INESQUECÍVEL É VOCÊ, AMIGA ELIZABETH ALMEIDA - HOMENAGEM PÓSTUMA# HOMENAGEM PÓSTUMA: Manoel Ferreira Neto


Verdades sejam ditas a plenos pulmões, aceite outrem ou não. Ditas, não restam dúvidas, não se passa a vida justificando, explicando.
Jamais verti única lágrima em velórios, mesmo nos de familiares. Contudo, no velório de Antônio Carlos Fernandes(Toninho Fernandes), deitei-me no ombro de sua mãe e chorei copiosamente. Foi a primeira vez que chorei em velório. Não estive nos velórios do poeta e escritor Marcos Matias, Delém, de professor Jaime França, mas teria acontecido o mesmo.
Desde tenra infância, estudante de Grupo Escolar, não mantinha relações com os colegas, sim com as professores, o mesmo no curso ginasial. Só no curso de magistério tive um amigo muitíssimo chegado, Orlando Martins, e não era portador de sensibilidade artística, mas absurdamente sensível. Na Faculdade, com professores, intelectuais, escritores, poetas. Sempre assim. E os grandes amigos são escritores, poetas, intelectuais.
Não significa que negligencio as pessoas comuns - "comuns" aqui na accepção de quem não traz em si sensibilidade, dons e talentos artísticos, intelectuais. Sou feito de letras, sou das letras, vivo quem sou. Não significa também que a morte de pessoas comuns não me tocam, de familiares não me tocam, a morte toca-me sobremodo. Mas a de meus companheiros de estrada sensibilizam-me, tocam-me, entristecendo-me, angustiando-me.
Desde ontem, aquando recebi a notícia do falecimento da Amiga querida, Elizabeth Almeida, fui tomado de angústia, tristeza, e nestes momentos só tenho, digamos em linguagem vulgar, uma válvula de escape, qual seja, escrever. Não escrevi nada no momento da notícia, apenas um simples comentário. Acordei-me às cinco da manhã hoje com o propósito de fazê-lo, e quem disse conseguia realizá-lo. Publiquei então as "homenagens póstumas" a dois de meus dois grandes amigos das letras e da intelectualidade, Toninho Fernandes, Jaime França, tentando as palavras para escrever sobre Elizabeth Almeida. A única coisa que dissera à minha esposa e companheira das artes, Graça Fontis: "No momento de uma notícia dessa, de supetão, o impacto, a dor da perda. Passado o momento, a dor toma-me por inteiro. Sou de letras, perda de amigos delas deixam-me angustiado. Estou agora e muito..." Sei expressar este sentimento na página branca de papel.
Na minha lista de Grupos e Páginas, ELIZABETH ALMEIDA POESIAS E POEMAS é o primeiro; depois de publicar na minha Linha do Tempo, o primeiro Grupo em que publico é o dela. Após a publicação, estando ela on-line, de imediato o seu comentário, sensível, amigo, sempre uma palavra de carinho e incentivo, uma "verdadeira lady"; não estando, era só esperar que aconteceria. Lendo-lhe os comentários, sentia-a profundamente, coração eivado de sentimentos, emoções puros, alma de muitos sonhos, esperanças, sempre pronta a doar-se verdadeiramente, uma poetisa que patenteava suas verdades sensíveis com extrema espiritualidade, de modo simples, estilo e linguagem puros, arrancava-se de dentro e mostrava-se plenamente, através de seus versos e estrofes. Surpreendia-me, admirava, extasiava eram a sua linguagem e estilo enviesados, modo bem espiritual de patentear a sua humanidade de ser, o coração transbordante de amor e ternura pelo ser humano, pelos seus leitores e amigos, aquela mão amiga no ombro do outro, dizendo: "Acredite no Amor, na Amizade, tenha esperanças, sonhe, realize, só metáforas de seu amor por todos. Por sempre será ela, é a sua essência, os leitores nos degustaremos do sabor de sua vida na poesia. Ainda lendo, pensava e sentia comigo: "Quem sabe um dia poderemos nos conhecer pessoalmente. Quero trocar muitas idéias, trocar figurinhas a respeito de seu estilo enviesado para mostrar a sensibilidade - "Quê enviesado para mostrar o sonho da espiritualidade! Mágico!" E o seu passamento veio-me tirar este sonho e esperança que nutria.
E agora, amiga querida, Elizabeth Almeida, como entrar no seu grupo, deixando lá as minhas coisinhas? Presenciarei sempre este sentimento: "Elizabeth não está mais aqui. Não posso mais ler seus novos poemas, conhecendo-lhe mais e mais, sabendo-lhe a alma, a espiritualidade". Difícil, muito difícil para mim. Perdê-la para a digníssima senhora morte está doendo, até deixo um verso de Sérgio Bittencourt para enfatizar o que em mim vai dentro: "Naquela mesa está faltando ele/e a saudade dele está doendo em mim", que compusera para o seu pai, musicalizada em DISCO, CDS, "NAQUELA MESA". Em Elizabeth Almeida Poesias e Poesias está faltando a sua presença real e humana, e a saudade de você está doendo em mim.
Inesquecível é você, minha querida amiga!


(**RIO DE JANEIRO**, 28 DE AGOSTO DE 2017)


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