#AFORISMO 135/E O VENTO LEVOU# - GRAÇA FONTIS: ESCULTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Versos versados de re-versas razões
Estrofes in-versadas do tempo de sublimes etern-itudes
Rimas re-versadas das esperanças do absoluto
Luzes da ribalta incidindo nos horizontes além dos sonhos
O vazio de ideais tecido e composto de pretéritos
O nada inscrevendo dialéticas no mausoléu das utopias...


Levou-me o vento...
Levou-me as eternidades
Levou-me as etern-itudes
Levou-me as sublim-itudes
Levou-me as náuseas
Levou-me os verbos de sonhos
Levou-me as fin-itudes
Levou-me as esperanças
Levou-me as nostalgias
Levou-me as melancolias
Levou-me as saudades
Levou-me a vida
Levou-me a ec-sistência...


Versados de re-versas razões não componho poemas
De sublimes etern-itudes, as palavras mais não cor-respondem
Levou-me as metáforas o vento,
Re-versas das esperanças do eterno o vento levou-me as rimas
As linguísticas das paixões desenfreadas o vento levou-me
O estilo carinhoso, terno do amor o vento levou-me.


Eis-me aqui
Vazio, perscrutando de soslaio com os olhos sem brilho algum
O longínquo de todas as coisas levadas pelo vento
O coração pulsa comedido - o vento levou-me sentimentos, emoções
Minh´alma jornadeia perdida pelos bosques inóspitos
Sem desejos, sem vontades, sem quaisquer fantasias.


O vento levou-me os filhos, trilham seus destinos livres
O vento levou-me a liberdade, levou-me a escravidão
Ainda não levou-me o corpo
O crepúsculo está chegando, entregarei o corpo à terra
Não haverá mais vento para levar-me as coisas.


O vento me não levou as metafísicas do belo e da beleza
Que, por vezes, devaneiam entre as con-tingências e a criatividade,
Imagino sejam sendas da floresta,
Levo-as ao fim do arco-íris,
Onde se eivam, alimentam-se, nutrem-se de mais inspirações
Para tecerem o sublime.
O vento me não levou as erudições da liberdade de ser Criação
Com elas delineio as tessituras e tecituras da vontade da Arte
Exalar o perfume inebriante das verdades imperfeitas
Abrindo os leques para outros mergulhos e in-vestig-ações.
O vento me não levou o Amor
Nas suas asas aforismo sentimentos, emoções, cáritas,
Visualizo as imagens, panoramas, paisagens do infinito
Tornadas pinturas, esculturas, caricaturas,
Que extasiam a alma de mais sonhos e esperanças.
O crepúsculo chegou, o sol com seus raios amenos
Presenteia de beleza e esplendor o mar, os morros,
Metafísicas, erudições o vento não leva
Criam-se, re-criam-se, inventam-se, reinventam-se.
Tempo de curtir o entardecer, o anoitecer...
Eterno...


(**RIO DE JANEIRO**, 31 DE AGOSTO DE 2017)


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