POETISA E ESCRITORA Ana Júlia Machado ANALISA E INTERPRETA O AFORISMO 90 /**MIRIADES DE SUBLIM-ITUDES DA PLEN-ITUDE VERBAL**/


Perante este texto de Manoel, nem sei bem o que vou dizer… mas apraz-me dizer que a vida não é feita de rosas… não falta sarcasmo e ironia e os que se alimentam disto…
Não chega se pretender. Não basta ter ideias precisas. Não basta bisar boas reflexões na mente como se fossem um poder espiritual, para que as realidades meramente sucedam.
Essas vulgarizações da rotina baseada no uso de seus inerentes processos cerebrais para adquirir seus propósitos são excessivamente prejudiciais. São os embustes que nos impingem, para brincarem com o ser
A pessoa que crê nessas histórias de excesso ultra -impossíveis, propende a ser, primeiro, acometida por uma descomunal onda de fé e de convicção de que tudo consegue. Em seguida, ao lutar com a existência e com as inerentes teses, costuma ser atacada por uma gigantesca impressão de incapacidade e de responsabilidade por não alcançar o que seja.
E, assim, o projéctil escapa pela traseira. Toda aquela energia da fé, que se possui nos primeiros momentos, se altera em envenenamento freudiana súplica involuntária do intelecto
Aí carece de mais e mais autoajuda, atrás sustentada certa acinesia defronte da existência.
Isso porque o domesticado fica enclausurado a um ideal irrealizável, que é o local de alguém que tudo consegue (em trâmites freudianos o pai da malta), o enérgico de êxito completo, a cônjuge possante que faz todos os homens salivarem, às vezes até amalgamando noologia com crença e praticando barbarismos teoréticos.
O ideal edificado aí fica distante da emasculação, que é precisamente aquilo que a psicanálise nos ensina que é o que nos” salva”, o que conseguem fazer crer.
Não, a gente não pode tudo. A vida é concebida de opções e eleger o que auferir, é igualmente, eleger o que desperdiçar.
É preciso que o anseio acorde nosso físico, que a gente faça aquilo que nos encaminha sentido, esperteza e mais ânsia! Mas isso só é exequível diante da desconstrução dos protótipos de primor, porque o desejo tem como espécie para sua existência a articulação com a escassez.
Não, a gente não pode tudo, só algumas coisas.
E permanece igualmente mais desgraçado o desgraçado que enaltece o abastado, inferior o pequeno que enaltece o grande, mais humilhante o baixo que enaltece o enorme, e assim por diante. Verde ou não, não identifico mais os valores que me amachucam, acho um infeliz faz-de-conta habitar no couro de intercessores, e nem compreendo como se enxerga dignidade no fingimento dos carecidos, o padecente estrepitoso que abençoa seu déspota se concebe duas vezes recluso…
Com certeza que fugi um pouco ao tema do grande escritor Manoel Ferreira Neto…mas a falsidade e embustice e a hipocrisia levaram-me para aqui…..


Ana Júlia Machado


#AFORISMO 90/MIRIADES DE SUBLIM-ITUDES DA PLEN-ITUDE VERBAL#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


"O sarcasmo alimenta de ironias as hipocrisias das mentiras. O cinismo sacia a fome do falso divino." (Manoel Ferreira Neto)


Epígrafe:


"Do contexto vivencial, imerso em estereótipos, promessas, vãs expectativas, mazelas e embustes predadores da alma, o que torna imarcessível e imparcial na objetividade a concretização da eternitude existencial é a verbalização dos sonhos e utopias." (Graça Fontis)


Linhas paralelas. Páginas trans-versais, verticais. Palavras uni-versais. Roda-viva de sentimentos, emoções. Cataventos de dúvidas e in-vestigações. Ad-juntos de desejos, sonhos de prefixos interiorizando a divina trans-cendência da condição humana. Vontades de substantivar os verbos gerundiando as a-nunciações do outro que habita os re-cônditos da alma.


Veemências surdas-ab de carências abissais rodopiando nas contradições de verdades pretéritas, leis do menor esforço para o consentimento jacente-sub do efêmero em efêmero, pedra angular da morte, pedra de toque das cinzas que o vento não leva para os confins do in-finito, mas a terra engole substancialmente, húmus para alguma erva daninha ao redor das criptas de mármore preto ou branco, no pé das cruzes sem nome; solidões abismáticas roda-vivendo nas dialécticas da in-verdade haverá-de ser, a coroa do vintém ou mil-réis, oposta às tradições preceituosas ou dogmáticas, de efemer-itude em efemer-itude, tornando-se vazias, nadas, obtusa fé do inaudito preenchendo as con-tingências da alma com miríades de sublim-itudes da plen-itude verbal que, de desejos em desejos, tornam-se irtudes do verbo eterno, a morte trans-cende a carne, a carne trans-eleva-se de regências linguísticas da estética corpórea do abstrato. Carne sem osso. Eis a vida, sem as ipseidades da matéria, vida que não morre, vida sem as quimeras do paraíso celestial, vida sem as utopias do paraíso celestial, redenção dos pecados, ressurreição das cinéreas mauvaises-foi.


Ilusões simbólicas. Sorrelfas metafóricas. Fantasias expressionistas re-vestidas de bucólicas esperanças do absoluto nada ou das nonad-itudes. Des-cortina-se o pretérito. Des-nuda-se o porvir. Des-vela-se o mistério dialético ou dialógico do apocalipse no ziguezague das utopias re-versas e in-versas da bíblia in-temporal, quando o genesis se conubia com o caos, concebendo os maque-d´êtres dos medos e tremelicâncias do des-conhecido.


Angústias, vidas secas. Memórias do cárcere dos ossos sem a carne da alma sem coração, dos sentimentos sem o sensível.


Não há agora nuvens brancas no espaço celestial. O celestial na íntegra azul de confins às arribas azul, do in-finitivo ao in-finito o nada trans-lúcido inter-ditado de branco atrás das origens do tempo espacial, na imagem do tempo con-tingenciário. Ilusão de ótica, vernáculo latino do olho esquerdo que manda o direito catar cebolas da Arábia no deserto, depois confessar com os monges do tempo tibético ou budístico.


O sarcasmo alimenta de ironias as hipocrisias das mentiras. O cinismo sacia a fome do falso divino.


A vida com a morte na alma nada é. A morte com a vida nos interstícios do espírito nada significa, significante algum se lhe apresenta.


A existência cessa e o vento ainda me recruta para bem longínquo,
Para o interminável...
Eterno da inutilidade,
Ninharia de ser total,
Tudo compenetrado,
Vomita a mesmice desta imago,
Não mistura a nonsensidade destas ópticas do tudo sombrio,
Às voltas pelo balanço incansável de corrigir,
Absolver os batimentos que cada termo rumoreja,
Escrever palavras que admiram,
Fazem dispersar, empreender longa viagem no in-audito,
Mas não trazem ruminâncias das angústias e náuseas
Que cada vivido e jornada nas ansas do metafísico
Rumoreja exibição límpida e transparente.
Viajada durável,
Curta cinematografia de enxergar um momento,
Um princípio imaginado.


(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE AGOSTO DE 2017)


Comentários