeia tranquilo e sereno nas alamedas da Grécia, Platão re-flete sorumbático as idéias na caverna, Kant anda orgulhoso da Crítica da Razão Pura e da Razão Prática, no seu caminho de casa à universidade, o único de toda a sua vida o vernáculo da prosa verseja a estesia da eternidade o erudito da poesia, vers-ifica o efêmero do nada, o eterno das travessias às voltas com os abismos à busca da esfinge dos enigmas da continuidade da vida no percurso das vivências, des-velar enigmas é verbo de lançar esperanças que sobrevoam o longínquo do ser, des-nudar mitos é con-templar na apres-"ent"-ação da luz paráclita de nonadas as miríades do sublime-eterno, in-visível do visível re-velando raios luminíveis da linguística semântica do não-ser versátil re-verso e in-verso ao lúdico sensível dos gerúndios subjetivos. A alma percorre do cristalino das águas a profundidade do rio no pers-curso de pectivas das margens sem a extensão do espaço.


Infinito do uni-verso numinado de “harmonia de cores”, arco-íris re-presentado e efêmeros eternos que se entrelaçam no ser do há-de, sin-cronia de traços a pincelarem imagens geminadas, gen-itivos do pretérito crepuscular cujo eidos está pro-jectado aos confins, além de todas as trans-cendências, linguística dos in-visíveis visíveis à luz da alma que, neste alvorecer, re-veste-se de inspirações de águas vivas da verb-itude dos laços uni-versais, sin-fonia de pers-pectivas a resplandecerem de beleza as sendas perdidas, experiência do fundo do vale, da própria impotência e incapacidade, que passa a ser o salto para a interiorização do divino humano, signos de esplendor e eterno nos liames do espírito, desde o sentir do sono, do êxtase desde o sonho ao sono, desde a abertura do inconsciente a-nunciando, pro-jectando símbolos, signos, metáforas do outro atrás do "eu" da vigília, instante de sedução, brilho das estrelas e da lua, “pedras sagradas”, cristais, diamantes e ouro que rimam palavras sutis com o éden de luzes e lilases, que musicalizam linguagem e estilo, semântica do que não tem explicação, entrega que não tem fin-itude, inspiradas na rede que balança nas gerais “utopias cristãs”, paulicéias de matragas anti-cristãs. carioquecéias de matragas satíricas, hilárias.


“A sina de ser”, o destino de cont-ingenciar o quotidiano, o elo de todas as coisas, flores são espetáculos da natureza, despetalando os dons do Espírito, da graça, da beleza, da simplicidade de um ser que tem na sua certeza que viver é verbo de encanto e desencanto da metafísica do ir além do tempo, liberdades são cenas eivadas de ternura e carinho, “instante de sedução”, efêmeros gozos de eterno po-ematizados, querer brincar com estrelas, correr campos, velejar, jornadear abismos, mergulhar profundezas marítimas, cavernas, beber a sede das ruas, queimar a luz do luar, lavrar o corpo no grito.


Signo de metáforas nascidas de vigília e palavras a pincelarem imagens do imortal e divino a preencherem os vazios da falta de ser, “manque-d´être”, da ausência de alegria e prazeres, pedras sagradas, diamantes profanos, cristais heréticos que rimam palavras sutis, que ritmam dores são sentimentos de luz inspirados no brilho das paulicéias estrelas e da lua mineira, praias cariocas.


Vernáculo de erudições em ad-versa linguagem de estilos utópicos das chamas de lareira que provocam arrepios no verbo da carne, calafrios nos ócios dos ossos que serão cinzas na consumação dos pretéritos-presentes do não-ser à luz do ser-tao das utopias, anti-cristãs na imagem refletida no espelho das pectivas-pers da verdade... o absoluto dorme no leito de flores que regaça a alma.


(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE AGOSTO DE 2017)


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