#AFORISMO 80/PÁGINAS DE LETRAS APAGADAS, CIÊNCIAS OCULTAS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Epígrafe:


"O utópico do visionário na arte do saber resplandece na visibilidade topológica verbalizada abrangentemente no existir." (Graça Fontis)


Pedras rolam montanha abaixo,
Falsidades sobem picos e colinas
Ventos sopram poeiras das estradas de terra a fora,
Hipocrisias sibilam na superfície do mundo.
Orvalho toca as folhas viçosas e vivas de rosas, samambaias
Farsas acariciam com ternura, amor a pele dos verbos do não-ser
Neblinas cobrem os abismos, flanam sobre a água dos rios
Mentiras velam os medos da morte, a inconsciência da verdade
Neve respinga suave no silvestre da floresta
Simulações, dissimulações escondem as carências da alma
Chuva cai molhando o solo, a grama dos campos e pampas
Condutas de má-fé tecem raios numinosos de glórias
A lareira de achas aquece o frio noctívago
Ódios, ressentimentos, mágoas apagam as luzes do sublime
Horizontes, uni-versos esplendem os brilhos do eterno
Nonsenses sarapalham mistérios, enigmas do belo, da beleza
As paisagens do in-finito ornamentam os confins do perpétuo
As telas vazias de arte e poesia re-fletem no espelho do nada
As páginas de letras apagadas, ciências ocultas
Enobrecem, glorificam o descaso com o futuro da vida
Ritmos, melodias, acordes musicalizam o espírito da sensibilidade
A lírica subjetiva a presença da ausência de ideais, esperanças
As harmonias, sin-cronias, sin-tonias da verdade e da busca
Do outro do verbo que diviniza as contingências e trans-cendências
A cegueira da visão nadifica e nihiliza o amanhã de outras utopias
Pintores, músicos, compositores, escritores, poetas
Projectam as constelações do espírito de ser atrás da lua
Homens comuns jogam nas cartas o destino do poder
As mãos fabricam, tecem, fazem os objetos, utensílios
Os instintos dançam a coreografia das maledicências, imoralidades
Moral, ética desenham na tela do vir-a-ser as dimensões
Da felicidade,
Da alegria,
Do contentamento
Dogmas, preceitos escrevem no mármore branco da cripta
O apocalipse das trevas, dos crepúsculos, das sombras, das brumas
A coruja canta o saber, a sabedoria, a res cogitans
O sapo coaxa à beira da lagoa o ignaro, a sandice
A águia voa em direção ao in-finito, ao in-audito
O jegue empaca na travessia da ponte
Para a visão do panorama campesino
O boêmio dedilha as cordas do seu violão endeusando a amada
O bêbado cata os cavacos nas alamedas, ruas, avenidas
Vociferando suas revoltas, incapacidades, incompetências
Os mestres ensinam as regências e concordâncias verbais
Os alunos conjugam os verbos com o pronome oblíquo
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(**RIO DE JANEIRO**, 06 DE AGOSTO DE 2017)


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