#AFORISMO 142/A RODA VIVA GIRANDO NOS CÔNCAVOS E CONVEXOS DO ESPELHO DAS SENSAÇÕES INAUDITAS!...# - GRAÇA FONTIS: ESCULTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO


Tecido minucioso com fragmentos de metáforas que inscrevem nos espaços de entre o climax divino do gozo o sentir corpo e alma voando aos ceus, prazer contingente elevado ao verbo do encontro com o espírito do verbo, do tempo de koinonia do "eu" e "outro". Destituída de instinto, a carne sente o esplendor do instante, êxtase, volúpia, a alma se suspende no tempo que se esvaece de segundo em segundo, o resto não é o silêncio das dimensões sensíveis e espirituais, mas as ruminâncias de compl-etude do verbo doar a entrega da querência do clímax e a regência nominal de con-sentir, permitir a leveza do sentir livre e espontâneo a satisfação, conúbio de ganache, o ser na continuidade dos momentos, estrelas cadentes, fases da lua no jogo lúdico de mudanças instantâneas no instante-limite, a roda viva girando nos côncavos e convexos do espelho das sensações inauditas esplendendo no silvestre da floresta de sendas e veredas de orvalhos notívagos, seivando o broto das flores para o despetalar no amanhecer, no lírico dos campos de lírios e trigos de neblina do amanhecer, envelando a visão do longínquo e distante, do próximo e perto, de confins e arribas, fecunda de libidos pronominais do espírito o ad-vir pleno do "nós", ab-solut-idade do corpo e alma no baile anti-sáfico da natureza, na dança anti-erótica defectiva da felicidade no proscênio de katharsis da pureza, sentimentos e emoções sui generis do amor do verbo afagar as dimensões do prazer.


Make love not full time, even though the short moments of feeling the contingences of being alive and able to feel pleasure as the image, efigie of the absolute.


Então um silêncio, longo, enorme, enquanto trago a fumaça do cigarro, expelindo-a, olhando-a desaparecer, deitado à rede de minha residência, perscrutando o imenso quintal todo arborizado, pássaros trinando, borboletas voando. Depois de longos e longos anos, eis que desfruto desse prazer novamente, sinto como se re-tornasse à minha infância, adolescência, e o sentimento é tão forte e verdadeiro que me ponho a passear por esse quintal como o fazia na infância, na adolescência, maturidade(instantes e momentos de reflexão, pensando, pensar o pensamento, sentindo-, sentir o sentimento). Estende-se pelo alpendre, sacada, a gosto de quem ouve e olvide, não me responder. Um mergulho com lentidão precisa e segura, um nada irreal, de escafandro. Não é verdade que não exista amor feliz. O que acontece é que a felicidade é experienciada, primeiro o desejo, depois a luta por a construir, e isso é no tempo... Se digo noutra linguagem: a felicidade dá tempo ao tempo, a arte trilha os caminhos da entrega. A agonia ou a ansiedade, creio que estão unidas, buscam as vozes simuladas em quimeras, palavras dissimuladas em fantasias, e não se é possível ouvir os cânticos que a felicidade entoa no espírito.


Amar. Intimar no eidos da entrega solidão e silêncio do eterno quanto efêmero, vice-versa, nos solstícios barros da beleza sensual, do eterno enquanto vazio, vice-versa, nas noctívagas madrugadas das erosias do belo, no crepúsculo romântico da perfeição entre o ato do amor livre e a atitude do amor eivado de verdades e esperanças do ad-vir das deus-itudes e deus-idades da verdade.


Delícia do amor íntimo. Degusto da intimidade sensível do ser-prazer eterno da vida.


(**RIO DE JANEIRO**, 01 DE SETEMBRO DE 2017)


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